Eu já havia andado tanto que nem conseguia sentir meus pés, finalmente havíamos conseguido sair da cidade. Estava com fome, sede, sono, calor, tudo o que eu queria era um descanso.
Olhei para Patrick, ele parecia estar quase desmaiando.
- Pat, tá tudo bem?- sussurrei.
Ele apenas balançou a cabeça negativamente.
Continuamos andando, sempre em linha reta, olhei para Snake, ele estava de mãos dadas com Kindness, Archer já havia acordado há um tempo, tinha dificuldade para andar por causa do pé machucado.
- Eu não tô aguentando mais Kim.
- Você precisa aguentar.
- É nessas horas que dá vontade de morrer logo.
- Não diga isso, você é meu melhor amigo, se você morrer como eu vou ficar?
Ele ficou quieto.
- É assim que você tem que pensar antes de fazer qualquer coisa contra si mesmo, entende?
- Você é a única.
- A única que o que?
- Que conseguiu ficar ao meu lado por tanto tempo depois da morte da minha mãe, você é a única que me entende, a única que consegue me fazer rir de verdade. Obrigado por ser tudo isso para mim, mesmo sabendo que quando nos conhecemos fui um idiota com você.
- Você nunca foi um idiota, você só tem medo de ser gentil com as pessoas, acha que elas mordem?- Pergunto irônicamente.
- Se forem iguais a você provavelmente sim.- ele diz sorrindo.
- Isso porque você ainda não me viu com raiva.
- Se for para te deixar com raiva, saiba que não vai acontecer, agora se eu te ver com raiva, vejo o que posso fazer para te ajudar.
Eu dou um sorriso e logo vejo um vulto entre as árvores depois escuto barulho de passos.
- Pat, ouviu isso?
- Ouvi.
- Será que estão nos seguindo?
- Quem?
- Os maníacos.
- Claro que não, não tem a menor possibilidade de...
Escutamos um barulho e uma árvore cai na frente da fila bloqueando a passagem.
- Jura?
- Tá você estava certa eu estava errado mais uma vez.
Vemos outra árvore cair atrás da fila.
- Querem cercar a gente.
- Tem alguma probabilidade de sairmos vivos dessa?
- É pequena, talvez 2%, mas no nosso caso já é alguma coisa.
Outra árvore caiu na lateral direita.
Corri até o Líder.
- O que vamos fazer?
- Estava pensando em escalarmos as árvores mas alguns aqui não podem fazer isso.
- Então podemos ir pela lateral direita, querem nos cercar mas não vão conseguir se corrermos.
- Obrigado pela dica, minha filha. Todos pela lateral esquerda!
Ele foi obedecido quase de imediato e a outra árvore começou a cair a fila inteira passou, eu tropeçei em uma pedra e a árvore caiu a centímetros de distância de mim.
- Ah droga...
Peguei duas facas e começei a escalar o tronco da árvore para conseguir ir para o outro lado, estava quase conseguindo quando alguma coisa agarrou meu pé.
- Volta aqui!
Olhei para baixo e vi um maníaco, tentei não me desesperar, consegui dar um chute na cara dele e ele caiu, só que deixou um arranhão na minha perna.
Passei para o outro lado e caí no chão.
- Kim?!- Patrick veio em minha direção.
- Tá tudo bem?!
- Sim, um deles só me arranhou.
Mostrei o arranhão para ele.
- Tá...nada que possa fazer com que vire uma maníaca.
- Sei disso mas me preocupo.
- Não tem com o que se preocupar.
- Está dizendo isso para uma garota, sendo que estamos no meio de uma situação de catástrofe mundial.
- Às vezes me esqueço um pouco disso quando estou com você.
Começei a andar porque vi que a fila já havia começado a se movimentar.
- Fico feliz que goste da minha companhia, é muito reconfortante, obrigada.
- De nada.
- Agora, fugindo um pouco desse assunto, percebi uma coisa.
- O que?
- Você é meio desligado, não olha em volta e não prestou atenção no que estava acontecendo, tanto que achou que não estávamos sendo seguidos por eles.
- É bem difícil se concentrar com alguma coisa quando se tem várias coisas para pensar.
- Acho que deveria começar a dar atenção especial ao que é mais importante.
- Não sabe o que se passa na minha mente, se soubesse provavelmente saberia que tudo isso não é o mais importante para mim.
- E o que é mais importante do que a contaminação da morbo?
- Não interessa.
- Aí, só fiz uma pergunta, poderia responder de um jeito não tão rude por favor?
- Eu já respondi, e respondi que não interessa.
- Impressionante como você é estúpido.
- Sabe que fica linda quando fica brava não sabe?- Ele disse sarcasticamente.
- Seu método burro de sempre usar bajulação para conseguir me fazer ficar feliz não vai mais funcionar.
- Ah não?
- Não.
Ele me deu um abraço bem apertado.
- Então talvez te abraçar te faça calar a boca.
Empurrei ele.
- Pode até me fazer calar a boca mas ainda continuo brava.- Eu disse tentando irritá-lo.
- Porque você é chata.
- Chata? Nunca. Digamos que só sou um pouco...
"Droga, o que eu sou mesmo?" Pensei.
- É, você tem razão, você não é chata, você é extremamente reclamona, e isso é o que te torna chata.
- Diz isso porque não se cansa de ser babaca.
- Antes um babaca engraçado do que uma chata sem graça.
- Se sou tão sem graça assim deveria arranjar outra garota para ser sua amiga.
- Você é sem graça, mas tem um imã em você que atrai as pessoas para conversarem com você.
- É a desculpa mais ridícula que já ouvi em toda a minha vida!- Começei a rir e ele também riu, parei de rir quando percebi que a fila parou de andar.
- O que será que aconteceu?
- Sei lá, não tenho uma bola de cristal.
- Hunter agora eu tô falando sério.
Vi Kindness vir em nossa direção.
- Gente acho que vocês precisam dar uma olhada naquilo ali.
- Vamos lá.
- Não...eu fico aqui, não quero olhar aquela cena nem mais por um segundo.
- Nossa, calma Kindness, eu e Hunter vamos dar uma olhada.
- Aí por que tenho que te acompanhar sempre?!
- Porque você é meu amigo babaca engraçado.
Pisquei e ele revirou os olhos, ele correu na minha frente para o início da fila.
- Ai meu Deus...
- O que foi Pat?
Olhei para frente e vi o motivo de seu susto.
- Mas o que...
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Diário de uma sobrevivente_Livro 1
Science FictionMeu nome é Kimberly Sparks, tenho apenas dezessete anos e sou uma das poucas sobreviventes a uma epidemia mundial que começou há cinco anos atrás e matou mais da metade da população existente na Terra. O nome científico dado a doença foi "morbonervo...