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-Simone Tebet-


_Sol_ chamo por ela ao chegar em nossa casa.

O ambiente está silencioso, sobre a mesinha de centro da sala alguns papéis que Soraya insiste ainda em defender, segundo ela, fará isso até irmos embora daqui, o que não tá demorando, quero tirá-la daqui o mais rápido possível, ainda mais agora que ela está esperando nosso segundo filho.

Não imaginam a felicidade que senti ao saber que ela estava grávida novamente, o susto foi grande por conta da queda que ela sofreu, mas nosso bebê foi forte o suficiente para resistir, agora ela está com os dois meses.

_Amor, cheguei_ aviso.

Coloco aqueles papéis dentro da pasta e levo para deixar na estante, o silêncio continua, pra estar assim ela só pode estar dormindo, olho ao redor, as portas que dão para a varanda estão fechadas, lá fora no gramado alguns brinquedos de Jude.

Sorrio olhando essa cena, após nosso casamento quis mudar do apartamento, e aqui estamos nós, fica no mesmo condomínio que Janja mora, ela quem nos indicou, assim aceitamos, sorri novamente ao ver tudo o que conquistei.

_Uma família_ sussurro.

A conquista de que falo não são de bens materiais e sim da minha família, para quem nunca quis isso na vida está muito realizada por sinal, assim é como me sinto, tudo até agora, a sol, nossos filhos, nosso casamento, são uma realização de um sonho do qual nunca sonhei.

Soraya veio e me mostrou que uma vida a dois a caminho de uma família era muito melhor do que uma vida de farra, com certeza é a melhor escolha que já pude ter feito, permitir que eu me apaixonasse.

_Ei tete, cadê sua mãe?_ ela cheira meu pé.

Pego o quadro de foto de cima da cômoda, olho nós três ali, em meu rosto já aparece um sorriso, como as amo, me tornei capaz de tanta coisa quando elas apareceram em minha vida, que não me arrependo de nada que eu possa ter feito para protegê-las.

_Elas estão dormindo não é?_ olho pra tete.

Faço um carinho na peludinha, deixo o quadro de volta no lugar e vou até nosso quarto, deixo os sapatos de lado e vou subindo as escadas, passo no quartinho de Jude e ali ela não está, vou até o nosso, e lá me deparo com as duas deitadas na cama.

Os travesseiros ao redor para evitar uma queda de Jude, a mesma está de peito para cima, como assim costuma dormir, Soraya está de lado, encolhida, como gosta de dormir assim também, ando até elas e deixo um beijo na testa de cada uma.

_Chegou amor?_ Soraya logo acorda.

_Sim, continue dormindo_ digo.

_Não, eu tenho aqueles casos para analisar_ começa a levantar.

_Sol, descanse, você já passou a madrugada acordada analisando_ falo.

Ela passa a mão no rosto, me dá um sorrisinho, pede desculpas, nego com a cabeça, ela está sempre me pedindo desculpas, principalmente pelo fato de manter seu trabalho com os casos, mas eu preciso entender que isso faz parte da vida dela, embora eu queira, não posso privá-la de trabalhar, ela sempre foi essa mulher independente.

_Tava tendo um sonho horrível_ diz.

_Que sonho foi esse?_ pergunto.

_Com a Karen, nossa amor, que horrível_ levo a mão até sua barriga.

_Quer falar sobre?_ ela nega.

_Foi só um sonho_ assinto.

_Tudo bem_ ajudo ela a levantar.

°A segurança particular°Onde histórias criam vida. Descubra agora