Olá a todos, bem-vindos à minha mais nova história. Não diferente das minhas outras duas, esta se passa no Rio de Janeiro. Aqui, vamos explorar dois mundos distintos: o da favela e o da elite. As atualizações ocorrerão sem dias ou horários específicos, então, salve na biblioteca para não perder nenhum capítulo. Esta narrativa é mais dramática e realista. Espero que apreciem.
Lembrando que essa história é um romance lésbico, quem não gosta, não leia! 💋
Iria postar só amanhã às 18hrs, mas não me aguento. Então, oficialmente o primeiro capítulo está entre nós, espero que gostem. 🥹❤️
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Eu só quero é ser feliz
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é
E poder me orgulhar
E ter a consciência que o pobre tem seu lugarPoint Of View — Karla Camila dos Santos e Souza
Viver no Dendê está longe de ser algo tranquilo e fácil, mas é aqui que estou desde que nasci. Tenho trinta e cinco anos, sou empregada doméstica e mãe de duas crianças. Jorge, meu filho mais velho, completou quinze anos há um mês, e faz seis meses que ele desapareceu. Maria Aparecida, a mais nova com dez anos, é a menina dos meus olhos, e eu a protejo ao máximo para não perdê-la da mesma forma que perdi meu filho. Minha irmã mais nova, Geise Carolina, sempre viveu conosco desde o início. Ela é mais como uma filha mais velha para mim, minha melhor amiga, sempre presente para ajudar.
Geise está trilhando o caminho para se tornar médica, sendo meu grande orgulho. Seu ingresso na faculdade foi um momento marcante, estudando em meio ao caos, improvisando uma mesa de estudo sobe a tábua de passar roupa. Após dois anos de tentativas, ela conquistou o primeiro lugar. Em momentos de desânimo, eu não permiti que ela desistisse. Sua entrada na universidade representa uma virada significativa na nossa família, encerrando um ciclo de mulheres que foram empregadas domésticas, suportando abusos e humilhações por necessidade. Fiz uma promessa a mim mesma quando minha mãe nos deixou: faria de tudo pela Geise para que ela tivesse uma vida diferente.
O desaparecimento de Jorge ocorreu sem explicação em um dia qualquer. Ele foi visto pela última vez com agentes da polícia militar, que, em depoimento, alegam ter deixado meu filho no morro e afirmam não ter ideia do que aconteceu. No entanto, não sou ingênua; sei que há muitos policiais corruptos capazes de tudo por aí. Devido à ligação com a polícia, sinto que o caso não está avançando como deveria. Falta investigação e empenho em encontrar meu filho. E não é só o meu filho; Jeferson, o outro menino que desapareceu junto com Jorge, também parece ter sido esquecido. Na verdade, Jorge, Jeferson e Cleyton sumiram juntos, mas Cleyton foi encontrado no dia seguinte com vida. Em seu depoimento, ele relata ter sido levado para um matagal com os amigos, onde os policiais não pouparam agressões, causando seu desmaio. Cleyton acordou no dia seguinte em uma viela dentro do Dendê.
Nós, as outras mães da comunidade, nos mobilizamos intensamente. Já produzimos cartazes, panfletos, camisas e participamos de protestos, pois não íamos sossegar até obtermos respostas. O que esses meninos tinham em comum? A cor da pele. Três garotos de pele preta, alvos de um estado genocida. A vida do pobre, preto e favelado não é considerada importante pela elite; para eles, nossa existência é tanto faz como tanto fez.
Morar na favela intensifica a desigualdade; aqui, testemunhamos de tudo, nada nos é poupado. A polícia acredita que pode invadir nossas casas, arrombando portas, disparando tiros e revirando nossas coisas, afinal, para eles, na favela, só existe bandido. Estão completamente enganados; aqui vivem pessoas de bem, trabalhadoras e honestas, que apenas desejam poder andar livremente, serem felizes e proporcionar um futuro melhor para suas famílias.
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Onde Estará O Meu Amor
Hayran KurguKarla Camila dos Santos e Souza, reside no Morro do Dendê, no Rio de Janeiro, enfrenta as adversidades da vida ao criar seu casal de filhos em meio a dificuldades. Como tantas outras mães, Camila se vê imersa na angustiante realidade de ter um filho...