CAPÍTULO 35 - Que comece os Jogos!

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Capítulo 35 - Que comece os Jogos!
Pov. Verônica Salerno Mendes

Mais uma madrugada que as lembranças nostálgicas da Bruna me atormentam e me fazem perder o sono, anos que nossa vida juntas deixou de existir, onde o nosso prometido nos acabou e eu fique só. Amei a Bruna intensamente com todo meu ser, ela foi o meu primeiro amor, eu jurei por quase oito anos que ficaríamos juntas que seria o único. Não consigo esquecer que a minha última lembrança dela foi ela atrás do João que me empurrava para fora da nossa futura casa, não me deixando chegar perto dela, vim seus olhos azuis sem brilho e com uma tristeza profunda, algo que eu nunca imaginei que um dia ela sentiria ao olhar para mim. Naquela noite eu fui para o hospital depois da surra que ele me deu ao me expulsar do apartamento, e naquela mesma noite eu tinha o anel que eu carregava a dois anos no bolso da calça pois iria pedi-la em casamento, tinha conseguido uma promoção no serviço e me sentia preparada para oficializarem nosso amor enquanto minha mãe estava viva, ia realizar meu sonho. Amar a Bruna foi tão fácil, lembro até hoje quando eu vi ela chegando na escola toda fechada, ela usava um óculos preto fundo de garrafa, que sempre caía e ela vivia empurrando ele no nariz, eu achava encantador. Os cabelos loiros caído no rosto e o sorriso mais lindo do universo, sempre chamava ela de minha anjinha. Foram três mês para conquistar ela e ela aceitar tomar um lanche comigo, eu entreguei quentinha no bairro por dois meses de segunda a segunda para juntar o dinheiro para poder montar uma cesta com tudo que sabia que ela gostava e levar para o parque para poder fazer um piquenique, foi a tarde mais feliz da minha vida.

Ela tinha todo um ritual que eu já tinha observado, ela sempre contava as mastigadas e sua comida era toda separada por cores, e naquela tarde sua fruta tinha que ser vermelha, então tinha levado morango, melancia, caqui, framboesa e cereja. Que depois tornaram-se suas frutas preferidas. Lembro que no final do dia ela estava com a cabeça encostada no meu ombro quando em silêncio observávamos o lago, ali eu sabia que já tinha entregado meu coração a ela. Não demorou muito para eu conhecer seus pais e ela conhecer minha mãe, embora só tivéssemos 14 anos, nossos pais apoiavam nosso namoro pois sabiam que não existia toda a malícia, era um amor em construção, respeitávamos o tempo e o espaço de cada uma. Quando tínhamos dois anos de namoro, os pais dela faleceram e ali eu achei que ia perdê-la, ela regrediu e mergulhou na dor do luto, João se perdeu para as drogas para anestesiar a perda, e na mesma época eu descobri o câncer da minha mãe, mas arrumei força onde não tinha e me desdobrei e cuidei dela e da minha mãe, comecei a trabalhar fixo e larguei a escola, mas estudava em casa para depois fazer o supletivo.

Mais para mim tudo valia a pena pois estava cuidando das mulheres da minha vida, com o passar dos anos ela foi melhorando, entrou cedo na faculdade, a saúde da minha mãe nunca foi a mesma, começou com um câncer de mama, depois foi surgindo em outros órgãos então a luta foi pesada e de muito aprendizado, e eu sempre batalhei para dar tudo para minha mãezinha até o seu último suspiro. Ela era uma mulher romântica e que até o final me falava que um dia a Bruna ia dá um jeito de voltar para mim, que ela me amava e amor igual ao nosso nunca acabava e sim se transformava, ela tinha tanta convicção nisso que morreu meses depois que Bruna foi embora segurando minha mão ela me fez prometer que eu acreditasse que o amor da Bruna ia voltar para mim e eu ia recebê-lo de braços abertos, que eu não perdesse a fé e que tudo tinha seu tempo.

Foi um momento muito difícil, perdi tudo de uma hora para outra, senão fosse pelo Ramon e sua família acho que eu tinha me matado, cheguei a tentar e chegar bem perto várias vezes e fui salva por eles. Aceitei ajuda profissional paga por eles e para terminar a faculdade que eu tinha perdido a minha bolsa junto com o meu emprego por toda acusação contra mim. Foram três anos esperando e rezando para ela voltar, mas nada, até que um dia depois de chorar minhas amarguras decidi chamar Luiza, na verdade não sei se foi eu ou ela que convidou, já que as duas estávamos ferradas por conta do amor. Mas quando deu um mês que estávamos saindo, que consistia em comer na frente da faculdade e ficar horas conversando, poucos beijos trocados, eu incentivada pelo Ramon tinha que eu precisava dar um passo nessa relação e transar, mas Luiza na hora me contou que era interssexual o que terminou com qualquer chance amorosa entre nós, o que era para ser uma noite de sexo terminou em um noite com nós duas embriagadas e chapadas rindo de tudo até de um duende que juramos estar nos perseguindo pela casa.

JUST A WEEKOnde histórias criam vida. Descubra agora