Andamos até o final da tarde do dia seguinte, sem dormir, estávamos tão cansados e com tanto medo do pior que até nos esquecemos de nos alimentar, Shadow seguiu Patrick fielmente durante todo o percurso, Olivia estava com as pernas bambas e parecia que ia cair a qualquer momento, Grece carregava Logan no colo, Leslie andava lentamente e de cabeça baixa, Jeff e Jason conversavam um pouco, Cally e Noah estavam de mãos dadas no início da fila, tudo tranquilo e calmo.
Até que Liv caiu no chão.
- Liv!- Corri até ela, e me ajoelhei ao seu lado, a fila inteira parou de andar, a respiração dela estava ofegante.
Grece também veio e colocou Logan no chão ao lado dela.
- Eu não...aguento mais.- Ela fechou os olhos e franziu as sobrancelhas.
- Você precisa aguentar, Liv! Seja forte por favor.
- Não...não dá.
- Olivia tente ficar calma por favor e respire normalmente se puder- Grece disse parecendo completamente familiarizada com esse tipo de situação, comigo era diferente...a agonia causada por vê-la daquele jeito era enorme, era como se ela estivesse sendo sufocada e estava muito suada.
Logo os olhos dela se abriram lentamente.
- Liv?- Logan perguntou.
A cabeça dela caiu para o lado e seus olhos se fecharam.
- Grece o que aconteceu?!
- Calma Kimberly!- Ela pegou o pulso de Olivia e deu um suspiro, parecia aliviada.- Só está desmaiada.
Suspirei aliviada.
- Eu carrego ela.- Fiquei surpresa quando Grece colocou Liv em cima de um de seus ombros.
Continuamos andando normalmente.
Eu estava cansada e não queria mais dar um passo sequer, queria afundar, virar uma poça no chão, cair em algum lugar e descansar, tentar ter pelo menos um pouquinho de paz.
Mas tenho consciência de que se pararmos para descansar neste chão por pelo menos algum tempinho, provavelmente nunca mais veremos a luz do dia novamente.
Sendo essas as circunstâncias decidi fazer silêncio absoluto, para me concentrar completamente no que quero: Permanecer viva e de pé.
Começo a ficar tonta, meu mundo de repente se torna embaçado e não para de girar, literalmente.
Olivia acordou e conseguiu ficar em pé, porém ainda tremia muito.
- Gente precisamos de tochas, temos galhos o suficiente para iluminar bem o grupo inteiro, está escuro, não temos aonde dormir e acreditem, esta noite será a noite em que seus pesadelos mais horríveis com maníacos serão realidade. São sete horas da noite em ponto, passaremos por onze longas horas, esses maníacos são consideravelmente mais estratégicos do que nós, não significa que são mais espertos, lembrem-se, nós somos os humanos aqui! E eles não vão conseguir tirar mais uma vida sequer de nosso grupo! Não esta noite.- Cally disse enquanto passava galhos para as pessoas presentes, ela pegou uma caixinha de fósforos e acendeu um deles, colocou fogo na ponta do primeiro galho e o segurou com toda a força possível.- Eu já me cansei de ver tantos de nós sendo mortos por esses maníacos, agora é a nossa vez de mostrar que não temos medo do que podem fazer conosco! E se algum de nós morrer hoje, morrerá com a honra merecida por lutar pelo futuro da espécie humana!
"Futuro"...engraçado Cally falar sobre isso, pensei que ela já soubesse que nós não teremos um "futuro", por mais que seja bem difícil de aceitar, esta é nossa realidade, nosso "futuro" já está definido: "Morte".
O barulho dos grilos me dava agonia, peguei meu revólver e iluminei a tocha, eu ouvia sussurros, murmúrios, gritos longe de nós, esqueci completamente o cansaço, o instinto de sobrevivência foi a única coisa que me restou.
Vi vultos e alguns maníacos aparecem ao lado da fila, começamos a atirar, um deles puxou o pé de Lucinda e começou a arrastá-la, tentei atirar mais fui empurrada, dei um chute na cara do maníaco e um tiro no mesmo lugar, a tocha fez um pequeno pedaço de grama pegar fogo e o fogo foi se espalhando.
Assim que me levantei um deles atirou uma flecha no meu braço (minha sorte foi sem dúvida o fato do maníaco ser ruim de pontaria) eu atirei nele logo depois e ele atirou outra flecha antes de cair no chão, esta passou de raspão no meu ombro.
Um dos maníacos na minha frente deu um soco na cara de Patrick, fazendo seu nariz sangrar e fez com que sua arma caísse no chão, tenho certeza absoluta de que Pat ficou com muito ódio, pois assim que levantou ergueu ele no ar e jogou ele contra outro maníaco, depois atirou nos dois e em outro que perseguia Lucinda.
- Obrigada Patrick!
- De nada Lucinda.
Ela olhou para cima e começou a atirar em alguns maníacos que pulavam por cima das árvores, quando terminou cravou uma faca no peito de um maníaco que vinha atrás dela e o chutou.
Jeff atirava em qualquer maníaco que chegasse perto dele, de Jason ou de Leslie.
Corríamos e tínhamos que matar muitos maníacos.
O fogo se espalhou demais por causa da vegetação favorável e do vento, alguns dos maníacos se queimavam tentando nos matar (sem sucesso).
Algum maníaco me agarrou pelas costas e estava prestes a me jogar no fogo quando alguém nos empurrou.
- Grece?- Perguntei surpresa e me levantando rapidamente.
- Só corre, eu me viro sozinha!- Ela atirou no maníaco.
Corremos mais um pouco, um dos maníacos agarrou Lucinda e pegou uma faca, escutamos um barulho e olhamos, vimos um carro dirigindo, Leslie puxou as mãos de Lucinda, o carro atropelou o maníaco, passou pelo fogo, vi alguém pular do carro antes que ele batesse em uma árvore e ficasse completamente em chamas, percebi que era o Jason.
- Jeff!
- Que foi mano?!
- Corre! Vai explodir!
Quando eu e Patrick escutamos aquilo corremos mas dois maníacos pegaram meus braços Liv pegou o pé de um deles e o puxou para que ele me soltasse e isso realmente aconteceu.
O resto da fila corria muito.
Um dos maníacos que ainda me segurava pegou uma adaga e apontou para a minha garganta, assim que Patrick viu atirou no maníaco, eu já tinha me libertado e começei a correr.
Liv e Logan ainda estavam lá atrás então voltei correndo para pegá-los e voltei o mais rápido que pude, escutei o barulho da explosão e me abaixei...
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Diário de uma sobrevivente_Livro 1
Science FictionMeu nome é Kimberly Sparks, tenho apenas dezessete anos e sou uma das poucas sobreviventes a uma epidemia mundial que começou há cinco anos atrás e matou mais da metade da população existente na Terra. O nome científico dado a doença foi "morbonervo...