Eu e a minha mania de lembrar de tudo na hora errada, sempre acontece, involuntariamente ou voluntariamente, acontece.
Deitada na cama, olhos vermelhos de tanto chorar, pensamentos que pareciam pesadelos que talvez nunca fossem embora.
Lá estava eu, a garota que tentou ser forte a todo momento, aquela "barreira" erguida tão dolorosamente finalmente havia desabado, e talvez aquilo fosse mais doloroso do que o próprio tempo perdido para erguê-la.
Archer entrou no quarto e quando me viu arregalou os olhos, ótimo! Agora sim pareço uma idiota! Eu enxuguei as lágrimas o mais rápido que pude.
- Blade... você tá legal?
- Estou.
Dei um sorriso falso para tentar disfarçar minha dor.
- Não, você não está.
Ela fechou a porta.
- Desculpa entrar assim, é que eu queria muito falar com você.
- Se virá com aquele papo de: "Eu sei como se sente e tal" não precisa falar nada.
- Não é bem isso...
Ela se sentou na cama.
- ... Queria só me desculpar, estamos colocando muita pressão em você Blade, e eu sei que tem raiva de nós mas...
- Raiva de vocês?
- É.
- Archer, claro que não.
- Eu achei que...
- Olha desculpa, na verdade eu tenho sido grossa com vocês mas eu prometo que vou tentar me controlar.
- Vou te contar uma coisa, quando cheguei aqui achava este lugar um inferno, desculpe a expressão usada.
- Sério?
- Aham, e eu culpava Snake por estarmos aqui, mas hoje...
Ela sorriu.
-... hoje sinto que aqui é meu lugar, entende?
- Sim.
Snake entrou no quarto, ele me olhava sério, parecia estar muito chateado ou extremamente magoado.
- Irmã, pode sair do quarto, por favor?
- Claro.
Ela saiu do quarto como lhe foi solicitado pelo irmão, e ele me olhava fixamente.
- Devo admitir que estou impressionado.
- Antes de tudo preciso me desculpar Snake, sério eu fui uma estúpida hoje.
- Ainda bem que você reconhece.
- Poxa eu já pedi desculpas tá?
- Não, agora você vai me ouvir, Blade, estamos tentando, de verdade, mas você não dá a mínima.
- Eu prometo que não serei mas tão grossa assim, tá? Só me perdoa.
Ele parou de falar por um tempo e depois respirou fundo.
- Você terá mais uma chance, senão não terei escolha a não ser pedir para que fique no seu próprio estabelecimento.
- Muito obrigada!
Abraçei ele e ele pareceu surpreso, como se fosse completamente imprevisível, bom, para ele deve ser.
- Ah, já ia me esquecendo.
- Do que?
- Hunter está, aí na sala, queria falar com você.
- Tá de brincadeira né?
Ele riu.
- Não.
Eu revirei os olhos e fui até a sala, lá estava Hunter, mas não estava com aquele olhar irônico com que eu o havia conhecido, estava mais sério.
- Oi.
- O que você quer?
- Garotinha, seria melhor se conversásemos em particular.
Eu peguei na mão dele e o levei até o pequeno quintal nos fundos do estabelecimento.
- Tá só estou aqui, porque você é uma garota legal e eu não queria te deixar chateada, desculpa se a primeira impressão que teve de mim não foi das melhores...
Ele colocou as duas mãos nos meus ombros.
-... Mas acredite ou não, estamos no mesmo barco.
- O que você sabe sobre mim?
- Sei que você é uma fora da lei, e precisa de proteção, sabe que quebra regras.
- Está propondo que eu seja sua amiga em troca de segurança.
- Não serei seu amigo, serei um aliado, é diferente.
- Que se...
- Cuidado com as palavras.
- Tá que seja, agora preciso ficar sozinha.
- Lembre-se, somente aliados.
- Tenho certeza de que será somente isso mesmo.
- Ótimo, agora tenho seu consentimento para dar o fora daqui?
Assenti e ele saiu do estabelecimento, eu estava cansada então fui dormir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diário de uma sobrevivente_Livro 1
Ciencia FicciónMeu nome é Kimberly Sparks, tenho apenas dezessete anos e sou uma das poucas sobreviventes a uma epidemia mundial que começou há cinco anos atrás e matou mais da metade da população existente na Terra. O nome científico dado a doença foi "morbonervo...