Andávamos pela clareira em silêncio, estava tudo muito calmo, estranhamente calmo.
De repente Callyssa caiu em um buraco que estava coberto por folhas.
- Cally!- Noah gritou.
- Eu estou bem, não foi nada.
Fui para perto da beira e vi ela sentada no chão, o lugar em que ela tinha caído era cheio de túneis, logo um homem e uma mulher apareceram junto com um grupo de pessoas, estavam armados arco-e-flecha, a mulher e o homem estavam com pistolas.
Noah pegou um revólver e apontou para a mulher que estava na frente.
- Se você atirar, ela morre na sua frente!
- Mark, são humanos.
- Não podemos arriscar como da última vez Rebecca.
A mulher entrou na frente dele.
- Da última vez, o erro foi meu, não me importo em assumir completamente a responsabilidade desta vez também.
Ele respirou fundo e olhou bem para ela.
- Por favor Mark.
- Está bem, se qualquer um de nós morrer por causa do seu erro, a pena será severa.
- Você não tem coragem de me matar.
- Vou fazer o possível para não ser obrigado a fazê-lo.
- Muito bem, já que se acha tão corajoso faça isso agora.
Ela fez ele apontar a pistola para a própria testa.
- Está agindo como uma louca Rebecca.
- A louca pela qual você é apaixonado.- Ela sorriu sarcasticamente.- Podem descer, garanto a vocês que ele não vai atirar.
Vi o homem revirar os olhos e guardar a pistola, todos nós pulamos e descemos.
- Desculpe mas não aprovo o jeito como recebem "visitas".- Callyssa disse se levantando.
- Sinto muito, mas fazemos isto por pura precaução.
- Tá...sou Callyssa King Johnson.
- Meu nome é Rebecca Brown, desculpe os modos do meu noivo.
- Só estava tentando te proteger Becca.
- Sabe que não preciso de tanta proteção assim- Ela deu um beijo da bochecha dele.
- Seu pai estava certo quanto ao seu sarcasmo.
- Ele sempre está certo.- Ela piscou para ele, o que o fez sorrir.
Ela começou a andar um pouco e parou do nada.
- Ah, quase esqueci. Fechem a grade!
Dois homens apertaram alguns botões e uma grade fechou o buraco acima de nós.
- E vocês, sigam-me por favor.
Ela voltou a andar nos guiou até uma praça enorme, aonde tinham várias pessoas.
- Bem vindos ao nosso pequeno lar subterrâneo, cada um de vocês terá um quarto e dividirão ele com um de nossos habitantes, para que socializem melhor.
- Não pretendemos ficar aqui por muito tempo Rebecca.
- Previ que sua estadia poderia ser temporária, então vai ser o seguinte, podem ficar o tempo que quiserem, não temos muitos quartos mas podem dividir com um de nossos habitantes...
- Sem querer interromper ou parecer mal-educada...mas você já falou isso.
- Ah, me desculpe! Só fico muito feliz ao ver pessoas novas.
- Também gosto de fazer amigos.
- Fico feliz que goste de socializar, esse é um de nossos objetivos.
- Quais são os outros?
- Vou explicar, nossos objetivos são: Socialização entre humanos, proteção à nossa espécie, evitar a propagação da doença ao máximo. Estes são nossos objetivos...pelo menos os principais.
- Muito bem.
- Vou te levar até seu quarto.
- Se for pra fazer ela dividir o quarto com alguém, que seja com uma mulher.
- Você e esse seu ciúme idiota Noah- Ela sorriu e deu um beijo nele, ele parecia estar com raiva mas logo se acalmou.
- Por sorte tem alguém com quem ela possa dividir o quarto.
Ela guiou Callyssa até uma porta e bateu nela duas vezes, logo a porta foi aberta.
- Rebecca?- Uma garota morena de cabelos cacheados havia aberto a porta.
- Oi Mia. Quero te apresentar a sua nova colega de quarto temporária: Callyssa King Johnson.
- Olá Callyssa.- Ela estendeu a mão e as duas se cumprimentaram.
- Meu nome é Mia Hernandez, entre, por favor.
Callyssa acenou para se despedir de nós e a maioria fez o mesmo, inclusive eu.
Ela foi nos deixando um por um, em nossas portas, perguntando nossos nomes, mostrando locais como praças, lojas, mercados (me pergunto como conseguiram construir tudo isso no subterrâneo em apenas prováveis cinco anos) no final sobraram só eu, Patrick e Leslie.
- Kimberly Sparks, certo?
- Sim.
Ela me levou até um quarto e bateu na porta, um garoto um pouco mais alto do que eu apareceu e pela cara que fez, deveria estar dormindo.
- O que foi Rebecca?
- Desculpe o incômodo, mas esta garota, Kimberly Sparks vai ficar com você e seu irmão temporariamente.
- Espera aí, a Kim vai ficar com ele?
- Vai sim Patrick Campbell.
- Pat, algum problema?
- Não, sem problemas.
- Ok.
- Meu nome é Jeffrey Moore, entra aí.
Eu obedeci, o quarto estava uma bagunça, tinha outro cara dormindo em uma das camas, a semelhança entre os dois era muito grande.
- Jason, acorda aí otário.
- Vai se catar Jeff!- O outro virou para o lado e continuou dormindo.
Eu ri um pouco da situação, ele olhou seriamente para mim, como se não tivesse gostado da minha ação, então parei de rir.
- Acha que pode chegar assim e bancar a "amiguinha"?
Ele se aproximou um pouco, me afastei e fiquei quieta. Ele começou a rir.
- Eu estou só brincando.
Respirei fundo.
- Você me assustou.
- Que feio Kimberly, mal chegou e a primeira coisa que me diz é: "Você me assustou."?
- Eu não menti, pela sua cara parecia que você ia me bater.
- Foi mal, a última intenção era essa, só quis zoar a novata nos primeiros minutos.
- Bom saber que gosta de brincadeiras, assim posso ser irônica com você sem me preocupar.
- Que seja, preciso acordar aquele idiota ali.
- Tudo bem.
Vi ele encher um balde de água.
- Pra que você...?
- Você verá.- Ele sorriu.
Se aproximou em passos silenciosos do garoto que ainda dormia e jogou a água na cara dele.
- Que merda é essa mano?!?!
Eu não aguentei e dei uma gargalhada, ele ficou com muita raiva, e Jeffrey ria muito dele.
- Eu acabo com você seu idiota!!!
Ele se levantou da cama rapidamente e começou a bater nele.
- Gente, espera aí, sem brigas.- Eu disse meio sem graça.
o outro parou de bater em Jeffrey e olhou para mim desconfiado.
- Quem é ela?
- Ok Jason essa é Kimberly Sparks, nossa nova colega de quarto, e Kimberly, esse é Jason Moore meu irmão gêmeo.
- Sou um minuto mais velho.
- Que se dane cara.
- Tudo bem...o que eu faço?
- O que você quiser Kimberly.
- Por favor, me chama só de Kim, é mais fácil de falar e soa melhor, não?
- Tem razão Kim.
Escutei batidas na porta.
- Eu atendo.- Jason disse.
Ele se dirigiu até a porta e a abriu.
- Oi...eu só vim ver minha amiga, Kimberly.- Reconheci a voz imediatamente.
- Leslie?
Jason saiu da frente da porta e lá estava ela.
- Oi Kim.
Jeffrey começou a olhar fixamente para o rosto dela.
- Ela é sua amiga também Kim?
- É sim.
Ela sorriu.
- Sou Leslie Underwood.
- Jeffrey Moore.
- Posso falar com a Kim? É rápido.
- Claro, eu e Jason vamos dar uma volta.
Ele puxou o irmão pela camisa e saiu do quarto.
- Como está seu colega de quarto novo Lie?
- Ainda não a conheço bem, ela não gosta de falar com quem não tem a mínima idéia de quem seja. Rebecca só me disse que ela se chama Lucinda Hopkins.
- Interessante.
- E os dois?
- São legais, brincalhões e gostam de conversar.
- Aposto que o Patrick está morrendo de ciúmes de você.
- Por que?
- Sei lá, ele pareceu não gostar da idéia de que você fosse dividir o quarto com outros garotos.
- Não, não inventa Leslie, somos apenas amigos.
- Algumas amizades podem resultar em algo mais sério.
- Para Leslie, eu e Pat somos apenas amigos...Além disso eu...
- Você o que?
- Nada, esquece.
- Que seja...na verdade não vim ao seu quarto para bater papo.
- Diga o que quer.
- Só queria que me acompanhasse para conversar com a Cally.
- Para que?
- Quero saber o tempo que ficaremos aqui, caso seja um dia, aproveitarei para descansar bastante, se não for, terei tempo para conhecer melhor o subterrâneo.
- Tudo bem, vou com você.
- Sabia que iria.
Ela sorriu e abriu a porta, saímos do quarto e procuramos o quarto em que Callyssa estava, demoramos dois minutos para acha-lo, quando isso aconteceu, batemos na porta e logo Mia apareceu.
- Olá! Vocês duas devem ser amigas de Callyssa, certo?
- Somos sim.- Respondi.
- Tudo bem, vou avisar que estão aqui.
Ela entrou e pudemos ver Cally lendo um livro, logo que nos viu ela se levantou.
- Oi meninas.
- Oi Cally.- Eu e Leslie dissemos ao mesmo tempo.
- Está tudo bem? Aconteceu algo?
- Tá sim, eu só queria falar com você e a Kim quis vir junto.
- Ah tá, pode falar.
- Por quanto tempo ficaremos aqui?- Ela pensou um pouco.
- Ainda não sei, talvez três dias, o pessoal está cansado e seria hipocrisia se eu pedisse que saíssemos amanhã sabendo que já andamos há dias.
- É...você está certa...- Leslie disse.-...Agora, porque não passeamos por aqui? Aposto que tem muita coisa interessante aqui no subterrâneo.- Ela completou.
- Por mim tudo bem, e por você Kim?
- Por mim também.
- Ok, vamos falar com Rebecca primeiro, ela deve conhecer este lugar como a palma da mão.
- Tudo bem Cally.
- Venham.
Seguimos ela, levamos cinco minutos até que achamos Rebecca...
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Diário de uma sobrevivente_Livro 1
Ficção CientíficaMeu nome é Kimberly Sparks, tenho apenas dezessete anos e sou uma das poucas sobreviventes a uma epidemia mundial que começou há cinco anos atrás e matou mais da metade da população existente na Terra. O nome científico dado a doença foi "morbonervo...