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-Simone Tebet-


Essa mulher está mexendo comigo como nenhuma outra jamais mexeu, Soraya Thronicke, por onde essa loira andava que eu só vim encontrar agora? ela não passou a fazer parte só do meu dia a dia, assim como dos meus pensamentos também.

Nesse momento eu já estava de pé, indo em direção ao banheiro para tomar um banho e ir me arrumar, para mais um dia de trabalho de segurança daquela mulher, que agora completa um mês que estou trabalhando para ela.

_E se ela estiver na sua também?_ pergunto diante de minha imagem no espelho.

Todos os nossos olhares até aqui foram de forma intensa, isso não havia acontecido comigo com outro alguém, em relação ao trabalho, sempre manti meu profissionalismo, e sobre a vida pessoal, durante anos de minha vida eu apenas vivi coisas passageiras, sem sentimento profundo.

_Ela é casada_ resmungo.

Por quê o fato dela ser casada, agora me causa raiva? por quê fico frustrada quando a deixo em casa e ela volta para as mãos daquele homem? por quê? um dia minha mãe me disse que quando eu gostasse de alguém de verdade, iria sentir muitas coisas diferentes e novas.

_Isso não é ciúmes_ nego para mim mesma.

Sinto incômodo quando vejo ela ao lado dele, quando ele beija aqueles lábios que eu tenho certeza ser a melhor coisa do mundo a provar, quando ele faz um carinho nela, mesmo ela não demonstrando tanto afeto assim.

_Simone, ela é casada_ me apoio sobre a pia.

Deixo minha cabeça baixa, fecho os olhos, tantas pessoas que passaram por minha vida e tantas que há por aí, vou justamente mesmo me encantar por alguém que é casada? fala sério Simone, você já foi melhor antes... talvez isso seja coisa do amor, ouço uma vozinha dizer pra mim.

_Não, não é não_ digo para mim mesma.

Resolvo logo tomar meu banho e assim eu faço, passo uns bons minutos debaixo do chuveiro, deixando a água gelada escorrer por meu corpo, da cabeça aos pés, sinto alívio, fico relaxada, mas sei que logo depois isso muda, quando eu encontrar com aqueles olhos cristalinos.

_Sossega Simone_ volto a resmungar que ela é casada.

Torno isso pra mim como uma espécie de mantra, não posso arruinar um casamento que já esteja aí talvez há anos, nunca fiz isso, por quê eu faria agora? não, não posso... e se ela estiver sentindo o mesmo que você sente?, novamente aquela vozinha invade meus pensamentos.

_Seis e dez_ digo ao olhar o relógio de parede no meu quarto.

Arrumo minha cama, deixo a janela aberta para entrar um pouco de ar puro até eu ir trabalhar, pego no guarda roupa uma nova peça de roupa para hoje, escolho um terninho cor vinho, com uma blusa social vermelha.

_Muito bem_ pego os saltos, hoje usaria o preto.

Calcei e fiquei de pé novamente, desci e fiz ovos mexidos e preparei um café forte para mim, não demorei ali na cozinha, deixei limpo e fui até a varanda.

_Sabia que estaria aqui_ digo.

Pego de cima da pia a minha arma, nesse caso que estou trabalhando está sendo muito precisa, ainda mais que vez ou outra há alguém nos seguindo, e lembrar dessa perseguição, lembro do dia que ganhei o seu abraço inesperado lá naquela garagem.

_O seu abraço encaixa tão bem_ comento para mim mesma.

Reconheci o seu medo, sua fragilidade, seu corpo me passou tudo isso diante daquele abraço, ainda não esqueci, nem quero esquecer disso, sorte é de seu marido, que ganho beijos e abraços todos os dias dela, mas afinal, será que ela o ama?

°A segurança particular°Onde histórias criam vida. Descubra agora