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ᴀᴜᴛᴏʀᴀ

— Quem que vai fazer essa vaca começar a falar?

— Ellyse — Michael a chamou, em um tom de advertência. Ellyse não era de xingar pessoas gratuitamente, não importando se elas já haviam feito coisas ruins com ela, mas Ruschel era uma excessão.

— Ela disse que tem um plano. — Sina se pronunciou, escorada na parede do canto da sala, longe da dita cuja. — Foi só por isso que trouxemos ela até aqui.

O esconderijo era basicamente uma casa comprada por todos eles, cada um deu um valor estimado e conseguiram dar entrada. E bastou apenas mostrar o distintivo e a arma, que conseguiram o local pela metade do preço original.

— E o que ela quer em troca? — Indagou Heyoon. — Porque de graça, ela não vai ajudar.

— Eu só quero que a Yonta esteja morta, ou longe do FBI ao máximo. — Ruschel respondeu. — E não quero e nem pretendo morrer, antes de ser livre.

Hina soltou uma risada anasalada.

— Se acha que vai ser solta depois daqui, você está muito enganada. — Disse a japonesa. — Não conseguiríamos inocentar você nem se quiséssemos, não com tentativa de homicídio constando na sua ficha.

Sabina assistia a cena, mesmo que estivesse querendo cometer um assassinato ali mesmo. Ruschel lhe dava raiva, desde a primeira vez que a viu, a prepotência e orgulho a irritavam, talvez porque a mesma tinha uma personalidade parecida com a dela.

A mexicana aproximou-se da mulher, puxando uma das cadeiras e sentando á sua frente. Michelle franziu o cenho sutilmente, estranhando a atitude da Hidalgo, que sequer fazia questão de esconder sua raiva e seu desprezo, tanto que nem se aproximava dela.

— Quanto você está disposta a colaborar pela sua liberdade? — Perguntou, olhando fundo nos olhos da mesma.

— Mãe?! — Enzo soltou, olhando com indignação para sua progenitora. — O que você pretende fazer?

— No discutas mis acciones, muchacho. Tengo veinticinco años más de experiencia que tú y lo he hecho miles de veces. — Babulciou, olhando de relance para o garoto, que apenas deu um passo para trás e se calou.

(Não conteste minhas ações, garoto. Tenho vinte e cinco anos á mais de experiência do que você e já fiz isso milhares de vezes.)

— É melhor aprender que não se contesta Maria Sabina. — Michelle debochou, recebendo um olhar furioso em resposta.

— Me chame assim mais uma vez, que eu arranco meu nome da sua boca com tantos socos que você não vai se reconhecer quando eu terminar. — Sibilou. — E responda a minha pergunta.

— Depende do quanto vocês estão dispostos a me dar. — Cruzou os braços. — Eu falei tudo que eu sabia para a Esther, correndo riscos de morte.

— Burrice da sua parte não saber que você foi colocada naquela prisão para morrer, e achar que só corre riscos se abrir a boca. — Sabina deu de ombros. — Seguinte, Ruschel. Se você foi capaz de matar agentes importantes, é capaz de se proteger sozinha e garantir sua sobrevivência até o fim disso tudo. Então, se você tiver um plano e colaborar conosco, eu posso dar um jeito de fazer você sair da cadeia o mais breve possível, ou fazer você ser solta. Isso vai depender de você.

Ellyse pensou em contestar, de forma semelhante á Enzo, em como ela poderia reduzir a pena de acusações como tentativa de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Mas confiava em Sabina, conhecia muito bem a mulher para saber como ela agia nesse tipo de situação.

O que a incomodava de fato, era pensar que Ruschel poderia estar livre, mesmo que tudo fosse uma farsa.

— O que você quer que eu faça? — Ela cruzou os braços, encarando a mexicana de forma desafiadora.

No fundo, elas sabiam que não se gostavam porque eram muito parecidas. Ardilosas, estratégicas, sarcásticas, inteligentes e manipuladoras. A única diferença, era que Sabina utilizava seus atributos para fazer o que era certo. Já Ruschel... Preferia fazer as coisas do seu jeito.

— Vamos juntar o útil ao agradável, afinal, você quer a mesma coisa que nós e para isso que lhe trouxemos. — Sabina informou. — Michael.

O moreno deu um passo à frente, ficando logo atrás de Sabina, que estendeu a mão para ele.

Do coldre preso na cintura, ele retirou uma arma e entregou para a Hidalgo, que a jogou para Ruschel. A agente engatilhou a arma, e apontou para o peito de Sabina.

Imediatamente, Sina e Ellyse levantaram suas armas e apontaram para Michelle, uma de cada lado.

— Qual que é o problema de vocês?! — Hina berrou. — Não tem como dar confiança para ela!

— Abaixa essa arma, Ruschel. — Enzo vociferou. Ninguém notou ele indo para trás da morena, e colocando seu canivete no pescoço dela, a envolvendo com o braço.

— Solta ela, Enzo. — Ordenou Sabina, falando sério para o filho, que obedeceu. — Atira. — Disse para a mulher na sua frente, em um tom brando, mas com um sorriso irônico na face. — Está com medo, agente Miller?

Ruschel gelou, mas pensou. Sabina jamais lhe daria uma arma, e ela não correria risco de atirar e, de quebra, levar incontáveis tiros e ter a garganta cortada, tudo simultaneamente.

Apertou o gatilho, e apenas o estouro foi possível escutar.

A arma não havia balas.

— Você vai fazer a mesma coisa que fez agora, mas sem os agentes lhe cercando e meu filho com um canivete na sua garganta. — Disse. — Vai fazer isso com a Yonta. Matá-la está sob sua responsabilidade.

Retirou do bolso um carretel com balas, e entregou para a mais nova, que carregou a arma e guardou no coldre que ninguém sabia que ela possuía, mas que estava vazio.

— Com prazer.

Sorriu, com animação.

— Sina, pode abaixar a arma. — A mexicana falou, olhando para a alemã de pé atrás de Ruschel, imóvel desde o momento em que sacou sua arma. — Por mais que não pareça, ela é confiável.

— Você sabia que a arma estava sem bala? — Ellyse indagou para Michael, que assentiu.

— Eu já tinha sacado o plano da Sabina desde o começo. — Explicou ele, impassível como sempre. — E ela não daria a arma para a Ruschel, se não confiasse nela. Se a Ruschel soubesse que a arma estava carregada, não teria dado esse susto.

A sagacidade daquelas duas ainda daria muito o que falar.

[...]

𝐓𝐇𝐄 𝐍𝐄𝐖 𝐅𝐁𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora