A descoberta

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Quando acordei estava dentro do carro, o Aaron estava dirigindo, quando percebeu que eu estava acordada, sorriu.
- Bom dia Bela Adormecida.
- Bom dia.
- Você dormiu excessivamente hoje, e eu precisava de mais gasolina então te trouxe para cá.
Esfreguei os olhos ainda sonolenta.
- Que horas são?
Ele olhou o relógio de pulso que tinha.
- São duas horas e quarenta e cinco minutos.
- Tá me zoando né?
- Não.
- Como foi que eu acabei dormindo tanto?
- Eu não sei.
- Por que não me acordou?
- Você dorme como um anjo, é difícil ter a coragem de te acordar.
- Mas você deveria ter coragem para me acordar.
Ele riu e depois olhou para mim.
- Olha Kim, só porque devemos fazer algo, não significa que vamos fazer algo, entendeu?
- Entendi.
Fiquei quieta até chegarmos em casa.
Eu fui direto para o meu quarto, me sentei na cama e fiquei lendo livros, quando parei já estava de noite, é difícil perceber o tempo passar quando se está fazendo alguma coisa que gosta.
Saí do quarto e Aaron estava bebendo água, mas não pouca água como ele costuma beber, ele estava bebendo muita água era estranho, ele bebia como se não tivesse bebido nada há dias, o que não era o caso, tínhamos bastante água, impossível ele ter ficado sem beber nada por dias.
- Tá com sede?
- Muita, não sei porque.
Ele fechou a garrafa que estava vazia e jogou na parede, como se estivesse com raiva de alguma coisa.
- Você tá legal?
Ele começou a rir.
- Você se acha a "dona da razão" não é mesmo?
- O que?
- Isso mesmo que você escutou.
- Aaron, eu não tô entendendo, o que isso tem a ver com o que eu te perguntei?
- Tem simplesmente tudo a ver Kimberly.
- Aaron o que está acontecendo? Você tá muito estranho!
- Eu sei que estou estranho, acha que eu não sei da minha própria vida?
- Espera um pouco...
Ele olhava para mim ferozmente, nunca o tinha visto daquele jeito.
-...Você...Tá doente?
- Demorou quanto tempo para você perceber isso?
- Eu...
- Ah, Kimberly, você é tão ingênua, achou mesmo que iríamos continuar saudáveis para sempre?
- Você mentiu para mim.
Ele riu de um jeito que me assustou mais do que a própria situação.
- Não me culpe, culpe a si mesma, se não fosse tão cega teria percebido e teria caído fora.
- Eu estava cega por sua causa! Acha que eu não teria caído fora no primeiro dia?!
- E por que não foi?
- Porque eu gostei de você, achei que merecia uma chance.
- Exatamente Kimberly, o amor nos destrói, você se condenou no momento em que se apaixonou por mim.
Eu lagrimava muito, tentava segurar as lágrimas com todas as minhas forças possíveis.
- Eu pensei que podia confiar em você, eu amei você, eu mergulhei de cabeça no abismo por sua causa, eu estava completamente cega, mas aí...
Olhei para ele, que continuava sério como se não ligasse para o que eu dizia.
- ...Aí você começou a ficar tão frio e quieto, a ilusão foi acabando aos poucos, mas tudo voltou ontem, a ilusão, os pensamentos bons, tudo, e agora eu sinto que estou conversando com um estranho.
- Você nunca me conheceu Kimberly.
- Eu te conhecia, até você ficar completamente estranho.
- Está me achando estranho?
Eu olhei nos olhos dele, pareciam pegar fogo, tive que desviar o olhar.
- Sim.
- Vou te mostrar o que é realmente estranho.
Ele disse pegando uma faca, arregalei os olhos e começei a dar passos para trás no mesmo momento.
- Aaron...por favor não me machuca.
Ele nem ligou e me empurrou, me fazendo bater a cabeça na parede.
Eu caí no chão e ele iria cravar a faca no meu peito se eu não tivesse segurado e tomado a faca da mão dele.
Chutei ele com toda a força possível, ele caiu no chão e começei a enforca-lo ele estava quase perdendo todo o oxigênio.
- Kim...para...por favor.
Eu ignorei, estava com tanto ódio do que ele tinha feito que não conseguia pensar em outra a coisa a não ser matá-lo.
- Kim... eu te amo.
Eu pensei em tudo, tudo o que tínhamos feito, quando percebi as lágrimas já caíam sob meu rosto.
- Você não é mais o Aaron.
Eu continuei enforcando ele até que ele desmaiou, quando isso aconteceu, começei a chorar, eu chorava tanto que minha visão já estava ficando desfocada.
Mas eu tinha que seguir em frente, era minha única opção.
Peguei a minha mochila e arrumei ela, coloquei maçãs e água lá dentro, depois peguei minha arma, a lanterna e fechei a mochila, eu já estava indo embora quando vi o colar que ele tinha me dado na noite passada, eu olhei para Aaron, respirei fundo e coloquei o colar no pescoço, peguei minha mochila correndo e peguei a chave do carro, saí do abrigo apressada e entrei no carro o mais rápido possível, me certifiquei de que não estava esquecendo nada e dei partida, não sei dirigir direito mas acho que já é o suficiente.
Eu começei a dirigir sem rumo pela floresta, e a última coisa que eu queria era olhar para trás.

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora