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    Não consegui dizer nada para Lotte

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    Não consegui dizer nada para Lotte. Simplesmente corri para o meu quarto e me refugiei debaixo do cobertor. Estava em pânico, atordoada demais pensando em inúmeras hipóteses do que pode ou não pode ser. Do que eu vi ou do que imaginei. Mas agora, com a confirmação de Lotte de que ela também viu o que eu vi, não restam mais dúvidas.

    Tem alguém por aí muito parecida comigo, me observando em todos os cantos e, por algum motivo, me colocando medo. Agora só me resta saber quem é essa pessoa.

    — O que minha vida está se tornando? — comento baixinho assim que tiro o cobertor do meu rosto.

    Dou de cara com Pedregulho me encarando. Ele começa a miar e se aproxima de mim, lambendo meu rosto em seguida.

    — Tá com fome, Pê?

     Ele mia como resposta.

    Olho para a porta e sinto uma preguiça gigante de levantar e ir lá embaixo pegar a ração do gatinho, mas tenho que fazer isso. Não posso deixar o coitadinho com fome. Agora ele é minha responsabilidade.

    — Calma que já volto, está bem?

    Ele apenas balança a cabeça, como se tivesse compreendido.

    Me levanto, calçando minha sandália e indo direto para fora do quarto. Desço as escadas quase tropeçando nos degraus, e quando já estou na sala, não vejo mais ninguém no sofá.

    Ouço apenas vozes vindo do jardim. Vozes de Luke e Austin. Por curiosidade, estico minha cabeça devagar até a janela da sala, e no mesmo instante vejo os dois sentados na calçada, conversando.

    — Aquelas pessoas morreram? A polícia vai vir atrás da gente? — o garotinho pergunta com a voz rápida e estridente.

    Uma de suas mãos está no queixo, apoiando sua cabeça. Luke está com o braço em volta das costas dele, mas não consigo ver seu rosto.

    — Não, Austin. Fomos vítimas, não precisa se preocupar. Eles podem nos chamar para depor, mas nada demais. Isso que aconteceu foi um acidente, está bem?

    Meu coração se aperta, e eu abaixo a cabeça. O garoto está tão assustado com tudo, deve nem ter entendido o que aconteceu direito. Isso vai estar sempre nas memórias dele, e com certeza é algo que não é esquecido facilmente.

    — Tá tudo bem?

    Dou um pulo e quase caio para trás quando vejo Carol ao meu lado. Ela está segurando a mochila de Austin em uma mão e com um pote de biscoitos na outra.

    — Acho que sim. Austin está muito preocupado, né? — pergunto, cruzando meus braços e olhando para os dois novamente.

    Carol solta um suspiro longo e repleto de tristeza.

    — Ele está muito assustado, Sabrina. Austin sempre teve medo de tudo, mas tudo que ele viu foi demais para a cabecinha dele. — ela olha para baixo, e eu logo coloco minha mão em seu ombro. — Por isso pedi para Luke deixar Austin na casa dele por uns dias. Austin adora o Luke, e isso vai ser bom para ele.

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