A invasora

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Eu acordei, tinha a impressão de estar sendo observada mas não era exatamente o que eu estava pensando, Aaron já estava acordado e parecia estar bem disposto.
- Bom dia Kim. Ele disse enquanto comia uma maçã.
- Bom dia.
Começamos a conversar, até que uma hora fiquei em silêncio, eu estava pensando, Aaron é divertido, meio tagarela e bem irônico às vezes, mas não gosto da companhia dele por causa disso, gosto da companhia dele porque mesmo no meio de tudo o que está se passando e até o que já passou, ele me faz sentir como se eu fosse uma adolescente normal, e provavelmente eu seria se a epidemia não tivesse infectado mais da metade da população mundial.
Vi o Aaron sorrir e dizer:- Você é daquelas que pensa muito não é?
- Talvez.
- Não, não existe "talvez", existe "sim" e "não".
- Tá, então, eu penso exageradamente a maior parte do tempo, assim está bom para você?
- Mil vezes melhor.
Ele riu e eu disse:- Você se acha demais sabia?
- Eu?
- Sim, você.
- Falou a garota que anda com revólver só de enfeite.
Ele deu uma piscadinha ao dizer isso.
- Para sua informação, eu não tenho tempo para "cursos de tiro" ando armada por questão de sobrevivência, sei o básico e já é suficiente!
- Bom argumento.
- Te deixei sem resposta?
- Bom... acho que sim.
Eu ri de como ele falou.
- Você só acha
- É, só acho.
Nós dois rimos e continuamos conversando, talvez por horas esquecidas, até que escutamos um estrondo vindo de outro cômodo, ele se repetia constantemente.
- Uma boa hora para pegar o revólver? Perguntei.
- Com certeza.
Pegamos nossas armas e abrimos a porta bem devagar, deixando uma brecha para vermos o que estava acontecendo, vimos uma mulher perto da escada por onde entramos e saímos do abrigo.
Ela bate a cabeça na parede repetidamente, com certeza está doente.
- Como ela entrou aqui? Sussurei.
- Acho que esqueci de trancar a escotilha quando voltei para cá hoje de manhã.
Nós abrimos a porta completamente, e andamos em direção a ela em passos leves, notei que ela estava com uma faca na mão, a tensão tomou conta de mim, meu coração acelerou, essas coisas me assustam mais do que a idéia de morrer algum dia.
Eu fiquei atrás dela e Aaron estava praticamente do meu lado, aponto a arma para ela, de repente ela se virou e sem hesitação alguma pulou em cima de mim, cravou a faca na minha perna, eu dei um grito de dor, vi o Aaron com uma panela na mão, ele bateu na cabeça dela com a panela, fazendo-a desmaiar e cair no chão, ele disparou cinco tiros no peito e na cabeça dela.
- Kim!
Ele disse se aproximando.
Eu quase não conseguia falar, aquilo dói tanto!
- Kim, mantenha a calma, ok?
- Ok.
Ele tirou a faca da minha perna.
- O próximo passo vai doer, mas você precisa tentar ficar quieta, Tá bom?
- Tá.
Ele passou água no meu ferimento e logo depois passou álcool, eu gritei e me contorci de dor.
Ele tirou a camisa dele e amarrou no ferimento, depois me carregou até minha cama e me disse para repousar, mas eu não iria conseguir, então terei que ficar quieta por um tempo, pelo menos por agora.

Diário de uma sobrevivente_Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora