Borboletas de papel

35.

    Uma multidão se forma ao nosso redor. Minha moto está no chão e minha cabeça dói, mas tudo isso perde a importância assim que vejo Sabrina caída ao lado do capacete que conseguiu sair da minha cabeça com o impacto. Não sei o que aconteceu, só me vi sendo puxado e quando percebi, já tinha perdido totalmente o controle da moto. Por um momento tive a sensação de que foi a própria Sabrina que me puxou, mas não faz sentido nenhum ela ter feito isso.

    Mas ela era a única capaz de me puxar.

    Sentindo meu coração acelerado no peito, não perco nem mais um segundo e a pego em meus braços, tirando-a do chão. Olho por toda parte em seu corpo, para procurar algum ferimento mais grave, mas só encontro um pequeno corte em seu braço e um arranhão em sua testa. Se tivesse acontecido algo mais grave com ela, nunca iria me perdoar. Fui eu que a coloquei nessa situação, eu que a convidei para esse lugar.

    Eu que a coloquei em perigo.

    Mas não vi nenhuma outra oportunidade para que ela conhecesse meu mundo a não ser essa.

    E pensar que dias atrás nem sequer queria que isso acontecesse...

    — Saiam da frente, porra! — grito quando tento abrir espaço em meio às pessoas.

    Sabrina respira levemente em meus braços, e sinto a frieza em seu corpo quando minha pele toca a sua. Preciso tirá-la daqui, levá-la para um lugar seguro onde eu possa cuidar dessa ferida.

    Jade aparece em minha frente e levanta o braço, me mostrando uma chave em sua mão.

    — Tome, é a chave da Van. Lagosta mandou você tomar cuidado com ela. — ela me entrega a chave e olha de relance para Sabrina. — Foi por culpa dela que perdemos a corrida, agora Hunter vai poder fazer o que quiser com nosso lado da cidade. Você tem ideia disso?

    Fecho os olhos com força, sentindo uma dor na garganta quando respiro fundo.

    — O que você está insinuando, Jade? Que Sabrina armou todo esse acidente, se machucou só para Hunter ganhar? — ranjo os dentes. — se for pra falar merda, nem abre a boca, ok?

    Ela levanta as mãos pra cima, indicando rendição.

    — Ui, não tá mais aqui quem falou. Só tô dizendo que se não fosse por ela, você teria ganhado. Mas se agora ela é sua protegida, não vou mais dar minha opinião.

    O olhar de Jade vai até o outro lado da estrada, e logo escuto palmas e gritos eufóricos. Nem perco meu tempo olhando, já sei que é Hunter se gabando por ter ganhado. Ou melhor, roubado. Pois algo dentro de mim diz que ele tem algo a ver com o que aconteceu. Não iríamos cair daquela moto à toa, algo aconteceu.

    E eu vou descobrir o que foi.