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Natasha Torres
13:55h - do psicólogo a casa

António estava triste, mas as suas expressões corporais indicavam que ele ficou aliviado em contar tudo o que aconteceu. Ninguém é obrigado a guardar toda esta mágoa para ele próprio, ninguém é obrigado a fazer isto......mas vendo por outro lado o moreno simplesmente não queria que ninguém soubesse de como realmente ele se sentia verdadeiramente.

Ele chorava, era normal. Reviver tudo isto era demais para ele, a morte de um familiar próximo a nós nunca é fácil.....o mesmo eu digo de meu pai. Sua morte precoce me matou por dentro em vários aspetos.

— Posso ir na casa de banho? — o moreno o questionou após suspirar. —Só por um momento.

— Claro!

Ele neste momento precisava de um minuto sozinho e eu precisava de apenas um minuto com o psicólogo para entender o que de verdade eu podia fazer agora.

— O que acontece agora?

— Ele deitou tudo para fora é normal que isso agora comece a acalmá-lo. Ele viveu vários anos em luto, ou apenas o deixou de lado e começou á pouco a fazê-lo. Neste momento temos que o deixar absorver tudo o que ele falou, ele irá aliviar-se.....o que ele precisa agora é espaço e um tempo para processar tudo o que aconteceu.

— Muito obrigada. Eu queria fazer outra questão!

— Claro!

— Bem...não sei se faz parte do processo, mas ver o túmulo dele fazer-lhe ia bem neste momento?

— Foi enterrado em Portugal correto?!

— Sim! Tem alguma forma de ele ir lá e se inteirar que ele está mesmo lá?

— O luto tem várias componentes, algumas pessoas precisam se libertar, outras ficar com os entes queridos um pouco sozinhos e outros as duas coisas.

— Para ele é os dois correto?

— Sim Natasha é sim!

Cruzei os braços. António logo saiu e bebeu um copo de água, suspirou novamente e logo colocou as suas mãos nos bolsos do casaco.

— Podemos ir visitá-lo? Amanhã fará vinte e oito anos que ele partiu, ele está em Portugal.

— Claro. Claro que sim se isso de alguma forma lhe fará melhor podemos ir sim.

— Ótimo! Esperaremos pelo senhor amanhã no angar pelas 07horas da manhã.

— Tudo bem! Obrigada. Bom...até mais.

— Muito obrigada!!

O cumprimentamos e logo saímos da sala. Arrumei o meu cabelo e logo o moreno me pede a mão, neste momento ele precisava de carinho e de absorver tudo o que tinha acontecido. Não era fácil falar em assuntos como este após anos, eu fiquei triste por ele, eu fiquei simplesmente acabada com tudo.

Entrou no carro e nem uma palavra disse, ele estava abalado. Olhei para ele, coloquei a minha mão sobre o seu ombro e logo dei partida no carro....o nosso caminho final seria em casa.

Vitor já devia estar a sentir saudades de nós os dois, o moreno conseguiu depois de muito esforço voltar a falar com o seu cunhado favorito. Eles os dois amavam-se demais era até um alivio que ambos tinham feito as pazes.

Coloquei uma música calma e não demorou muito para chegar. Estacionei o carro na garagem e logo o moreno saiu disparado para dentro da casa.

Não falou com absolutamente ninguém!

Meddle AboutOnde histórias criam vida. Descubra agora