Capítulo 46: Quero que venha comigo.

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Depois que o jogo terminou, com uma vitória incrível do nosso time, esperamos Adam estar livre antes de irmos todos pra uma pizzaria. Adam realmente não tinha trazido ela para apresentar aos outros, mas eu imaginava que Taylor também não queria isso por enquanto e deveria estar comemorando a vitória junto com os próprios irmãos.

Era um pouco caótico ver todos os irmãos de Caleb juntos, porque eles falavam ao mesmo tempo, se provocavam e riam de uma forma que eu não sabia em qual deles prestar atenção primeiro. Mas eu estava me divertindo, porque eles estavam fazendo eu me sentir parte daquilo de verdade.

—Éramos adolescentes terríveis. Costumávamos deixar os vizinhos furiosos. —Emma afirmou, e Bia concordou com a cabeça na mesma hora, parecendo tentar conter uma risada. —Ovos em caixas de correio. Estalinhos embaixo de tapetes. Ratos de mentira. Quase deixamos nossa mãe descabelada.

—E os quatro não eram diferentes de nós. —Bia gesticulou na direção das gêmeas, de Caleb e de Adam. Eles estavam prestando atenção na conversa e trocaram um olhar cumplice, antes de rirem. —Eles eram piores. Muito piores.

—Isso não é verdade. Não fizemos nem metade do que vocês costumavam fazer. —Adam rebateu a irmã, que lançou a ele um olhar sarcástico. Não conseguia imaginar os quatro aprontando alguma coisa juntos, mas sabia que Bia estava falando a verdade.

—Vocês se juntaram pra encher de papel higiênico o carro de um idiota que mexeu com o Caleb. —Anne apontou para Caleb ao meu lado, que soltou uma gargalhada na mesma hora, como se estivesse se lembrando daquilo. —E não podem negar, porque temos provas.

—Claro que tem, eu tirei foto. —Hazel revirou os olhos, enquanto eu me surpreendia em saber que ela tinha participado disso, porque jurava que ela era completamente certinha. —Ele era um idiota e merecia. Merecia mais, inclusive.

—Pelo menos ele deixou o Caleb em paz depois disso. —Hannah murmurou, e eu olhei para Caleb, me perguntando quem era o cara e o que ele tinha feito Caleb para merecer isso.

Uma pontada desagradável atingiu meu peito quando me lembrei da conversa que tinha ouvido. Não tinha contado nada a Caleb, mesmo que eu sentisse que ele merecia saber. Mas sabia que ele já estava incomodado demais com aquela situação no escritório. Eu nem sabia direito como as coisas estavam pra ele lá, mas sabia que tinha alguma coisa errada.

—O que foi? —Caleb questionou, tocando minha bochecha com a ponta dos dedos. O calor se espalhou da pele dele para a minha, causando um arrepio pelo meu corpo quando engoli em seco. —Você ficou séria do nada. Parece até tensa.

—Só me lembrei de uma coisa. —Balancei a cabeça negativamente, não querendo estragar o momento com aquilo. Olhei para Caleb e abri um sorriso de novo, porque estava feliz de estar ali com ele. —Seus irmãos são maravilhosos.

—Eu sei, eles são os melhores. —Caleb se virou para Kyle, que estava todo empolgado mostrando foto das três filhas para Adam.

Caleb já tinha me contado no caminho até a pizzaria que ele tinha 10 sobrinhos e o décimo primeiro estava a caminho. Todos eles tinham ficado com o avô e foi inevitável não me questionar como ele conseguiria cuidar de todas essas crianças sem enlouquecer. Todas as vezes que eu ficava com Madison, ela sugava minhas energias em minutos, sendo apenas ela.

Eu tinha conhecido um pouco mais da família de Caleb também. Sabia que Emma e Peter eram filhos do primeiro casamento da mãe dele, assim como Zack era filho do primeiro casamento do pai. Mas nenhum deles era meio filho. Eles agiam como uma família completa e isso me fazia entender o porquê de eles serem tão unidos. E eu entendia, porque Nicholas podia não ser meu irmão de sangue, mas ele me amava como se fosse, assim como amava meus pais como pais dele.

—Peter não vai contar para Nicholas que nós dois... —Gesticulei entre a gente, sem saber o que tínhamos para dar um nome. Caleb franziu a testa, antes de entender o que eu queria dizer e negar com a cabeça.

—Ele não vai falar nada. Nenhum deles vai. —Prometeu, me dando um sorrisinho fácil e tranquilo. —Você não precisa se preocupar com nada, Elisa. Entre nós, quero dizer. E se alguma coisa mudar ou acontecer, você vai ser a primeira a saber.

Caleb

As coisas estavam indo bem. Bem demais, pra falar a verdade. Eu e Elisa estávamos nos vendo todo dia. As coisas no escritório tinham melhorado, porque Luc tinha me afastado dos trabalhos com Reynolds. Eu passava mais tempo resolvendo questões para Luc e aprendendo com ele coisas novas, além de poder trabalhar com Julian em alguns casos. Não sabia se alguma coisa tinha acontecido, mas estava feliz com a mudança.

Três semanas depois do meu primeiro beijo com Elisa, eu tinha a sensação que sabia onde nós dois estávamos indo. Tinha aprendido as coisas que ela gostava nos últimos dias, além de a conhecer melhor do que eu esperava. Ela me respondia de forma afiada quando eu tentava provoca-la de alguma forma e ficava incrivelmente tímida quando eu fazia um simples elogio. Sabia que Elisa gostava de ser mimada, porque foi assim que ela foi criada, então era exatamente assim que eu a tratava.

—Você vai me mandar flores toda semana? —Elisa questionou, enquanto eu a puxava para baixo nas arquibancadas do campo de beisebol. Eu tinha acabado de sair do treino quando a vi sentada lá, toda sem graça, me esperando. —Meu pai acha que eu estou namorando e minha mãe fica jogando indiretas de que quer te conhecer.

—Por que você está falando como se isso fosse um problema? —Ergui as sobrancelhas, ficando de frente pra Elisa quando estávamos longe dos olhos de todo mundo. Ficar as escondidas tinha suas vantagens, porque não havia ninguém para nos atrapalhar ali.

—Achei que você não quisesse que meu pai soubesse. —Sussurrou, pegando o taco de beisebol da minha mão, sem olhar pra mim ao dizer aquilo. Sabia que era só porque estava ansiosa. Elisa nunca olhava nos meus olhos quando citávamos o seu pai, mesmo que tivéssemos evitado o assunto desde que começamos a sair.

—Eu nunca disse que não queria. —Rebati, tomando o taco das mãos dela e usando a outra mão para tocar seu queixo e faze-la olhar pra mim. —Eu não queria que um problema entre nós dois acabasse fazendo seu pai me tirar do estágio. Mas as coisas estão bem diferentes entre nós agora. Você não me odeia mais.

—Então você não se importa se ele descobrir? —Elisa mordeu o lábio, esperando por uma resposta minha, enquanto encarava meus olhos, como se buscasse por alguma hesitação.

Passei um braço ao redor da cintura dela e a puxei para mais perto de mim, enquanto a outra mão envolvia sua bochecha. Olhei bem para Elisa, me perguntando se me importava com alguma coisa além dela. Claro, eu me preocupava com meu estágio. Ainda era o meu futuro. Mas a cada dia que passava, eu tinha a sensação que Elisa também era meu futuro.

Pensei em algo que Zack havia contado uma vez. Ele conhecia Bia desde que eles eram crianças, quando meu pai se casou com a minha mãe. Bia nunca o suportou, porque ele implicava com cada fio de cabelo dela. Mas eles eram só crianças que nunca se deram bem, até Bia ficar longe por anos e voltar. Zack disse, com uma certeza completa, que quando olhou pra ela quando os dois se reencontraram, que ele sabia que ela seria seu futuro.

Emma costuma dizer que os dois nasceram um para o outro e que era pra ser desde o início. Se o primeiro casamento dos meus pais tivesse dado certo, eles nunca teriam se encontrado por acaso e se apaixonado e a Bia e o Zack nunca teriam se conhecido. Mas eles se conheceram, assim como meus pais estavam destinados a se encontrarem. Eu, Kyle, Hannah e Hazel somos a prova do amor deles.

—Vamos pra Aspen amanhã, passar o final de semana. —Afirmei, porque não tinha outra resposta pra Elisa além daquela. —Quero que venha comigo, Elisa.



Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora