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[...]

António Torres
09:00h - em casa

Isto está sendo um pesadelo. Eu não estou a conseguir dormir de forma alguma, tantas coisas haviam sucedido, a perda de tudo em tribunal, o desgosto de Natasha, a notícia e a confirmação que ela já não mais vinha para cá e o pior de tudo o que fez meu mundo desabar de um momento para o outro, bater na minha filha, na minha princesa, sinceramente isto foi o colapso para mim.

Eu estava sendo CRUEL para ser GENTIL, porém eu não podia de alguma forma ser assim. Não conseguia mudar e simplesmente isso era auto destrutivo em pensar que talvez e muito acertivamente ela não me perdoaria em nenhum momento futuro.

Eu tinha perdido todas as minhas esperanças de reatar tudo com Natasha. Todos saíram de casa sem olhar para mim, todos nem para mim olharem e  mostram que não queriam saber de mim quando se despediram, mas no mínimo, bem no fundo eu sabia que merecia o DESPREZO de todos em meu redor.

(...)

António - treze horas antes

Todos saíram e nem uma só palavra me deram. Subi as escadas e andar pelos corredores que antes eram cheios de vida era a pior coisa que eu podia fazer, entrei numa quarto abrindo levemente a porta e talvez numa tentativa frustada de encontrar Natasha lá dentro. Nada! Eu sabia que ela não pisaria aqui tão cedo, não enquanto não acontecesse algo de mal.

Fui até ao closet e olhei para o meu lado esquerdo e todos os compartimentos, todas as prateleiras estavam vazias. Nada existia e simplesmente meu coração ficou ainda mais partido. Eu iria morrer de desgosto, um desgosto total. 

— DROGA!!!

Comecei a jogar tudo o que via pela minha frente ao chão e fui parado por meu pai me abraçando instantaneamente, me acarinhou e eu desabei no chão. Meus olhos reproduziram lágrimas repetitivas, meu rosto estava vermelho, meus punhos igualmente vermelhos e meu corpo quente como o inferno que habitava em mim.

Não queria que ninguém soubesse o que aqui se passou, não queria que ninguém soubesse o que de facto se passava comigo, eu tentei, eu tentava ao máximo ser uma pessoa diferente, mas nada, nada além do fracasso estava presente em mim neste momento.

— Calma! Calma! Calma meu amor. Oh filho. — meu pai acariciava minha cara. —Tudo vai passar.

— Eu as magoei pai, eu magoei quem sempre esteve comigo. Eu magoaei que amava quando não consegui resolver os problemas na maior tranquilidade. — choro mais persistente eu tinha. —Ei bati nela, eu bati na minha filha! Eu sou horrível.

— Tudo vai ficar bem meu amor. Vamos ultrapassar. Vem, vamos dormir um pouquinho.

— Eu não quero. — me levantei com mais raiva de mim. —Nao quero sonhar o que aconteceu.

— LOPEZ!!! — meu pai gritou pelo seu nome. LOPEZ.

Eu era um livro aberto, minha história não tinha acabado e eu ainda estava apenas na página 500 de muitas mais. Eu simplesmente não poderia ser derrotado pelo inimigo que habitava dentro de mim, eu tinha que ultrapassar isto custe o que custasse.

— Qual é o meu problema pai? O que se passa comigo?

— Nada! Nada se passa.

Ele tentava-se enganar, mas eu de facto sabia que existia algo de errado comigo. Eu sabia que tinha sido um homem egoista, maldoso e agressivo com quem menos tinha a ver.

Meddle AboutOnde histórias criam vida. Descubra agora