Capítulo 33: Negro Drama

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Olá, acho que vocês não estavam esperando uma att no sábado, né? Mas quis trazer mais um capitulo para vocês.

Quero dizer que estou extremamente feliz pois atingimos um pouco mais de 70k de leituras, é uma alegria imensa saber que mais pessoas estão conhecendo essa história tão importante e especial para mim.

Confesso que esse capítulo me causou um pouco de desconforto ao escrever e vocês provavelmente vão entender o motivo. Mas é algo necessário.

Estou viciada em escrever na visão da narradora, perdão para quem não curte. Mas acho bom, pois mostra mais de uma perspectiva. Enfim, boa leitura a todos e um ótimo final de semana. ❤️

Os erros irei corrigir em algum momento...

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Eu faço uma oração para uma santa protetora
Mas sou interrompido a tiros de metralhadora
Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela
O pobre é humilhado, esculachado na favela – Rap da felicidade Canção de Cidinho & Doca

Point Of View — Narradora

Sexta-feira tinha tudo para ser um dia agradável, se não fosse pelo fato de que, naquele dia específico, as coisas estavam um pouco agitadas no Dendê. Camila acordou cedo, como sempre. Não conseguia ficar até tarde na cama; se o fizesse, seu corpo doía, fruto da falta de costume. Além do mais, precisava tirar as crianças da cama e começar o dia.

Hoje, em específico, ela iria acompanhar dona Ana em uma consulta de rotina. Precisavam saber se o tratamento da mulher estava surtindo efeito ou não. Camila se arrumou em silêncio, ouvindo apenas o agito normal da favela. Os sons familiares a envolviam: o barulho dos vizinhos já na ativa, as crianças correndo pelas vielas e o eco distante de uma música alta que alguém tocava.

Amarrou o cabelo em um coque meio frouxo, algo simples, mas que nela ficava tão bonito. Alguns fios soltos na frente ela enrolou no dedo para deixá-los mais ondulados e charmosos. Vestiu um vestido claro, meio floral, que batia um pouco acima dos joelhos. Era daqueles tecidos leves que se compram em liquidações; ela amava esse tipo de vestido e tinha vários, sendo uma grande fã deles. Na parte de cima, o vestido era mais apertado, realçando sua silhueta.

Optou por um tênis branco, pois tinha a impressão de que usar sandálias em lugares mais "formais" dava uma sensação de desleixo. Passou perfume, cremes e protetor solar no rosto antes de sair do quarto, carregando sua pequena bolsa com documentos, celular e um gloss, que aplicaria depois do café.

Camila bateu na porta do quarto dos dois mais novos e, para sua surpresa, Jorge já estava de pé, terminando de colocar algumas coisas na mochila.

— Bom dia, amor, tudo certo? – perguntou amorosa, e ele concordou, desejando bom dia com seu tom baixo habitual pelo horário. Camila se aproximou da cama da caçula, que resmungou ao ouvir seu nome sendo chamado baixinho. – Acorda, princesa, está na hora –relembrou, e a menina abriu os olhos aos poucos. Maria piscou algumas vezes e coçou os olhos.

— Meu pé tá doendo – foi tudo o que ela resmungou em tom manhoso. Camila se aproximou da cama e tocou no pé da garota, que estava esticado sobre o colchão. Ele apresentava alguns machucados causados pela sapatilha de balé e pela dança em geral.

— Tem que ficar bom, mãezinha. Não posso fazer feio na apresentação. – disse a garota em tom choroso, e Camila suspirou.

— Filha, você quer ficar em casa hoje? Pode machucar mais no ensaio... – comentou preocupada. O maior problema de Maria era a cobrança excessiva que tinha em relação a tudo que se propunha a fazer. Desde que soube que iria se apresentar, começou a se cobrar mais nos ensaios, querendo fazer bonito na frente de todo mundo.

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