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• Atualmente •

Natasha Torres
18:40h - da empresa ao hospital

Ter que lidar com as memórias, ter que lidar com os desapegos e acima de tudo ter que lidar com o facto que meu pai está realmente morto faz com que meu corpo se transforme em uma angústia sem fim.

Quem em dera ser jovem e te abraçar pela última vez, quem em dera que fosse o tempo certo para termos os nossos últimos momentos juntos, pois antes de dele morrer eu me afastei.....não por desejo, mas sim por obrigação. Eu jamais queria que as coisas tivessem sido assim.

Escrever esta carta sobretudo fez-me refletir que o passado sempre volta, as dores e o sofrimento enquanto escrevia forma de certa forma colocadas neste papel, mas as lágrimas que derramei essas já não as conseguia ter mais de volta. Eu sentia tanto a falta dele que nem mesmo que conseguia dizer ao certo como em sentia no meio de tudo isto.

Por fim me levantei, fui até á janela, coloquei minhas duas mãos apoiadas no armário e olhei pela janela. Minutos depois retornei o meu olhar para baixo e estava em frente a uma foto de meu pai comigo e com Vitor. Aquele momento foi o melhor da minha vida. Aquela sensação, aquele dia eu jamais esqueceria.

— Hermanita! — Vitor entrou. —Vou embora para casa, Rebecca deve já estar preocupada comigo, ficas bem?

— Claro vai.

— Está tudo bem? — veio ao meu encontro.

— Nada não. Vai, mas quem tem saudades não é ela, és tu! Arthur e ela estão bem.

— Aham, sei. Suponhamos que tenha acontecido algo eu tenho que saber, ela já não me telefona á duas horas.

— Chato! Vai, vai lá. Diz como a Emma está depois.

— Vez também te preocupas.

— Eu preocupo-me é se resolves pegar fogo á casa isso sim!!! — ri. —Vai! Fica bem. Cuidado com a estrada.

— Eu sei cuidar-me! Já sou pai. Bom... — beijou minha bochecha. —Eu vou indo. Fica bem hermanita!!!

— Eu fico seu chato! Diverte-te!.

Ele era um máximo. Ele era igualzinho a mim e ao nosso pai, sempre atencioso e preocupado......a meu ver Vitor também seria um excelente pai, ele era perfeito e contando com tudo o que está a acontecer ele conseguia ter o seu psicológico muito melhor que o meu devo admitir.

Para mim já passou a época de eu estar bem. Tantas perdas, tantos desgostos, tantas confusões que tanto a minha mente e meu coração já estavam em sintonia quando tudo piorava.

Me sentei por mais um pouco para trabalhar até que ouço a voz de S/n bastante preocupada. Me levantei e logo ela adentra na porta ofegante, para ela ter vindo algo tinha acontecido de bastante grave, não queria pensar no pior, mas quando ela veio até mim eu senti seu corpo desabar em tristeza.

— Ei! Querida, o que aconteceu vá relaxa. Me fala senta-te.

— Eu não posso. Eu não posso mamãe!

— O que se passa, vá diz-me.

— É a Patrícia! — meu mundo desabou. —Ela! Ah droga! Ela, meu Deus, como eu vou dizer isto. Ela.... está no hospital  mamãe, o apartamento abaixo dela pegou fogo. Mamãe!!! Não quero que ela morra, ela não. — suas lágrimas partiam o meu coração.

— Vamos! Vamos já para o hospital. E os filhos dela?

— Eles! Ah droga! Eles iam sair em família e como sabes hoje Lopez tirou o dia para estar com eles e....e aconteceu isto. Mamãe.

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