24 | τιмє αи∂ ρατιєиϲє

18 1 2
                                        

ᴇɴᴢᴏ ɢᴏɴᴢᴀ́ʟᴇᴢ ʜɪᴅᴀʟɢᴏ

ғʀɪᴅᴀʏ.

Bati na porta do quarto da frente, e quando a mesma fora aberta, mostrou uma Ellyse com calça moletom preta, uma blusa larga que reconheci ser minha — e nem lembrava como estava com ela — e um coque alto e bagunçado. As meias baixas eram sua marca registrada.

— Quantas visitas mais eu vou receber? — ela resmungou, deixando a porta aberta para que eu entrasse e colocou o cartão em cima da escrivaninha. — Você não estava dormindo? — perguntou, quando fechei a porta.

— Ellyse, é oito e meia da manhã. Como você espera que eu ainda esteja na cama nesse horário? — questionei. — E como assim “quantas visitas mais”?

A morena apenas voltou para a cama de solteiro próxima a janela com o notebook no colo, e apontou para a cama de casal no centro do quarto.

Nela, Michael estava apagado do lado direito, e no outro, uma Natasha praticamente escondida debaixo das cobertas. Ambos pareciam estar em uma disputa, para ver quem ficava com a maior parte da coberta.

Preciso dizer que Natasha poderia ter deixado Michael destampado e morrendo de frio durante a madrugada, se não fosse pelo ar-condicionado ligado?

É, pois é.

— Que hora ele chegou aqui? — indaguei.

— Uma ou duas da madrugada. — Respondeu, dando uma breve encarada no nosso chefe dormindo. — Deixei ele dormir aqui porque a Natasha não ia se importar. Ela vai amar saber que foi a única pessoa que conseguiu pegar a coberta dele.

— Esse é um dos motivos pelos quais eu não gosto de dividir cama com ninguém, principalmente no inverno — falei, retirando meus sapatos e deitando na única cama vaga.

— O que você quer? — minha excelentíssima melhor amiga perguntou, com toda a sua delicadeza e paciência, digitando nas teclas do notebook em seu colo.

— Ajuda. — Falei.

— Especifique.

Coloquei a mão no lado esquerdo do meu peito, e ela franziu o cenho, rindo em seguida.

— O cara que nasceu praticamente formado em psicologia, quer a minha ajuda pra resolver um problema amoroso? É o fim dos tempos mesmo. — Balançou a cabeça negativamente em deboche, e revirei os olhos.

— Ellyse, você dormiu essa noite? Seu humor só fica ácido quando você não dorme ou dorme muito pouco — deduzi.

— Uau, temos um Sherlock Holmes aqui — fechou a tampa do notebook e o deixou de lado, focando sua atenção em mim. — O que tá rolando?

— É a Stephanne. — Comecei. — Eu gosto dela, mas ela ainda gosta do Arthur, mesmo ele estando com a Esther.

— Ela não gosta do Arthur, só não superou ele totalmente, são coisas diferentes — Rebateu. — Seguinte, eu sei o que você vai me dizer, então, vou ir adiantando.

— Vá em frente — acomodei minha cabeça no travesseiro macio.

— É nítido que vocês se gostam, só cego pra não ver. Só tenha paciência e dê o tempo que ela precisa para organizar os pensamentos — falou. — Tinha muita pressão pra cima dela, Enzo, e foi por isso que ela sumiu ontem á noite. Ela queria ordenar os pensamentos, longe de toda essa bagunça de missão e drama amoroso. Stephanne precisava concentrar nela também.

— O que você quer dizer?

— Quero dizer que você precisa ter calma. A Anne vai perceber que gosta de você, e aí, demonstra o que sente para ela também. — Explicou. — O sentimento é recíproco, então, não vai ter erro. Confia em mim — disse.

— Valeu, Ellyse. — Agradeci. — Não sei como vou retribuir toda essa sua ajuda — ri de leve.

— Pode retribuir agora, ligando pro serviço de quarto e pedindo algumas coisas pro nosso café da manhã — piscou para mim, e assenti.

[...]

ᴀʀᴛʜᴜʀ ᴊᴇᴏɴɢ ᴍᴏʀʀɪs

sᴛɪʟʟ ғʀɪᴅᴀʏ.

Adentrei o quarto de hotel dos meus pais.

— Cadê o pai? — perguntei para minha mãe, que estava deitada na cama assistindo televisão.

— Foi tomar café da manhã. — Respondeu.

— E você não vai?

— Já fui. — Informou, logo desviando o olhar e me encarando. — Tem alguma coisa incomodando você.

— Não tem nada, mãe. — Falei.

— Se não tem, então está aqui por quê? — arqueou o cenho. — Você vem falar comigo quando está com problemas.

Bufei, sabendo que era verdade e que não teria como enganar minha própria mãe.

— Tá, eu preciso desabafar.

Ela chamou-me para deitar em seu colo, e aproveitei para receber seu cafuné, enquanto explicava toda a situação do dia anterior com Lia e Stephanne.

— Realmente, vocês não foram cuidadosos ao se beijarem com a Anne no quarto, mesmo que ela estivesse no banho naquele momento. Estavam se arriscando da mesma maneira — disse. — Mas, quem sabe ela só estava querendo ficar um pouco sozinha? A Anne sempre foi mais reservada, gosta de pensar em uma bolha só dela quando está de cabeça cheia.

— Eu não queria que ela se afastasse da Lia, mãe — contei.

— Sei que não, mas algumas coisas são inevitáveis — argumentou. — A Lia falou com ela sobre o namoro de vocês, e ela levou numa boa, e não significa que por ela tê-los visto se beijarem, mude o que ela disse. É difícil ver o primeiro amor seguir em frente, mas não é impossível.

— Mas se ela gosta do Enzo, por que ficou daquele jeito? — indaguei.

— Ela está confusa, e precisa tomar mais decisões complicadas — alegou. — Se ela está de bem com vocês, é porque esses tempinho fez bem. O problema de vocês, é que querem soluções rápidas para situações delicadas.

— Você fala como se não tivesse sido assim também — brinquei.

— É exatamente por eu ter sido assim que eu estou falando isso — disse. — E confesso que estou surpresa por você ter vindo pedir ajuda pra mim, e não para os seus amigos.

— Michael e Natasha estão dormindo, Ellyse está trancada no quarto tentando saber de mais alguma coisa sobre o infiltrado, e o Enzo estava conversando com ela. Lia, Stephanne e Liam estão no andar de baixo tomando café com os pais. — Contei nos dedos. — E ás vezes, é melhor ouvir um conselho de alguém com mais experiência.

— Maneira educada de me chamar de velha — disse, sorrindo.

— Mãe, você não é velha! — falei, como forma de repreensão.

— Arthur, eu já tenho quarenta e dois anos — insistiu.

— Mas você é coreana, e parece estar recém entrando nos trinta — argumentei.

Ela me deu um leve tapa na testa.

— Língua afiada igual ao seu pai.

[...]

𝐓𝐇𝐄 𝐍𝐄𝐖 𝐅𝐁𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora