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-Soraya Thronicke-


_Simone, venha depressa aqui_ a chamo.

Só não grito de dor porque tô esperando minha alma voltar para o corpo após o que acaba de acontecer, escuto os passos de Simone rápidos, não demora e ela aparece ali na porta da lavanderia.

_Sol, mas o que..._ ela se cala.

_Depois você fala, vem aqui me ajudar, pega Jude_ é nessa hora que minha filha chora.

_Tá tudo bem filha, não chora_ o choro dela é doído.

_Leva ela, eu me viro aqui_ Simone continua parada ali.

_Como isso aconteceu? por quê você é teimosa Soraya?_ pergunta.

_Você quer mesmo brigar agora?_ ela se cala e sai.

Faço uma expressão de dor quando me sento no chão, olho para meu braço, tá vermelho e dói também, me forço a levantar, eu havia acabado de cair enquanto estava com minha filha no colo, mas a segurei com tanta força e deixei que eu sofresse todas as dores para lhe proteger.

_Que dor_ murmuro.

Não consigo ficar ainda de pé, olho para as coisas espalhadas no chão que ficaram, me encosto na máquina de lavar, foi tudo tão rápido que aconteceu que o susto ainda tá longe de passar.

_Ai, o que é isso?_ digo ao sentir uma pontada no baixo ventre.

Me apoio no banco e me forço a levantar, é nessa hora que a dor naquela região se torna mais intensa, ouço passos, o chorinho de Jude já passou, quem surge ali é dona Fairte.

_Minha filha está sentindo alguma coisa?_ nego.

_Tá tudo bem dona Fairte, só meu braço que dói_ digo.

_Simone está aborrecida_ diz.

_Depois eu converso com ela_ a dor aumenta e chego a gritar.

_Simone, Simone corre aqui_ Fairte chama, vou me abaixando até ficar no chão de novo.

Seu Ramez também aparece, acho que ambos tinham acabado de chegar, já que minutos antes estava apenas nós três aqui em casa, Simone estava até na cozinha preparando nosso almoço.

_O que tá sentindo?_ Simone pergunta ao surgir ali.

_Tá doendo muito_ falo me contorcendo.

_Onde está doendo? Soraya, me responde_ pede.

_Me leva pro quarto, preciso deitar, por favor_ peço.

_Que quarto, eu vou te levar é pra um hospital_ eu nego.

_Me leva pro quarto, eu só quero, ai, ai meu Deus_ aperto seu ombro quando ela me carrega.

A dor vai se tornando tão grande que tudo fica distante pra mim, Simone fala comigo mas não consigo responder, Fairte faz perguntas e nem a ela eu consigo dizer algo também, deito a cabeça no ombro de Simone, e é ali que eu desmaio.

Ouço vozes baixas próximas de mim, uma risadinha de bebê, que sei ser de Jude, abro os olhos e minha cabeça dói, olho na direção de onde estou ouvindo a conversa, logo Simone me olha.

_A mamãe acordou_ ela está com Jude no colo.

Só agora olho ao redor, essas paredes, aquele sofá, já sei onde posso estar agora, e é no hospital, Simone fica de pé ao meu lado, sorrio para Jude, logo quero me levantar dali.

°A segurança particular°Onde histórias criam vida. Descubra agora