37 | αϲτιοи

5 1 0
                                    

ᴀᴜᴛᴏʀᴀ

Stephanne não sabia dizer há quanto tempo estava ali, sentada naquela cadeira e amarrada.

Yonta queria arrancar informações da agente, e por acreditar que ela soubesse e não queria dizer, a punia.

Cada vez que a Beauchamp dizia que não sabia de nada, Yonta perdia a paciência e passava o canivete superficialmente na pele da garota, que chorava de dor.

Ela já estava com dois ferimentos em cada braço, e o sangue que escorria do hematoma já estava seco em sua pele.

A última vez que havia visto a Taiwo, Stephanne recebera um tapa no rosto.

— Você é uma inútil que nunca deveria ter se tornado agente. — Cuspiu as palavras, enquanto segurava o rosto de Stephanne com os dedos e as unhas penetrando a pele da mesma por conta do aperto.

Quando a mesma deu as costas e deixou a sala, ela chorou. Chorou como se ainda tivesse cinco anos e podia correr para o colo da mãe e do pai, como se a vida ainda fosse fácil para ela.

Apenas dezessete anos e já havia presenciado tanta coisa que não queria. Pessoas machucando umas ás outras... Matando umas ás outras.

Não culpava Any ou Josh por a inserirem na vida de agente, porque sabia que teria que aprender á se proteger. Seus pais estavam sempre com um alvo nas costas, e quando possível, inimigos usariam ela como meio de afetá-los.

Como estava acontecendo naquele instante.

Estando livre das algemas mas ainda com as mãos presas para trás, secou as lágrimas dos olhos com dificuldade. Seus músculos doíam pelo tempo em que ficou parada na mesma posição, e por conta da força em que foi amarrada. Seus pulsos haviam marcas da algema, e logo ficaria roxo.

Lembrou do canivete que sempre carregava no bolso da calça, mas sabia que não poderia utilizá-lo sem certificar-se de que haviam câmeras na sala. E não haviam.

Stephanne retirou o da bolsa, e mesmo com as mãos para trás, cortou a corda que a envolvia ao meio, sentindo o alívio instantâneo em tê-las afrouxado.

Enquanto isso, uma vâ estava estacionada no lado de fora da sede da OASF, cerca de uma quadra de distância.

Enzo se sentia ansioso, pois o colar que usava estava brilhando, indicando que Anne estava por perto. Queria salvá-la o quanto antes, e acabar com aquele circo montado por Yonta.

Sabina entregou coletes para todos, enquanto repassava o plano para que compreendessem suas posições e funções na hora de atacar.

Repentinamente, escutaram batidas na porta da vâ. Any abriu, e quando deu de cara com a filha, quis chorar de alívio.

Os pais de Stephanne a ajudaram entrar no veículo e logo fecharam a porta.

A Hidalgo foi a primeira à notar o estado em que sua afilhada se encontrava.

Cabelos bagunçados, sangue seco ao longo dos dois braços, marcas roxas no pulso e um lado do rosto avermelhado pelo tapa. E somente pela forma que caminhava, era notável que ela estava com muita dor.

Chiquita... O que fizeram com você? — Perguntou ela, colocando a mão no rosto delicado de Stephanne.

— A Yonta queria que eu desse informações sobre o paradeiro de vocês, e eu disse que não sabia. — Explicou, com a voz trêmula. Any e Josh estavam abraçando a filha de lado, dando proteção, enquanto Enzo apenas assistia de longe, com uma expressão séria no rosto. — Ela disse que eu estava mentindo, e a cada informação que eu negava saber, ela cortava meu braço com o canivete.

— Por que tem marcas de unha no seu rosto? — Esther perguntou, com os olhos cheios d'água pela amiga.

— Ela segurava meu rosto com força e acabava cravando as unhas. — Disse. — Na ultima vez que nós nos vimos, ela deu um tapa no meu rosto, porque estava com raiva. E disse que eu sou inútil, que não deveria ter me tornado agente.

Any fervia de raiva ao escutar cada coisa dita pela filha.

— Eu vou acabar com aquela vaca! — Rosnou, com ódio. — Ela podia ter feito qualquer coisa comigo, mas não tinha o direito de encostar um dedo sequer na minha filha!

Enzo se aproximou da namorada, parando na sua frente, com lágrimas de raiva em seus olhos escuros. Ele a abraçou com cuidado, e ela chorou, chorou pelo medo que sentiu em não sair viva de lá, pela dor que sentia por ter sido traída por alguém que deveria sempre pensar no melhor para eles.

Se sentia culpado. Culpado por não ser capaz de protegê-la, quando foram atrás dela pela primeira vez, dentro do perímetro da sua casa. Por não ter pensado em ir junto para Washington para cuidar de Stephanne.

O Hidalgo poderia não se importar tanto com a própria segurança, mas ele era capaz de dar a vida para a segurança daqueles que amava, incluindo seus pais — que não precisavam de proteção, afinal, eram perfeitamente capazes de fazerem isso sozinhos —, mas principalmente, de Stephanne.

Josh conseguia sentir a frustração do sobrinho ao longe, e não o culpava, pois, também sentiu-se frustrado e incapaz de proteger uma das mulheres mais importantes da sua vida.

Mesmo ela estando ferida, o que importava era que ela estava ali com eles, dessa vez em segurança, e sabia que seria cuidada e protegida.

— Estou aqui, Anne. — Disse ele, enquanto ainda a abraçava, sem pretensão de soltá-la tão cedo. Não depois do susto que tomara. — Estou aqui.

Sabina ficou séria imediatamente, e começou a pegar seus equipamentos e portá-los em seu coldre.

— Noah, Enzo, fiquem aqui com a Anne. — Falou.

Noah, já sabendo do que se tratava, apenas assentiu e disse que se precisassem de algo, não era para hesitar em contatá-lo.

— Onde vocês vão, mãe? — Perguntou o moreno, receoso.

— Vamos acabar com isso de uma vez por todas. — Entregou o colete á prova de balas para Any.

Stephanne foi auxiliada por Enzo á ir até Noah, que sentou de frente para o corte no braço da morena, se concentrando em limpar o ferimento, não em que sua mulher e sua filha iriam estar frente a frente com o perigo. Tinha que lidar com a possibilidade de uma das duas não voltar com vida, mesmo que ainda fosse difícil para ele aceitar que a filha levava a mesma vida que a mãe e ele próprio.

Antes de saírem da vâ, Any e Josh abraçaram a filha fortemente, enquanto Sabina beijou a testa do filho e disse que o amava, tal como Pepe, que apenas olhou para Enzo, e ambos fizeram uma continência. Sina e Esther foram as últimas á saírem, já que Noah implorou para a filha tomar cuidado, e deu um beijo em Sina, torcendo para que não fosse o último.

Porque não poderia ser o último.

[...]

𝐓𝐇𝐄 𝐍𝐄𝐖 𝐅𝐁𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora