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    Coloco dois pães na torradeira e termino de arrumar a casa, que estava uma verdadeira bagunça por causa da noite passada

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    Coloco dois pães na torradeira e termino de arrumar a casa, que estava uma verdadeira bagunça por causa da noite passada. Meu pai quebrou vários pratos, xícaras e ainda por cima conseguiu quebrar a TV que comprei mês passado.

    Jay me pediu tanto e quando finalmente consegui comprar, meu pai faz isso. Eu às vezes me pergunto como ainda não fui embora com o Jay. Seria tão mais fácil só nós dois.

    Mas eu não posso, essa é a questão. Eu não tenho a guarda do Jayden, meu pai tem. Ele é o pai, e por mais que eu seja a irmã mais velha, teria que ter uma casa, uma estrutura para cuidar do Jay. E essa casa não é minha.

    — Jay, você já escovou os dentes? — grito enquanto coloco o café da manhã dele na mesa: torrada com geleia de morango e chocolate quente. O preferido dele.

    — Espera, Bina, já vou!

    Dou um sorriso. Ele que faz minha vida ter um sentido, um propósito. Desde que minha mãe morreu, me apeguei ainda mais no Jay. Ele é como se fosse um filho pra mim. Ele é minha felicidade, a pessoa mais importante da minha vida. E eu faria de tudo por ele. De tudo.

    — Não podemos nos atrasar. — aviso e quando vou me sentar à mesa, meu celular vibra em meu bolso.

    Deve ser minha carona de sempre. Minha melhor amiga com alguns parafusos a menos.

    — Bom dia, meu raio de sol, luz da minha vida todinha. Dormiu bem?  — Charlotte berra no meu ouvido quando eu atendo a ligação.

    Ela é sempre assim. Animada e de bem com a vida. Às vezes até demais. Nem sei como conseguimos nos dar bem, nós duas somos o próprio yin e yang.

    — Está animada hoje, o que aconteceu?

    — Já tô chegando, te explico tudo daqui a pouquinho. Beijo!

    E ela desliga sem dar mais explicações.

    Deixo um sorriso escapar e coloco meu celular na mesa. Preciso de um café se não vou cair no meio daquele restaurante.

    — Onde estão o controle da TV, Sabrina?! — me viro assustada quando ouço a voz estridente do meu pai.

    Ele está de pé, em frente à TV que ele mesmo quebrou ontem. A tela está com um rachado enorme, mas acho que ainda funciona. Meu pai olha pra mim como se fosse eu a causadora do estrago. Me esforço muito para não dizer muitas verdades na cara dele, mas sei que não vai valer a pena. Ele nem vai me escutar.

    — Não sei.

    — Pois venha procurar então. E traga o meu café, minha cabeça está explodindo. — e ele deita na sua poltrona como se nada tivesse acontecido.

    Não sei se dormiu depois do que aconteceu, mas quando levantei da cama ele já não estava mais na sala. Ele gasta todo o dinheiro que ganha com as bebidas, bebe e depois faz seu showzinho. E isso toda vizinhança escuta, já não é mais novidade. A assistente social já veio aqui umas três vezes questionando sobre a vida em que levamos com o Jay. Graças a mim, sempre quando eles chegam a casa está impecável e não tem nada para reclamarem, mas sei que se meu pai continuar bebendo desse jeito, não vai demorar muito para que levem Jay de mim.

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