É hoje.
E parece que foi ontem que segurei Emma no colo pela primeira vez, morrendo de medo de deixá-la cair. Eu tinha cinco anos quando minha irmã nasceu, e lembro muito bem do quanto ela era a bebê mais fofa e chorona que tinha visto. E agora, ela vai se casar, vai construir uma família e me encher de sobrinhos com certeza.
E por ela, aguento essa gravata apertada no meu pescoço que quase não me deixa respirar. É idiotice, eu sei, mas preferiria mil vezes minha jaqueta de couro e minha calça jeans em vez desse terno que me faz parecer um pinguim.
Enquanto Sabrina termina de se arrumar, — Carol se enfiou no quarto com ela há mais de duas horas e sei que vai demorar mais duas para que ela esteja finalmente pronta — Jay insistiu para que eu assistisse Toy Story com ele pela segunda vez desde que eles vieram morar aqui.
Ele é ainda mais fofo do que Sabrina mencionou. Jay é educado demais pra idade dele, e além de ser o garotinho mais curioso, é carinhoso demais com a irmã. E sempre soube que Jayden é tudo pra Sabrina. Quero ter a certeza que nunca mais eles passarão por aquela horrível situação de novo. Eu prometi que cuidaria deles. E vou cumprir, nem que para isso dê a minha vida.
Não estou totalmente seguro, a sombra de Hunter ainda paira sobre mim e, cacete, ele pode estar em qualquer lugar agora. Se é que se pode chamar alguém que caiu por nove metros no chão e ainda com um ferimento de bala no pescoço, de vivo.
É por isso que menti para Sabrina ao dizer que Hunter não iria mais ser um empecilho em nossa vida, porque queria que ela se sentisse segura o suficiente para essa nova etapa. Estamos juntos, ela conseguiu a guarda de Jayden e não tem mais com que se preocupar com moradia, porque comprei a casa mais linda da cidade pra ela, e fiz questão que o antigo proprietário pintasse de verde-pistache, para que combinasse com o tom de seu cabelo e trouxesse a essência dela para o lugar.
Além de todos os móveis, utensílios e eletrodomésticos, que fiz questão que fossem novos e de melhor qualidade em todos os cômodos da casa.
É mais do que ela merece depois de tanta dor.
— Titio Dan? — quando ouço Jay, me viro para ele e ergo o olhar. Agora ele me chama assim, e meu Deus, é muito bom ouvir isso desse garotinho.
— O que foi?
Ele endireita seu corpo no sofá, e ergue a tigela em minha direção.
— Acabou a pipoca, pode fazer mais pra gente?
Como não consigo dizer não pra Jay, pego a tigela de suas mãos e me levanto do sofá. Austin continua a assistir o filme, com os olhos vidrados na tela da TV. Tinha feito um pouco de pipoca pra gente antes do filme começar, mas acabou mais cedo do que eu esperava.
— Claro, com cobertura de chocolate dessa vez? — os olhinhos dele brilham quando menciono, e ele balança a cabeça várias vezes.
Quando já estou indo em direção à cozinha, passos na escada me chamam a atenção. Paraliso no mesmo instante, e a tigela escorrega dos meus dedos, indo direto para o chão. Nem me importo em pegá-la, não consigo desviar meus olhos da mulher mais linda que já pisou nesse planeta Terra.
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Borboletas de papel
Romance(+16) Uma coisa que com certeza Sabrina Bailey não tem é sorte. Sua vida está de cabeça para baixo e tudo piora quando ela acidentalmente joga uma rolha de garrafa em sua chefe e, consequentemente, é demitida. Para agravar sua situação, ela quas...