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Natasha Torres
13:30h - no tribunal

António me magoou e magoou consequentemente o amor restante que existia junto dele. O moreno queria apenas saber de provar para si mesmo que conseguia vencer isto sozinho, mas o que de facto ele não sabe é que todos nós, todas as pessoas precisam de alguém que lhes dê apoio, que as ampare.

António não queria isso! Ele apenas se limitava a machucar e a machucar mais os meus sentimentos fazendo tudo o que não era para fazer. Eu já o tinha avisado que se ele quisesse provar que ainda me merecia tinha que me provar......ele não estava fazendo isso e eu nenhum momento ele pensou em tal coisa.

Já estava na hora de entrar para a sala de audiências, mas com tantas coisas amontoadas em cima do juiz acho que ele precisaria de mais alguns minutos. Ninguém de facto facilitou lá dentro para a decisão final, ninguém quis saber de absolutamente mais nada.

— Pegue mãe! Fui de relâmpago buscar um chá para a senhora. Eu sei, eu sei que não gosta mas tente por favor. — Ferran super gentil se agachou perante mim. —Por favor!! — acrescentou acariciando meu cabelo.

— É hermanita, ele tem razão tens que estar bem.

— Bem? Que bem Vitor? Que bem pessoal? Ele não quis saber de nada disso.

— É, nós sabemos, mas pelo menos faz isso por nós. Por favor!!

— Tudo bem. Tudo bem.

Eles tentavam ser os mais compreensivos comigo. Eu não merecia todo este amor, eu jamais mereci, mas ver que eu consegui mostrar-lhes outra perspectiva do amor de mãe era algo surrealista. Eles me amavam e eu amava eles, não havia diferença de cor ou de idade quando se comparava ou até se equiparava ao amor de mãe.

— És a nossa mãe e sempre serás!

— Nada nem ninguém mudará isso. — completa S/n.

— Meninos! Vitor! Podem me dar um minuto com ela por favor?

— Claro vovô! Estaremos próximos. Qualquer coisa só chamar.

— Obrigada.

Duarte sempre gentil se sentou perto de mim e logo lhe ofereci o meu chá. Eu não ia beber e Ferran estava par disso e mesmo insistindo eu jamais consumiria um chá. Houve uma época que eu gostei mais de chá, mas agora isso mudou completamente.

— Duarte eu sinto muito que tenha que passar por isso, eu não quero de alguma forma atrapalhar a sua família com os meus desgostos.

— Nossa família querida. — Olhou para mim. —Nossa! Ninguém pode mudar isso, não mais.

— Eu sei, eu sei que não devia sentir ciúmes pois em 2002 eu nem o conheci, mas simplesmente é inevitável eu já havia comentado com a S/n acerca disso e ela...

— E ela afirmou que é natural pois tu o amas e só queres que ele seja feliz! É minha neta pode ter muitas qualidades e defeitos, todavia ela sempre diz a verdade. S/n é aquele tipo de mulher que equiparada á sua avó praticamente eram idênticas, já se formos mais para trás quando se trata de habilidades é ao seu bisavô Matheus.

— Ela sente imensa falta dela....todos sentimos.

— É realmente sim minha querida. — olhou para mim. —Mas agora. Agora nós vamos limpar essas lágrimas, respirar fundo e ir para a beira deles e não nos abalar mais....fazes isso por mim?! Por eles?!!

— Claro!

Liberei um pequeno sorriso.

Me tranquilizei e instantes depois fomos novamente todos chamados para a sala de audiências. Meu corpo ficou novamente pesado e uma carga em meus ombros foi colocada no mesmo instante que os olhos de António tocaram os meus.

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