Depois da colheita voltamos para casa com a nossa parte, Archer me entregou outra roupa cinza.
- Vamos comer um pouco e depois vamos para a arena de treinamento.
- O que é isso?
- Um lugar onde você treina de acordo suas habilidades.
- Por que treinamos se somos pacíficos?
- Ainda existem maníacos Blade, e precisa se lembrar, maníacos não são seres humanos então não precisa ter remorso ao matá-los.
- E se você virasse maníaca?
Snake me olhou e pareceu ficar bravo.
- Aí poderia me matar.
Ela me deu uma sacola cheia de facas e saiu do cômodo.
- Blade, somos amigos mas não gostei do que você disse para minha irmã.
- Você fala como se me conhecesse bem.
- Blade eu te conheço.
Eu peguei uma faca e joguei ela, a faca passou do lado dele e ficou cravada na parede.
Snake arregalou os olhos.
- Você está louca?!
Eu continuei séria, sabia que só iria assustar mas não machucaria ele.
- Blade isso é agressivo tá?! Podia ter me ferido de novo!
- Não, não podia, eu calculei antes de jogar a faca, não acertaria.
- Peraí, você quis me acertar quando nos conhecemos?
Eu fechei os olhos para não ver a cara dele, eu tinha me arrependido, mas achei que ele não fosse descobrir.
- Impressionante, e eu achei que você prestasse.
Ele saiu do cômodo e eu fiquei sozinha lá, fui para o meu quarto e deitei na cama vesti a outra roupa, eu precisava relaxar um pouco, ficar só por um tempo.
Pulei a janela e saí andando, eu não tinha idéia de onde era a arena eu só saí como as crianças fugiam de casa antigamente.
Eu estava completamente perdida em meio as ruas de pedra da Cidadela quando vi Kindness conversando com uma garota, ela parecia ser japonesa ou chinesa ou coreana e não americana, mas é humana e precisamos dela de qualquer jeito.
- Kindness.
Ela olhou para mim quase instantaneamente, vi ela fazer um sinal para que a outra garota esperasse, depois disso correu em minha direção.
- Blade, está tudo bem?
- Está eu só queria uma informação.
- Ah tá, diga.
- Aonde é a arena de treinamento?
- Bom, eu não consigo explicar ao certo aonde é, mas sei chegar lá, vou te levar.
- Ok.
Ela chamou a outra garota.
- Blade, esta é China, e China, esta é Blade.
- Prazer em conhecê-la Blade.
- O prazer é todo meu, China.
- Agora que já se conhecem, tenho sua permissão para levá-la até a arena?
- Tem sim.
- Então vamos!
Ela me levou em silêncio até a arena, era enorme, me lembrava o coliseu de Roma.
- Chegamos!
- Muito obrigada Kindness.
- De nada!
Ela disse acenando.
- E, foi muito bom te conhecer China.
- Digo o mesmo.
Kindness e ela acenavam, eu acenei e entrei na arena, estava vazia, nenhum sinal de vida ali dentro, chegava até a dar calafrios porque geralmente quando ficava tudo quieto o lugar estava cheio de maníacos.
Começei a pegar facas e jogar em um alvo feito com madeira, com raiva, era a única coisa que me restava, raiva por perder o Aaron, raiva por ser uma idiota, raiva de ter que bancar a boazinha com pessoas que eu nem conheço!!!
Fiquei pelo menos umas duas horas e meia ou três horas lá, estava tudo tranquilo, até que escutei um barulho vindo de um lugar bem escuro da arena, agarrei a faca com força e a segurei como se não fosse soltar nunca mais.
- Quem está aí?
- Nunca te vi por aqui, garotinha.
E saiu de lá um garoto ruivo de olhos castanhos, era alguns centímetros mais alto, chegava até a ser bonito.
- Não sou uma garotinha! E tenho apelido, sabia?
- Foi mal, sou Hunter.
- Pensei que não podia dizer seu nome.
- Mas não é meu nome.
- Parece um nome.
- Parece mas não é.
- Então é bom de caça?
- Exato.
- Como sabe se um animal tem a morbo ou não?
- É bem simples garotinha, um animal que tem a morbo fica naturalmente muito mais hostil e agressivo, além disso fica muito mais agitado.
- Parabéns, é profissional mesmo.
- Obrigado, mas você ainda não me disse seu apelido.
- Blade.
- Por que "Blade"?
Mostrei a faca para ele.
- Uma faquinha não vai me assustar garotinha.
Joguei a faca do lado dele do mesmo jeito que fiz com Snake mais cedo, fiquei surpresa porque ele não se mexeu.
- Previsível.
Eu franzi as sobrancelhas, estava boquiaberta, sério? O cara é do tipo que não tem medo de nada mesmo?
Ele começou a rir e se aproximou.
- Você é bem ruim de pontaria garotinha.
- Não quis machucar.
- Sei que não, até porque se tivesse machucado...
Ele segurou meu queixo.
-... Provavelmente não estaria viva.
- Você não me entregaria para o Líder.
- Por que acha que não?
- Por que você é fraco!
Agarrei o braço dele e o empurrei fazendo com que se afastasse.
- E não encosta em mim! Não gosto disso.
Ele riu de novo.
- Você fica linda bravinha sabia?
- Não tô bravinha, e para de usar diminutivos quando se referir a mim porque não sou criança.
Eu escuto outra pessoa gritar:- Blade!
Olho imediatamente para trás e vejo o Snake correndo em nossa direção.
- Você está louca? Quer me matar de preocupação?
Archer veio logo atrás dele.
- Não tinha nosso consentimento para sair de casa!
- Não sou criança tá?
- Pelo visto já infringiu uma regra, garotinha.
Olhei para Hunter com raiva, ele só podia estar de sacanagem com a minha cara!!!
- Quer saber? Vão se ferrar!
Eu peguei a sacola com as facas e saí andando.
Escutei Hunter dizer:- Acabou de infringir mais uma regra!
Eu cerrei o punho, não bater naquele babaca iria ser mais difícil do que eu pensei!
Vi Kindness aparecer.
- Foi você que contou aonde eu estava?
- Foi... pro seu bem.
- Olha se você e a gangue ali pudessem parar de encher o saco eu agradeceria muito tá?
- Blade desculpa.
Eu ignorei e fui andando, já sabia como voltar para casa mesmo então simplesmente voltei e fui para o meu quarto, deitei e fechei meus olhos.
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Diário de uma sobrevivente_Livro 1
Ficção CientíficaMeu nome é Kimberly Sparks, tenho apenas dezessete anos e sou uma das poucas sobreviventes a uma epidemia mundial que começou há cinco anos atrás e matou mais da metade da população existente na Terra. O nome científico dado a doença foi "morbonervo...