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      Faz meia hora que estou rodando com o carro pelas ruas sem saber onde ir, já que a princesinha ao meu lado não quer dizer onde mora

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      Faz meia hora que estou rodando com o carro pelas ruas sem saber onde ir, já que a princesinha ao meu lado não quer dizer onde mora. Não entendo o motivo desse medo todo. É simples, é só me falar onde é que vou levá-la, entrego a caixa e pronto. Mas não, ela sempre tem que complicar as coisas.

    Paro o carro no acostamento e olho para Sabrina. Ela está com os braços cruzados, com todo aquele jeito marrento de sempre. Está agarrada com minha jaqueta, mas nem mesmo quer olhar para mim.

    — Porra, por que tanto medo de me falar onde é sua casa? Não vou te assaltar, nem nada. Até porque eu não preciso disso. — pergunto.

    Sabrina finalmente me encara. Tem uma lágrima escorrendo pelo seu rosto, mas ela passa o antebraço imediatamente.

    — Eu sei que você não precisa disso. Você é rico, nunca passou dificuldade na vida. Não vai me entender...

    — Pode ter certeza que vou. Se você está envolvida com droga, ou essas paradas não preci... — começo a dizer, mas ela me interrompe com uma risada alta em meio aos soluços.

    — Meu Deus! Não é nada disso. Por acaso eu tenho cara de drogada? É só que... — os olhos dela vão para a janela.

    Ergo meu corpo, me aproximando ainda mais dela. Quando toco sua mão, ela se vira completamente para mim. Nossos olhos se encontram, e quando percebo, já estou olhando para seus lábios. Vejo o quanto eles estão trêmulos, e percebo que mesmo com a jaqueta, ela ainda está com frio.

    — Você ainda está tremendo... — toco sua testa, e tomo um susto quando sinto sua pele tão quente. Ela está queimando.

    — Só estou com frio, nada demais — ela fala com a voz trêmula, mas percebo em seu semblante que não é apenas frio. Afinal, sou médico. A sua temperatura, a palidez em sua pele e o jeito sonolento, tudo isso indica que ela não está nada bem.

    — Você está com febre. Está sentindo alguma dor? Que horas você comeu? — começo a fazer as perguntas, querendo examiná-la mais de perto. Mas não posso ser tão invasivo assim. Apesar de que sou além do que posso admitir.

    Sabrina balança a cabeça, tira o cinto de segurança de sua cintura e faz menção de abrir a porta, mas seguro em seu ombro, a fazendo olhar para mim.

    — Me deixe ir, ok? Sei o caminho de casa. Só me devolva a minha caixa de música. Prometo que não vou mais invadir seu espaço e nem o da sua família.

    Balanço a cabeça e não abro a porta. Não vou deixar ela sair assim no meio do nada, no escuro e ainda doente. Posso ser maluco, mas não sou desumano. Ela está sob minha responsabilidade, e vou deixá-la em casa ela querendo ou não.

    — Você está passando mal. Só uma vez na vida para de ser teimosa e me deixa te levar pra casa. — minha voz sai mais alta do que deveria.

    Minha atenção vai para suas pernas inquietas, elas batem contra o tapete do carro com precisão. Está ansiosa, preocupada com algo. Provavelmente tem muito por trás desse medo todo. Só que ela não quer me contar.

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