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-Simone Tebet-


Na segunda eu não vi Soraya, recebi sua ligação por volta das seis horas da manhã, avisou-me que não iria ao trabalho e nem à um outro lugar, ficaria o dia todo em casa, como assim disse.

De imediato eu me preocupei e também achei algo estranho, sua voz tava mais baixa e parecia que tinha chorado, mas não quis insistir, porém meu coração me alertou que algo de errado havia acontecido.

Na terça feira ela ligou novamente e disse que não iria trabalhar, se sentia muito mal, nesse dia perguntei de seu braço e como estava o machucado, conversamos bem, até o babaca do marido dela chegar e ela desligar.

_Será que você vai hoje?_ beberico um pouco de café.

Baby está sobre minha mesa, quietinha, corto um pedaço de bolo e lhe dou, sorrio com isso, faço nela um carinho e continuo meu café da manhã e logo terminei, levei as coisas para a pia, lavei e enxuguei, depois fui pra sala.

_Vem baby_ a chamo.

Ouço o toque do meu celular bem na hora que eu ia me sentar, estico um pouco meu braço e baby pousa nele, subo para meu quarto e antes que eu atenda, a ligação cai, não deu nem para ver quem era.

_Vamos ver_ logo desbloqueio o mesmo.

Antes que eu entre nas chamadas recebo uma nova ligação, havia apenas o número, estranhei mas então atendi, disse "alô" duas vezes e continuou mudo do outro lado, já iria desligar achando que era trote, mas ouvi aquela voz doce.

_Sol... o que, o que tá acontecendo?_ a chamo pelo apelido.

"Me desculpe te ligar do telefone de casa" é o que ela diz e não responde minha pergunta, fico calada, ela também, então volto a falar.

_Vai trabalhar hoje?_ faço outra pergunta.

"Claro, pode vir?" sua voz tá leve e mais calma hoje, diferente dos outros dois dias em que falei com ela.

_Com certeza, não saia na porta até eu chegar_ digo.

Encerro a ligação e vou até o guarda roupa, pego um blazer preto, me arrumei hoje assim como na segunda e na terça para o trabalho, embora ela não tivesse ido para o escritório.

_Hoje você ficará sozinha tá bom?_ carinho baby.

Pego os saltos e coloco, arrumo o cabelo e passo um bom perfume, saio com o blazer na mão e a baby em meu ombro, a deixo na cozinha com sua comida e água, pego minhas chaves, carteira e saio do apartamento.

_Bom dia vizinha_ diz uma moradora.

_Bom dia_ a dou um sorriso.

Ela sai primeiro que eu, chego na garagem um tempinho depois, entro em meu carro e saio, enfrento hoje um trânsito infernal, mas finalmente consigo chegar em um tempo bom na casa de Soraya, não atrasei tanto.

Desço do carro, olho ao redor, vou andando calmamente pela calçada que ainda está molhada, já que minutos antes chovia, paro em sua porta assim que acabo de colocar o blazer, já iria tocar a campainha mas não fiz.

Ali do outro lado ouvi vozes alteradas, uma era da Soraya, outra de seu marido, até os latidos de sua cachorrinha eu escutei, eles estavam brigando, algo caiu, isso me deixou em alerta, de imediato eu toquei então a campainha.

_Que merda está havendo aí?_ pergunto baixinho para mim mesma.

Bato de leve meus dedos mais ao lado da porta, aguardo alguns segundos que chegam a durar dois minutos pois conto no relógio, a porta se abre, vejo ele em minha frente, lhe olho seriamente.

°A segurança particular°Onde histórias criam vida. Descubra agora