— Posso abrir os olhos? — Pergunto assim que paramos de caminhar. Dante está com as mãos cobrindo minha visão, mas consigo sentir o lugar onde estamos.
A areia sob meus pés, tão macia e quente que traz uma sensação nova e ao mesmo tempo libertadora. A brisa fria e úmida sobre meu rosto; o som da água indo e vindo; e a calmaria que a cidade com certeza não tem. Isso tudo e mais um pouco me faz concluir que estou no lugar que sempre sonhei em estar um dia: a praia.
Desde que me entendo por gente, meu desejo era esse. Conhecer o mar, sentir as ondas sobre meus pés e poder correr na areia, sentir a liberdade.
Mas nunca tive essa oportunidade.
Minha mãe sempre falava que iria me levar, que estávamos sem dinheiro para o ônibus. E nunca estivemos tão bem financeiramente para simplesmente decidir fazer um passeio assim. A praia mais próxima fica a algumas horas de distância de Settlement, e para isso teríamos que tirar um dia para vir, pagar passagens e tudo mais.
Meu pai nunca ficava em um emprego e sempre vivíamos com as contas atrasadas. Minha mãe não trabalhava desde que largou o balé, sempre quis ficar em casa para cuidar de mim. E com isso, nossos únicos passeios eram até o rio da cidade, para fazer um piquenique ou pescar.
Só que isso não era o suficiente para mim. Nunca esqueci o mar, e só de imaginar que quando eu abrir os olhos, vou estar bem diante dele, sinto como se eu fosse explodir de tanta felicidade.
— Só mais um pouco... — Dante diz, e começa a me guiar até que paramos de andar novamente. Posso sentir meus pés submersos em algo frio. A sensação é prazerosa e respiro fundo para deixar registrado para sempre em minhas memórias. — Pronto.
Ele tira as mãos do meu rosto e não espero nem mais um segundo para abrir meus olhos. Imediatamente levo minha mão à boca e sinto a emoção tomar conta.
— Meu Deus! É lindo demais! — olho para frente e vejo uma imensidão de águas em um tom forte de azul. O brilho da lua bate no oceano, deixando tudo ainda mais incrível de se admirar.
Parece que estou sonhando acordada.
— Você falou o quanto queria conhecer o mar... Achei que seria uma boa te trazer aqui. — Dante coloca as mãos em volta da minha cintura, deixando seu corpo colado ao meu.
Me viro para ele com um sorriso de orelha a orelha.
— Uma boa? É maravilhoso, Dante. Sério, você não sabe o quanto desejei estar aqui agora. É tão lindo, que nem acredito que fiquei tanto tempo assim sem tocar meus pés na areia.
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Borboletas de papel
Romance(+16) Uma coisa que com certeza Sabrina Bailey não tem é sorte. Sua vida está de cabeça para baixo e tudo piora quando ela acidentalmente joga uma rolha de garrafa em sua chefe e, consequentemente, é demitida. Para agravar sua situação, ela quas...