[...]13.02.1997
António Torres
03:56h - no hospitalMinha mãe me abraça todos os minutos. Eu estava tendo ataques de ansiedade a todas as horas por não saber de notícias nenhumas e de instantaneamente me culpar por tal situação. Isto não devia ter acontecido e se talvez, apenas um talvez tivéssemos ido embora mais cedo nada disto estava agora a acontecer.
Uma porta foi aberta. Era minha irmã correndo até nós e Jonnas andando devagar com meu bisavô. Merda! Como é que eu iria dizer que fui eu o culpado. Sempre me diziam que não fui eu que o causei, mas se ele tivesse ido no meu carro isto não teria acontecer.
Eu sei que sim! Meu corpo acreditava numa redenção, porém para a minha mente isso estava muito longe de acontecer.
Eu morreria pelo meu avô voltar á vida, mas ele não viveria sabendo que eu morri....eu no meu íntimo sabia disso, mas era doloroso demais para mim processar tudo isto.
Jonnas e meu bisavô se aproximaram de nós e mais lágrimas desceram pelo meu rosto. Era eu que tinha que dizer eu já tinha dito isso a meus pais, era eu que devia dizer-lhe que seu filho já não mais se encontrava connosco. Agora eram apenas as fotografias e as memórias que não nos fariam esquecer dele.
— O que aconteceu? — meu bisavô se pronunciou.
— António tem algo a dizer-lhe avô.
Engoli em seco, me coloquei em pé na frente dele, sequei minhas lágrimas existentes na minha cara e logo suspirei. Controlei meu coração e a tremedeira e minha mãe estava me segurando a mão a acariciando em todos os minutos.
— Eu.....eu.....eu sinto muito. Fui eu! Me culpe, faça o que quiser comigo, mas não diga que eu não o tentei ajudar. Eu, eu queria ter ido para casa mais cedo, mas ele estava tão contente no evento.
— O que estás a querer com isso? Ele está vivo não está? Vovô está vivo não é maninho?! — minha irmã me questionou.
— Bisavô! Me perdoe. Ele, seu filho. Ele! Á droga! Ele morreu. Eu não queria, era para eu estar naquele carro com ele era a mim que a morte devia ter levado não a ele.
— Seu maldito! Seu covarde! Tiraste a vida do nosso avô só para estares vivo. Eu odeio-te tanto, eu odeio-te tanto António. — Jonnas a trava enquanto meu pai amparava seu avô. —Ele o matou Jonnas, me solta.
— Eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo.
Eu tinha uma raiva tremenda dentro de mim. Eu me culpava bastante por isto. Larguei a mão de minha mãe e comecei a andar até á porta que dava para a recepção das urgências do hospital até que uma voz é liberada, meu bisavô me chamou.
— António! — mais uma vez. —Vem cá.
Virei para eles e logo fui a correr o abraçar. Eu estava me culpando por algo que não fui eu a fazer, mas era simplesmente inevitável, a dor era irreversível e se eu mudasse tudo isto talvez, apenas um talvez todo este dia fosse diferente.
— Tudo bem meu amorzinho! Tudo bem, tudo ficará bem.
— O senhor não me culpa?! — falei soluçando.
— Não! Eu não culpo, acidentes acontecendo, estou triste, acabado, magoado com tudo, sim, estou, mas o destino sempre nos prega partidas. Tua irmã agora precisava processar tudo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meddle About
Romance• Livro 1 da Saga "Os meus Ceos" • +16|| A história de Natasha Costa e António Torres traz à tona um romance emocionante e repleto de desafios. Natasha, uma mulher trabalhadora e resiliente, é conhecida por sua disposição em ajudar os outros e por...