A chegada do estranho

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Poucas pessoas sobreviveram a epidemia, perdi minha família inteira por causa desta maldita doença! Alguns foram assassinados, como minha mãe e meu irmão, e outros cometeram suicídio, como meu pai.
Eu estava afogada em meus pensamentos, escondida em meu abrigo escuro, não posso deixar nenhuma vela acesa, porque se alguém ver este lugar posso me considerar morta.
Escuto um barulho de panelas caindo, vindo da cozinha, pego minha lanterna e uma faca e vou até a porta da cozinha, ligo a lanterna e entro, vejo um cara bem perto do fogão, ele parece ter mais ou menos a minha idade.
Quando ele percebeu a luz da lanterna olhou para mim e levantou as duas mãos.
Ele falou:- Por favor não me machuca! Eu só estava com fome.
Eu disse em tom ameaçador:- Quem é você e como achou este lugar?
- Meu nome é Aaron Rogers, tenho 18 anos, eu estava andando e percebi que aqui era uma casa, pensei que estivesse abandonada então entrei.
Eu larguei a faca no chão e me aproximei dele.
- Está doente? Pergunto em um tom mais calmo. - Não.
- Tem certeza?
- Não tenho contato com sangue desde que a epidemia começou.
Eu o observo desconfiada até que ele diz: - Deveria procurar um lugar melhor para se esconder, essa casa está muito visível, tenho um abrigo subterrâneo e posso te levar até lá se você quiser.
- Se tem um abrigo, por que veio para esta casa?
- Eu estava procurando comida.
Ele olha para baixo tristemente, o que me faz sentir mal, então pego uma maçã e dou pra ele, ele pega da minha mão e agradece, depois come como se não tivesse comido nada há dias.
- Há quanto tempo você não come?
- Dois dias.
- Caramba.
- Como consegue comida?
- Aqui perto de casa tem árvores frutíferas e pego a minha comida de lá.
- Você tem sorte.
- Não é sorte, é estratégia.
Ele ficou parado em silêncio.
- Acho que você não terá condições de ir para o seu abrigo subterrâneo agora, está escuro e pelo que eu sei de noite vagam muitos maníacos por aí.
- Está propondo que eu fique aqui?
- Sim.
Ele sorriu e me abraçou.
- Muito obrigado!
Eu empurrei ele.
- Sem exagero, tá legal?
- Tá, desculpa.
- Desculpas aceitas.
Eu o conduzi até o único quarto que tinha na casa, era pequeno mas dava, só tinha uma cama. Ele olhou para o quarto e disse:- Onde eu vou dormir?
- Na cama.
- Mas e você?
- Eu dou meu jeito, ok?
- Ok.
Ele se deitou na cama e se embrulhou com um cobertor, eu peguei outro, me enrolei e sentei no canto do quarto, eu não iria dormir, ainda não confiava completamente nele para ter a paz de dormir tranquilamente em mesmo ambiente que ele. Escuto ele dizer:- A propósito qual o seu nome?
- Kimberly Sparks
- Ok, boa noite Kim.
O jeito que ele me chamou de "Kim" trouxe várias memórias da minha família, eles costumavam me chamar assim, fazia muito tempo que eu não era chamada assim e o prazer de ser chamada de "Kim" de novo é muito grande.
- Boa noite Aaron.

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora