Capítulo 26: É melhor eu ir.

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Caleb

Real oficial, eu odiava gatos. Não havia menor possibilidade da mãe de Elisa me encontrar ali, se não fosse por causa daquele maldito gato, que estava sentado na minha frente, miando desesperado enquanto me encarava, como se esperasse por alguma coisa vindo de mim.

—Merlin, fica quieto. —Sibilei na direção dele, que miou ainda mais alto, se levantando e vindo se esfregar nas minhas pernas.

Escutei a mãe de Elisa perguntando sobre o gato, o que fez meu coração chegar a garganta quando pensei na possibilidade de ela me pegar ali. Peguei o gato no colo, comprimindo os lábios quando ele miou de novo, antes de começar a ronronar quando passei a mão na cabeça dele. Mas pelo menos ele parou de miar, mesmo que agora eu quisesse matar o gato por ser tão mimado.

Olhei para a porta, escutando meu coração martelando na minha cabeça quando escutei os passos dela se aproximando, assim como Elisa insistindo que não deveria ser nada. Eu não era a mãe dela, mas se fosse, certamente estranharia a forma como Elisa está agindo. Ela poderia ter fingido muito bem que não me conhecia, mas era péssima tentando disfarçar o próprio nervosismo.

Soltei Merlin no chão, o que o fez miar igual um desesperado na minha direção, como se quisesse que eu o pegasse no colo de novo. Olhei ao redor, procurando por algum lugar que eu pudesse me enfiar para que a mãe de Elisa não me visse. Disparei na direção da porta, lançando um olhar mortal ao gato quando ele miou de novo, antes de me enfiar atrás da porta quando ela foi aberta.

Encolhi o corpo o máximo que conseguia, ficando completamente grudado na parede, como se fosse me fundir a ela. A porta quase bateu na minha testa, enquanto eu tentava não fazer qualquer barulho. O maldito gato tinha parado de miar com a chegada das duas, me dando certeza de que ele só queria que eu fosse pego.

—Que estranho. —Escutei a mãe de Elisa murmurar, enquanto eu comprimia meus lábios e negava com a cabeça sem parar, porque ter ido até ali tinha sido uma péssima ideia.

—Ele deve estar com fome. Eu também estou, na verdade. Vai lá se trocar pra gente jantar. —Elisa falou, praticamente expulsando a mãe dela do closet.

—Nem você trocou de roupa ainda, Elisa. —A mãe dela soltou uma risada, mas saiu do closet e fechou a porta no processo.

Relaxei contra a parede, antes de afastar as mangas dos casacos que estavam pegando no meu rosto. Fiquei parado naquele cantinho, esperando que a barra estivesse limpa pra eu sair. Observei as roupas de Elisa, percebendo o quão organizada ela era, além do tipo de roupas e cores lembrarem mesmo uma princesa. Definitivamente, tudo ali combinava com ela.

Abri um sorriso ao lembrar de como as coisas estavam entre nós antes da chegada da mãe dela. Ela tinha mesmo me perdoado, a ponto de eu conseguir arrancar alguns sorrisos lindos dela. Só de lembrar, algo se agitava no meu peito, fazendo o calor se espalhar pelo meu corpo como eletricidade. Uma reação química.

—Caleb? —Elisa abriu a porta do closet com tudo, tacando-a na minha testa com força. Soltei um gemido de dor, antes de empurrar a porta até ela fechar com um baque, que a assustou no momento que ela se virou e viu onde eu estava.

—Pensei que a gente tinha feito as pazes. —Afirmei, erguendo a mão para esfregar minha testa dolorida, enquanto Elisa ficava vermelha e levava a mão a boca.

—Me desculpa, eu não sabia que você tinha se escondido ai. —Ela se aproximou pra olhar minha testa, tocando minha bochecha com a ponta dos dedos gelados, o que me causou um arrepio e me fez engolir uma quantidade considerável de saliva, porque Elisa precisou ficar na ponta dos pés para olhar minha testa, o que a deixou perto demais do meu rosto. —Só está um pouco vermelho. Não foi nada demais.

—Tentativa de assassinato. E o seu gato ia ser cumplice. —Retruquei, o que a fez soltar uma risada alta, antes de levar a mão a boca, como se estivesse com medo que alguém ouvisse. Abri um sorriso, sentindo minha pulsação disparar ao reconhecer aquele brilho de felicidade nos olhos dela.

—Você precisa ir embora daqui. Meus pais estão no quarto, mas não vão demorar a sair. —Elisa tirou a mão do meu rosto, encarando meus olhos e parecendo sem graça quando se deu conta de que eu não tirava os olhos dela.

Me inclinei pra frente, erguendo a mão para ajeitar os cabelos bagunçados dela. Sua respiração se acelerou ao mesmo tempo que ela engoliu muito lentamente, como se tivesse ficado subitamente ansiosa. Minha boca ficou seca quando a senti ficar arrepiada, quando meus dedos roçaram na sua bochecha.

Me aproximei mais dela, sentindo como se tivesse um imã entre nós dois. Ela não desviou os olhos de mim um segundo sequer, mesmo que suas bochechas estivessem super coradas. Seus lábios se abriram, quase como um convite, enquanto aquele verde nos olhos dela se tornava mais profundo, como se ela me desafiasse a ir em frente.

Mordi o lábio quando sua respiração tocou meus lábios, desejando tanto aquilo que chegava a doer. Tinha desejado aquilo antes, quando não podia. Mas agora eu podia e ela estava bem ali, me olhando como se também quisesse. Soltei o ar com força, deslizando os dedos pela bochecha dela até seus cabelos, sentindo meu coração prestes a explodir.

—Elisa... —Minha voz saiu como um sussurro, fazendo ela estremecer na minha frente, enquanto eu me segurava para não puxa-la mais para perto até acabar com todo o espaço que nós separava. Mas eu não deveria. Ela merecia mais. Mais do que um beijo roubado dentro de um closet, que poderia deixar as coisas entre nós estranhas. —É melhor eu ir.

Elisa não disse nada, mas balançou a cabeça em concordância, soltando uma respiração tremula. A vi fechar os olhos com força, antes de se afastar de mim, me obrigando a tirar as mãos dela, mesmo que fosse a última coisa que eu desejasse no momento. Meu coração ainda estava martelando no meu peito quando a segui para o quarto, pensando no quanto seria difícil ficar perto dela.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora