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   Assim que chego no imenso jardim, me sinto como um peixe fora da água

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   Assim que chego no imenso jardim, me sinto como um peixe fora da água. Coloco a mão no peito e tento respirar normalmente, mas não consigo. O ar simplesmente não chega aos meus pulmões e a dor se intensifica cada vez mais, até que sinto a minha visão embaçar de uma maneira que nunca aconteceu antes.

    Cambaleio para o lado, sentindo a fraqueza tomar conta do meu corpo. Ao mesmo tempo, sinto as lágrimas caírem, mas não me importo mais. O que mais queria agora é que essa dor parasse, mas acho que não vai passar nunca.

    Fecho os olhos. Cenas da humilhação que passei lá dentro insistem em passar pela minha cabeça. Aquela mulher me vendo, me reconhecendo e simplesmente jogando aquele líquido frio em cima de mim.

    Como se eu fosse um nada, como se não fosse digna de estar ali.

    Quando acho que finalmente vou cair, sinto mãos pela minha cintura me erguendo com toda força. O cheiro familiar surge. Não preciso abrir os olhos para saber que ele está aqui. O filho dela.

    — Você está tremendo... — ele diz com a voz rouca quando enfim tomo coragem de abrir os olhos.

    Sinto algo estranho quando vejo o rosto de Dante tão próximo ao meu. Ele ainda está me segurando como se sua vida dependesse disso. Não entendo o motivo dele ter vindo atrás de mim. Não gostamos um do outro, muito menos somos amigos. E agora descubro que a mãe dele é dona disso tudo: Dessa imensa casa; do restaurante; que acabou de me fazer sentir um lixo em frente a tantas pessoas só para se mostrar superior.

    Afasto ele com as mãos, mas é em vão. Parece que não fiz esforço algum, já que ele continua a me segurar. Inesperadamente, ele tira a jaqueta preta que está vestindo e coloca em volta dos meus braços.

    — Vai embora... — peço, mas quase não consigo ouvir o som da minha voz.

    Dante balança a cabeça.

    — Vou te levar pra casa, ok?

    Assim que o ouço, arregalo os olhos e me esforço para sair de seus braços. Ele me encara, assustado.

    — Não quero nada vindo de você. Não precisa sentir pena de mim pelo que sua 'mamãezinha' fez. — digo e dou meia volta, tirando forças de onde nem sei para conseguir caminhar sem cair.

    Meus olhos querem fechar sozinhos, mas forço eles a ficarem abertos. Não posso deixar essa fraqueza tomar conta de mim, tenho que permanecer forte. Por mim e pelo Jay.

    — Não tenho culpa do que minha mãe faz. Para de ser teimosa e deixa eu te levar pra casa. — sinto sua mão fria tocar o meu braço e sinto um arrepio em toda minha pele.

    Por que ele não vai embora? Por que insiste em tentar me ajudar mesmo sabendo que repudio a sua ajuda? A última pessoa que queria ver agora é ele.

Borboletas de papelOnde histórias criam vida. Descubra agora