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    Nunca vi tanta dor em toda a minha vida

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    Nunca vi tanta dor em toda a minha vida.

    Pessoas correm desesperadas para todos os lados, implorando por socorro, por ajuda. Alguns estão feridos, outros deitados na calçada, mal conseguindo respirar.

    É um verdadeiro horror.

    Minhas pernas fraquejam assim que consigo sair do teatro. A multidão à minha volta me impede de enxergar o que tanto procuro: meus amigos, a Carol, o Austin. Não sei onde eles estão e o medo de ainda estarem lá dentro é imenso.

    O teatro está coberto por chamas. Tudo se transformou em destroços e ruínas. Juntamente com meu sonho, e tudo que idealizei por tanto tempo caso ganhasse o concurso. Mas isso é o que menos importa agora. Várias pessoas ainda estão lá, implorando para que sejam salvas. Torcendo para que alguém apareça e as tire daquele lugar.

    É desesperador. E eu sei bem como é isso.  Quando estava lá dentro, quando vi toda aquela gente correndo e o fogo se alastrando, pensei que nunca iria sair, que meu fim seria ali: O fogo queimando a minha pele, a falta de ar e toda a fumaça consumindo cada parte de mim.

    Sabia que não conseguiria sair dali, parecia impossível com tantas pessoas ao mesmo tempo indo para uma única direção. Mas por sorte, ou talvez um milagre, consegui abrir caminho e sair bem no momento em que parte do teto se cedeu.

    Sinto uma dor nas costas e meus olhos marejam, mesmo assim olho em volta à procura de alguém familiar.

    Não encontro, mas um garotinho deitado em uma maca me chama a atenção. A princípio pensei que seria Austin, e logo meu coração acelerou. Mas assim que cheguei um pouco mais perto, vi que estava enganada.

    Ele olha para o socorrista e pergunta:

    — Você viu minha mamãe?

    O garoto está com a perna machucada e com um ferimento na cabeça, mas não parece ser grave.  Ele deve estar se sentindo tão mal, tão sozinho.

    Observo a cena, parada no meio da calçada, sentindo uma dor no peito ao ver o socorrista sorrir como se não soubesse achar as palavras certas para dizer.

    — Infelizmente não, garotão. Mas não se preocupe, ouviu? Vamos encontrá-la. — ele garante, arrancando um sorriso do garoto.

    Paro de prestar atenção assim que alguém esbarra em mim, levanto a mão para pedir desculpas, mas a pessoa simplesmente ignora, atravessando a calçada até a ambulância.

    Ando até a parte mais vazia da avenida. O teatro fica no centro da cidade, bem próximo ao hospital público, o que facilitou o socorro chegar mais rápido. Nem consigo imaginar a tragédia que seria caso isso fosse o contrário.

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