35 | ρℓιgнτ

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ᴀᴜᴛᴏʀᴀ

A garota respirava com dificuldade devido ao saco em sua cabeça, tampouco se movia por conta das cordas enroladas ao redor de seu corpo. Estavam firmes e lhe machucavam.

Apenas escutou o batuque dos saltos altos, aproximando-se da sala em que se encontrava. Sabia que havia sido sequestrada e que estava em algum lugar muito longe do hotel que estava hospedada.

O barulho da porta abrindo assustou a garota, que deu um pulo na cadeira, mas sua surpresa maior foi ver de quem se tratava, quando o indivíduo livre na sala retirou o saco da sua cabeça sem delicadeza alguma.

Yonta estava com os braços cruzados, encostada em uma das paredes da sala silenciosa e gelada, feita de concreto.

Sua expressão facial era de uma pessoa fria, que estava pronta para executar seu maior plano.

— Como vai, agente Beauchamp?

Stephanne sentiu seu estômago revirar em nojo e medo ao escutá-la falando naquele tom. Nojo por saber que ela estava por trás de todos os planos e perseguições, e medo, por não conhecer sua verdadeira capacidade e de que seu fim fosse ser ali. Medo que não chegassem á tempo suficiente para impedirem que ela fosse eliminada sem piedade alguma.

— Por que você está fazendo isso? — Perguntou, realmente chocada.

Yonta puxou uma das cadeiras que havia ali, a deixando de frente para Stephanne. A mesma sentou de frente para ela, parecendo pensar em algo.

— Você não vai sair daqui viva mesmo, então, vai ouvir uma última história. — Disse. — Joalin Loukamaa, Any Gabrielly e Sabina Hidalgo. Essas três pragas foram pedras no meu sapato. De uma delas eu consegui me livrar, ou melhor... Se livraram dela por mim.

Stephanne sabia que ela estava falando de Joalin, e sabia a história em pouquíssimos detalhes, mas que tudo aconteceu durante a operação de um heliporto abandonado próximo a sede da OASF.

Mesmo sabendo que Any estava na operação e era quem de fato matou Simon Fuller, tentava compreender o porquê de Yonta ter tanto desprezo pela própria.

— O que a minha mãe tem a ver com isso? — Reuniu coragem em perguntar, que mal teria tirar uma dúvida? Afinal, aquele talvez fosse seu último dia de vida.

— Sua mãe... — Yonta soltou uma risada escarniosa. — Sabe, Beauchamp? Eu sempre vi um potencial perigo para aquela operação no seu pai. Sempre foi bom de mira e era um excelente detetive. Mas a Gabrielly... Mal tinha requisitos para ser agente de campo, era quase igual você, que prefere atuar longe do alcance de armas e da porradaria.

Ouví-la falando naquele tom sobre seus pais, as pessoas que ensinaram-lhe tudo que ela sabia sobre a vida de agente, a irritava. Irritava o desdém com as habilidades de um dos melhores agentes que teve a oportunidade de aprender lições.

— Não me olhe com essa cara, Beauchamp. — Falou, em um tom de advertência. Resolveu tentar melhorar a carranca, para não correr perigo de ser morta antes do que achava que seria. — Você é tão parecida com aqueles dois que chega a ser cômico.

Stephanne era linda, todos sabiam disso. O cabelo cacheado, longo e com fios loiros naturais davam um ar angelical para a mesma, e no seu rosto, traços maduros e sérios. Os olhos azuis expressivos iguais aos do pai destacavam sua beleza exótica e rara causada pela mutação genética, contudo, portava a expressão facial indiferente, séria e fria de Any.

Para quem a via de longe, acreditava que Anne era séria, seletiva e impassível na maior parte do tempo, mas para quem a conhecia verdadeiramente, por baixo da casca de agente médica e da seriedade que a sua profissão exigia, sabia que ela era uma mulher doce, gentil e extrovertida. Ela tinha o melhor e o diferencial da personalidade dos pais.

— Achei que fosse continuar contando sua história. — Disse, na tentativa de fazer com que Yonta parasse de lhe encarar daquela forma.

— Não levava crédito que um daqueles agentes fosse matar um chefe de uma organização tão grande. — Contou.

— Mas eles eram em dezesseis agentes, e o Simon foi ao heliporto sozinho. — Anne tentou justificar.

— Foi um erro grotesco, que poderia ter sido evitado, caso os ACO tivessem sequestrado a Loukamaa no lugar da Jeong. — Deu de ombros.

Stephanne estava desacreditada que era ela quem estava por trás do sequestro de Heyoon, após a festa das agências.

Tudo foi milimetricamente calculado e pensado para dar certo.

— Se a Joalin tivesse sido sequestrada, a usariam como refém para desestabilizar o esquadrão e, depois a matariam na frente de todos eles. Simon apenas apareceu para matá-la, mesmo que isso lhe custasse a própria vida. — Explicou. — No fim, sua mãe estragou o plano, sendo enxerida como sempre.

Ela queria chorar. Queria gritar e chorar, falar para Yonta que nada daquilo funcionaria.

— E tem mais. — Acrescentou.

Mais? — A mais nova questionou, indignada. O tom de voz estava embargado e baixo, devido ao choro que poderia se externar em qualquer momento daquela conversa. — Como que ainda pode ter mais?

— A Laurent, sua casca de bala, é irmã da Ruschel, e ambas são filhas do Simon. — Revelou. — Foi por isso que elas entraram para o FBI de uma maneira tão fácil, sem muitos testes. As recrutei para me ajudarem a acabar com o seu esquadrão, e o esquadrão dos seus pais. Tudo que contava para a Laurent, ela contava para mim, e ter colocado a Ruschel como sendo seu alvo, tornou as coisas mais fáceis para que chegássemos até aqui.

Yonta observava a garota com os lábios comprimidos, segurando o choro.

— Por você ter cooperado com isso mesmo que inconscientemente, vou lhe deixar livre das algemas. — Disse, se levantando da cadeira. Antes de ir para trás da cadeira onde Stephanne estava, Yonta segurou seu rosto entre os dedos com força, machucando a pele da garota. — E se você fizer qualquer palhaçada de sequer tentar fugir, eu vou atirar em você. Combinado?

A cacheada assentiu, com medo.

Yonta pegou a chave do par de algemas no bolso da calça, e se agachou atrás da cadeira, soltando as mãos da Beauchamp que já estavam vermelhas por ficarem para baixo durante muito tempo, e as algemas apertando seu pulso com força.

— Não esquece que eu estou de olho em você, Anne. — Falou o apelido em um tom debochado.

Assim que a mais velha deixou o cômodo, Stephanne se deu conta que, caso seus amigos e seus pais não viessem antes do dia seguinte, ela estaria em apuros.

Ou Yonta estava arquitetando um plano, o mesmo plano que falhou quando sequestraram Heyoon, e trocaram na hora de matar Joalin.

Morreria de qualquer forma.

[...]

ahm... oi?

𝐓𝐇𝐄 𝐍𝐄𝐖 𝐅𝐁𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora