Elisa
Eu estava nervosa. Não queria criar expectativas e esperar demais de Caleb, porque já tinha feito isso e acabado me decepcionando. Mas a forma como ele me pediu para conversarmos, me fez ter uma pontada de esperança de que tudo podia realmente se resolver, porque ele queria isso. Mas não tinha pensado no fato de ele entrar no meu quarto quando o convidei pra vir até minha casa.
—Fique a vontade. —Falei, sentindo meu coração martelando no meu peito quando Caleb entrou e olhou ao redor, observando os detalhes do meu quarto com curiosidade.
Ele não tinha mentido quando disse que eu era mimada demais pelos meus pais. Eu realmente era, de uma forma que havia tantos detalhes pelas paredes e pelas prateleiras. Presentes que eu tinha ganhado e coisas que eu havia pedido e ganhado sem muito esforço. Mas eu tinha a sensação de que isso era normal, quando meus pais sofreram tanto para me ter.
Caleb parou no meio do quarto e se virou para me observar levar o coelho de pelúcia enorme até a poltrona perto das portas da varanda. Vi os olhos dele se demorarem no vaso de rosas brancas em cima de uma mesinha ao lado da poltrona. As rosas que ele havia me dado. E pelo sorriso que ele abriu, era óbvio que estava feliz por ver o lugar que eu tinha dado a elas.
—Não sabia que tínhamos companhia. —Comentou, soltando uma risada quando o gato preto e branco saiu de dentro do closet e se esfregou nas pernas dele, deixando sua calça preta cheia de pelos.
—Esse é o Merlin. —Falei, me aproximando de Caleb pra tirar o gato de perto dele, porque nem todo mundo gostava. O peguei no colo, vendo Caleb franzir a testa.
—Merlin? Tipo o mago do rei Arthur? —Indagou, e eu dei de ombros, fazendo-o rir e erguer a mão pra acariciar a cabeça do gato, que ronronou na mesma hora, amando o carinho. —Minha irmã tem uma mini tartaruga, mas ela queria um sapo de estimação.
—Isso é incomum. —Falei, soltando uma risada ao pensar em alguém tendo um sapo como bicho de estimação.
Caleb afastou a mão de Merlin nesse instante, parecendo ser pego de surpresa pela minha risada, porque estava observando meu rosto de uma forma quase perdida. Parei na mesma hora, comprimindo os lábios quando a ansiedade explodiu nas minhas veias. Ele estava mesmo ali, no meu quarto. A Elisabeth de 15 anos jamais acreditaria que isso está acontecendo.
—Meus pais não vão demorar. —Afirmei, soltando Merlin em cima da minha cama. Ele miou e disparou pra dentro do closet de novo, onde ele mantinha seu esconderijo favorito. —É melhor não enrolarmos, ou você vai acabar dando de cara com o meu pai e acho que isso não seria legal.
—Eu fiz você pensar que tudo isso era pelo seu pai, né? —Caleb ergueu a mão e puxou os cabelos pra trás, enquanto eu me sentava na ponta da minha cama, me preparando para aquela conversa.
Ele não estava usando óculos naquele momento, o que me fez sentir uma pontada de decepção, porque ele ficava atraente demais com eles. Mas também era bom, porque eu não podia me deixar levar por qualquer coisa bonita ou atraente nele. O problema é que eu estava sentindo um frio enorme na barriga, sempre que ele se aproximava demais de mim.
—Escuta, sei que foi isso que eu dei a entender nos nossos primeiros encontros. E eu vou ser super sincero, esse estágio é muito importante pra mim. Estou tentando ele desde que entrei na faculdade, Elisa. —Caleb se sentou ao meu lado, encarando o chão enquanto falava, como se tivesse pensando muito naquilo. —Meus dois irmãos fizeram estágio com seu pai e eu queria seguir os passos deles pra deixá-los orgulhosos. Pra deixar meu pai orgulhoso, porque ele também é um advogado incrível. Não quero cometer algum erro que vá manchar meu currículo, porque esse trabalho é meu sonho há muito tempo. Então não vou pedir desculpas por ficar com medo de que isso entre nós dois possa acabar causando um problema com seu pai.
—Tudo bem. —Soltei uma respiração pesada, assentindo com a cabeça, porque ele não estava sendo grosseiro ou frio. Ele só estava sendo sincero. Estava se abrindo pra mim. —Eu entendo você. Se algo amaçasse meu trabalho, meu futuro, eu também agiria assim. Então eu entendo você. E não precisa se preocupar, eu jamais faria algo que te prejudicasse.
—Eu sei que não faria. Você tomou gosto em ser maldosa comigo, mas não faria nada a esse ponto. —Ele abriu um sorriso e ergueu a cabeça pra me encarar. Nossos olhares se encontraram e algo se agitou dentro de mim, fazendo minha respiração falhar.
—Desculpa se eu fui maldosa com você. —Falei, envergonhada, porque eu seria infantil demais se não fizesse aquilo. —Eu acho que sou rancorosa demais.
—Você teve motivos pra guardar rancor. Elisa, eu realmente me arrependo de como as coisas ficaram aquela noite. Eu não deveria ter omitido de você o que tinha feito. Na verdade, eu deveria ter falado com você antes de ligar pro seu irmão.
Ele fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente, antes de me encarar de novo. O arrependimento nos olhos dele causou um aperto no meu peito. Principalmente quando ele segurou minha mão e acariciou meus dedos com o polegar. O carinho me fez estremecer, ao mesmo tempo que meu coração chegava a garganta.
—Não sei porque não fiz essas coisas. Não passou pela minha cabeça em nenhum momento. E eu sei que isso é uma desculpa de merda. —Afirmou, e nós dois não desviamos os olhos um do outro, porque aquele era um momento tão importante. —Você era nova e estava lá por minha causa. Você me falou aquelas coisas logo depois de eu ter ligado pro Nicholas e eu sabia que iria estragar tudo. Que eu ia quebrar aquela noite. Você merecia mais, Elisa. Você merecia mais naquela noite e merece mais agora.
—Eu desculpo você. —O sorriso que ele me deu ao me ouvir quase fez meu coração doer de tão bonito que era. —Eu estava errada. Não deveria ter ido naquela festa daquele jeito.
—Eu também já fiz coisa errada quando era bem mais novo. Na verdade, muitas. —Ele fez uma careta ao mesmo tempo que soltava uma risada, o que me fez sorrir. Desviei os olhos quando ele encarou meu sorriso, sentindo minhas bochechas esquentarem. —Estamos bem, Elisa?
—Estamos bem. —Assenti, erguendo a cabeça quando ele subitamente se inclinou pra perto de mim.
Meu coração explodiu em milhares de pedaços quando a mão dele envolveu minha bochecha. A palma da mão quente causando um arrepio pela minha pele, enquanto seus lábios tocavam minha testa em um beijo tão carinhoso que fiquei sem fôlego.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todos os lances da conquista / Vol. 1
RomansaCaleb Carson é o rebatedor do time de beisebol da universidade e a promessa do esporte para a próxima temporada. Mas mesmo que o beisebol seja sua paixão e todos lhe digam para segui-lo, seu maior sonho é voltar para Aspen e trabalhar no escritório...