Diário de uma sobrevivente_Livro 1

Amigos

Acordei e fui para a sala, o Snake estava lá conversando com uma garota, quando me viu deu um sorriso.
- Bom dia Blade.
- Bom dia.
- Bom dia garota nova.
- Kindness, ela tem um apelido sabia?
- Desculpe, eu não quis parecer inconveniente ou coisa assim, eu só tentei dar bom dia.
- Tudo bem, pode me chamar de "garota nova" se quiser.
- Ok, sou a Kindness.
- Blade.
- Tenho certeza de que seremos grandes amigas Blade!
- Sério?
- Claro, por que não seria?
- Não tenho muitos amigos...
Snake olhou para Kindness, como se dissesse:"Coitada".
Mas eu não preciso da pena deles, não preciso da pena de ninguém.
- Você não...tem amigos?
- Eu tive um, agora tenho o Snake e a Archer.
Fiquei assustada quando Kindness me abraçou.
- Tudo bem Blade, estamos com você.
Vi Snake dar um sorrisinho irônico, Kindness se afastou de mim sorrindo como, ela sorria o tempo todo, não parava de sorrir.
- Bom eu preciso ir agora, tenho permissão para ir embora?
- Tem sim Kindness, obrigado por sua presença- Snake disse acenando, Kindness acenou também e foi embora.
- Qual foi a do abraço?
- Kindness abraça pessoas quando acha que elas se sentem tristes, aliás ela é uma boa garota, não é à toa que conseguiu esse apelido.
- Ela é muito legal mesmo.
- Você não gosta muito que as pessoas encostem em você não é?
- Não... na verdade é meio estranho, sei lá.
- É mesmo?
Ele deu o mesmo sorrisinho de antes.
- Ah não, o que quer que esteja planejando não vai dar certo.
Ele tentou me abraçar, eu desviei e sorri.
- Você é bem fraquinho sabia?
- Bom, não somos treinados para sermos fortes.
- Eu fui.
- Sei que foi, enfrentar maníacos assim não é para qualquer um.
Eu dei um suspiro.
- Talvez...
- Blade, sinto que você não se valoriza muito.
- Como assim?
- Sua auto-estima é baixíssima, não gosta de si mesma, se acha insignificante.
- Eu...sei lá.
- Sei como é isso.
- Para de dizer que sabe como eu me sinto, porque você não sabe, as pessoas dizem isso para consolar outras pessoas e nunca é verdade!
- Blade... Archer disse que precisamos ser amigos certo?
- Certo.
- Eu vou te contar uma coisa, promete que não vai contar para ninguém?
- Eu prometo.
- Tudo bem... Quando a epidemia começou eu tinha quatorze anos, eu era completamente irresponsável, não ligava para estudar, não ligava para os meus pais e muito menos para minha irmã...
- Você não gostava da Archer?
- Eu odiava a Archer, achava que ela tinha mais atenção do que eu, mesmo que nossos pais fossem divorciados...
Fiquei olhando para ele com as sobrancelhas franzidas.
-...Eu achava que não tinha motivos para viver...
- Você achava?
- Sim.
Eu não acreditava, minha infância e tinha sido boa mas a dele tinha sido péssima!
- Quando antes de meu pai falecer ele me fez prometer de que eu cuidaria da minha irmã, ancontecesse o que acontecesse, eu não podia deixa-la morrer...
Eu escutava atentamente.
-... Eu cuidei dela com a minha vida todos esses anos e aprendi a ama-la incondicionalmente.
- Poxa... Snake... me desculpa, eu não queria...
- Tudo bem Blade, você não sabia.
Eu abracei ele, será que a técnica da Kindness funciona mesmo? Em pouco tempo ele começou a sorrir.
- Obrigado.
- Pelo que?
- Pelo abraço, ajuda muito.
- De nada, mas não precisa agradecer, ok?
- Tudo bem.
A Archer entrou em casa sorrindo.
- Precisamos fazer a colheita gente, coloquem as roupas apropriadas e vamos.
Ela me deu uma roupa, era parecida com as que eu costumava usar na fazenda quando eu era criança.
Eu fui tomar um banho e coloquei a roupa que Archer me deu para vestir.
Quando eu saí Snake já estava pronto na sala.
- Vamos Blade?
- Vamos.