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    Sinto a ardência na palma da minha mão, mas nada se compara à dor que estou sentindo por dentro

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    Sinto a ardência na palma da minha mão, mas nada se compara à dor que estou sentindo por dentro. Como se todas as fibras e cada pedacinho de mim se quebrassem feito vidro. Como se eu não fosse mais nada, como se tudo se dissolvesse em minha frente e virasse um grande nada.

    É isso que sinto quando olho para Dante e a mulher pelada atrás dele. A mulher que ele me jurou não sentir mais nada, mas estava aqui no quarto com ela, com certeza rindo da minha cara enquanto faziam o que bem queriam.

    Como fui trouxa. Como fui otária em pensar que ele me amava de verdade.

    Mas parecia real. Todas as coisas que ele fez por mim, todas as palavras doces que ele dizia ao pé do meu ouvido, todas as promessas, os nossos planos para o futuro.

    Tudo isso se transformou em nada.

    — Sabrina, eu... — Dante diz, mas levanto a minha mão ameaçando dar mais um tapa em seu rosto.

    — Cala a porra da boca! Como você... — me abraço, em uma tentativa falha de me acalmar. Não consigo, olhar pra ele é como se mil flechas estivessem apontadas para mim, prestes a me atingir. — Como você foi capaz de fazer isso comigo? E justo com ela?

    Grace aparece ao lado dele, agora com um lençol ao redor de seu corpo. Um sorriso de canto surge em seus lábios antes dela dizer:

    — E foi como nos velhos tempos.

     A voz dela é a mais doce do mundo, aumentando a vontade que tenho de arrancar seus cabelos até deixá-la careca.

    Mas mesmo ela sendo uma filha da puta, minha raiva por ele é maior.

    Fecho meus punhos, e também os olhos, afastando a vontade que tenho de socar a cara de Dante mil vezes se for preciso, só para que ele sinta o que estou sentindo.

    Mas não acho que isso seja possível.

    Nem mesmo se eu atirasse em seu coração ele iria sentir a dor que estou sentindo agora.

    Dante dá um passo à frente e tenta segurar meu braço, mas lhe dou um empurrão, o jogando para dentro do quarto novamente.

    — Eu não fiz nada com ela, pistache, eu amo você! Ela já estava aqui quando cheguei...

    — Não me chame de Pistache, pelo amor de Deus, para de fingimento! Eu estou vendo, Dante. Ela está pelada no seu quarto, vocês dois juntos aí, acha que sou idiota? — dou uma risada em meio aos soluços. — Acho que sou mesmo. Sou muito imbecil por acreditar que você seria a pessoa perfeita pra mim.

    Meu nariz está escorrendo e meu rosto está encharcado de lágrimas, mas não ligo. E nem mesmo sinto pena quando Dante chora em minha frente e se ajoelha, como se com isso fizesse com que eu acreditasse em suas palavras.

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