Borboletas de papel

22.

    Meus olhos simplesmente não conseguem parar de olhar para ela. Mesmo com um uniforme nada bonito e brega pra caramba, ela consegue ficar linda. Não consigo negar que a garota à minha frente parece uma obra de arte recém-pintada. É engraçado, parece que Sabrina sempre aparece nos momentos mais aleatórios. Não sei se gosto disso ou não. Afinal, Sabrina com certeza não gosta de mim.

  E não é para menos. Eu quase atropelei a coitada e ainda neguei isso, como se não tivesse feito nada. Mas tenho que confessar que o jeito como ela me respondia, o biquinho que fazia de raiva e a forma como queria me evitar a todo custo, é o que me deixava ainda mais intrigado por essa garota.

    — Vai ficar parado na minha frente? — ela diz depois de longos segundos em silêncio.

Dou um passo para a esquerda, deixando um espaço para que ela possa passar. Mas não é isso que ela faz de imediato. Primeiro, me olha de cima a baixo como se eu fosse um doce na vitrine.

    — Nem vou perguntar o que você está fazendo aqui, Pistache — digo, chamando-a pelo apelido que pensei assim que vi seu cabelo verde.

Ela franze a testa, com certeza intrigada com o que a chamei. Mas não me importo. Volto para o mesmo lugar, já que ela nem sequer se mexeu para ir embora.

    Sabrina suspira fundo, revirando os olhos em seguida.

    — Acho que você não é cego.

    — Não mesmo. — mordo meu lábio inferior e retribuo o olhar que ela me lançou. Olhando desde seus tênis pretos até os seus cabelos verdes presos em um coque.

Ela vira a cabeça, como se estivesse incomodada com a minha presença. Será que está? Será que eu incomodo Sabrina tanto assim para que ela queira estar em outro ambiente?

    — Olha, estou cheia de coisas pra fazer e, se você não se tocou até agora, tenho uma bandeja cheia de bebida pra distribuir. — mesmo comigo no caminho, ela desvia e consegue sair rumo ao salão.

    Deixo um sorriso sair da minha boca. Essa festa está ainda mais emocionante do que pensei que seria.