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  Aperto o play no rádio da cozinha e uma música animada ecoa

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  Aperto o play no rádio da cozinha e uma música animada ecoa. Deixo meu corpo decidir os movimentos que deve seguir e fecho os olhos, dançando como se estivesse flutuando. Sinto-me em outro mundo quando danço. É como se eu não tivesse mais controle sobre meu corpo, que ele finalmente conseguisse relaxar. Viro-me para a pia repleta de louça, e quando pego a esponja com sabão, minha música preferida começa a tocar como se fosse diretamente para mim.

    Dou um sorriso de orelha a orelha, fecho os olhos e sinto a voz da Sia como se ela estivesse cantando Unstoppable em minha alma. Eu amo essa música, não consigo explicar a força que ela traz em mim. Mexo meu braço e jogo minha cabeça para trás, sentindo meu cabelo sair aos poucos da touca que está nele. Quando finalmente sinto ele cair no chão, me abaixo para pegar e dou de cara com Carolina me encarando com um sorriso genuíno no rosto.

    — Não sabia que dançava tão bem. — ela se aproxima mais.

    Deixo a esponja na pia, me viro totalmente para Carol e coloco novamente a touca na cabeça.

    — Minha mãe me ensinou alguns passos quando eu era pequena, e meu amor pela dança só foi crescendo ainda mais. — abaixo o olhar, sentindo uma tristeza enorme no meu peito. — E...

    Não consigo completar a frase. Sinto tanta falta da minha mãe que chega a doer. Espero que onde ela estiver, que se puder me ver, esteja orgulhosa de mim. Que saiba que fiz tudo, dei tudo de mim para cuidar de Jay. E que não vou desistir tão fácil dele.

    Carolina segura minha mão molhada, mas não parece se importar com isso.

    — Você quer contar o que aconteceu?

    — Não acho que minha história vai te interessar, Carol... — começo, mas ela balança a cabeça negando.

    — Você agora é minha amiga, Sabrina. Pode me contar o que quiser. — diz, me fazendo sorrir.

    Carol tem sido uma companhia maravilhosa nesses últimos dias. Uma semana se passou desde o dia em que ela me encontrou na casa abandonada, mas parece que faz uma eternidade. Já estou me saindo muito bem no emprego, e até fiz um amigo.

    Luke é completamente diferente de mim, mas é uma pessoa muito legal. Ele me ensinou até fazer cookies depois de eu implorar pra ele me mostrar como faz. Vou fazer para Jayden assim que estivermos juntos novamente. Ele vai amar.

    Contei tudo que está acontecendo para Lotte, que ficou super feliz por eu ter conseguido um lugar para morar e um emprego bom. Ela disse que a faculdade não é bem o que ela esperava, mas que está estudando bastante e fez até novos amigos. Fico feliz por ela. Só de saber que minha pequena está conseguindo fazer o que sempre sonhou, minha alegria multiplica.

    Carol continua me encarando, esperançosa. Sei que ela quer que eu conte o que aconteceu; o que uma garota estava fazendo sozinha, sem casa e sem dinheiro jogada em um lugar sujo? Mas não estou pronta ainda para contar. E se ela me julgar? Dizer que o melhor é eu voltar para casa do meu pai?

Borboletas de papelOnde histórias criam vida. Descubra agora