Capítulo 62: Que bom que chegou.

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As primeiras pessoas que vi quando cheguei na casa de Luc foi Julian e Abigail, sua esposa. Os dois estavam perto da janela, bebendo e sussurrando um com o outro. Mas abriram um sorriso assim que me aproximei, tentando não soar ansioso demais naquele momento. Ainda não tinha visto Luc, Karen ou Elisa. Mas sabia que não ia demorar pra eles aparecerem.

—Você perdeu de ouvir Reynolds falando que tinham jogado ovos no carro dele. —Julian sussurrou, soltando uma risada sem se conter. —Ele estava tão indignado, que precisei sair de perto pra não rir, porque achei merecido.

—Sério? —Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas, abrindo um sorriso meio torto quando Abigail estreitou os olhos na minha direção, como se pudesse ver a omissão que eu tentava deixar escondida ali.

—Você sabe quem foi ou estava presente. —Abigail sussurrou, fazendo Julian me encarar na mesma hora, enquanto eu comprimia os lábios por não ter conseguido disfarçar melhor. Não achava que qualquer um dos dois ia me entregar, mas não queria que nada se espalhasse, já que eu já estava encrencado o suficiente.

—Se você não viu, então você não sabe. —Afirmei, abrindo um sorrisinho cauteloso, o que fez Abigail rir, enquanto Julian negava com a cabeça.

Tinha a conhecido quando jantei na casa de Victor aquela noite, além de conhecer a esposa de Victor também, Millie. As duas tinham sido gentis e compreensivas, como se não fosse a primeira vez que vissem Victor resolvendo alguma coisa assim. Ela era patinadora artística, então se deu bem demais com Hannah, porque as duas ficaram a noite toda falando sobre isso, enquanto Hazel se deu bem com Millie, já que as duas gostavam de ler.

—Não acredito que foi você. —Julian sussurrou, olhando na direção da sala, como se procurasse por alguém. —Se ele descobre, você está morto.

—Victor ainda não deu notícias? —Questionei, porque não era a primeira vez que Julian me alertava sobre alguma coisa. Ele negou com a cabeça, me fazendo engolir em seco, porque um nó estava começando a se formar na minha garganta.

—Caleb. —Abigail me chamou, indicando algo atrás de mim. Me virei na mesma hora, vendo Luc e Karen entraram na sala, cumprimentando algumas pessoas que estavam por ali. Meu coração disparou feito um foguete, enquanto eu erguia a mão para tentar afrouxar um pouco o aperto da gravata.

—Vocês acham que eu deveria ir até lá ou esperar? —Indaguei, mesmo que não soubesse bem pelo que eu ia esperar.

Elisa não estava por ali e nem mesmo com os pais. Talvez ainda estivesse no quarto. Aquele pensamento me fez correr os olhos pela sala, procurando por Reynolds, me sentindo um tanto aliviado quando o vi perto das escadas, conversando com outro advogado do escritório. O queria bem longe de Elisa, porque pra mim ele era uma bandeira vermelha ambulante. E saber que Nicholas pensava o mesmo tinha mudado tudo.

—Acho que você deveria ir até lá. —Julian afirmou, tocando meu ombro para me fazer olhar pra ele. —Não fica receoso. Conheço Luc a tempo o suficiente pra dizer que ele jamais seria injusto com você.

—Se quiser, podemos ir até lá com você. —Abigail sugeriu, mas eu abri um sorriso agradecido e neguei com a cabeça, olhando na direção de Luc de novo.

Ajeitei meu óculos e segui na direção dos dois, erguendo o queixo para enfrentar qualquer coisa que viesse pela frente. Karen me viu primeiro e eu quase me derreti ali mesmo quando ela abriu um sorriso tão bonito, que me lembrou os sorrisos de Elisa. Luc me viu logo depois, quando Karen me cumprimentou.

—Sra. Graham. —Falei, segurando o ar por um momento, quando cheguei até os dois.

—Caleb, que bom que chegou. Elisa já estava perguntando sobre você. —Karen afirmou, se inclinando para me dar um beijo na bochecha, enquanto eu abria um sorriso sincero, mas que chegou a doer quando olhei para Luc.

—Sr. Graham. —Acenei com a cabeça para Luc, vendo-o me analisar por um momento, antes de acenar de volta e abrir um sorriso mínimo, que não chegava até os olhos.

—Você veio essa noite como meu estagiário ou como namorado da minha filha? —Questionou, com um tom de voz que não demonstrava quase nada, enquanto eu pensava no que aquela pergunta significava. Um teste, provavelmente.

—Não posso separar o Caleb namorando da sua filha do Caleb estagiário. Mas consigo separar o profissional do pessoal, quando é necessário, sr. Graham. —Afirmei, umedecendo os lábios com a língua quando o encarei, sem qualquer hesitação ou nervosismo. —Hoje acho que posso ser as duas coisas. Mas acho que isso depende do senhor também, se vou continuar no estágio ou não.

Luc me encarou por um momento, como se estivesse analisando minha resposta. Não tinha mentido em nada. Saberia separar o Luc pai da minha namorada do Luc meu chefe. A questão não era bem essa ali e nos dois sabíamos disso. Independente do que ele decidisse, Elisa ainda seria minha namorada, porque eu estava apaixonado por ela e nenhuma mentira poderia mudar isso.

—Podemos conversar sobre isso mais tarde. —Luc abriu um sorriso um pouco maior, como se tivesse gostado da minha resposta. —Não sei o que eu acho do meu estagiário, mas sei que gosto do namorado da minha filha.

—Ela é importante pra mim, senhor. —Falei, sentindo aquele nó na minha garganta desaparecer um pouco ao ouvir aquilo de Luc, porque significava que as coisas não estavam tão ruins assim pra mim. Ele e Karen trocaram um olhar caloroso, como se estivessem pensando a mesma coisa.

Desviei os olhos dos dois para as escadas, sentindo que estava prestes a ficar sem fôlego quando Elisa finalmente apareceu. Estava usando um vestido rose escuro longo, com parte dos cabelos soltos e ondulados, enquanto na parte de cima havia feito uma trança de cada lado, que estavam presas para trás. Ela hesitou quando me viu com seus pais, antes de abrir um sorriso quando percebeu que eu não conseguia desviar os olhos dela.

Acho que devo ter murmurado alguma coisa para Luc e Karen, mas não tinha muita certeza. Meus olhos continuaram em Elisa, enquanto eu caminhava até a ponta da escada, observando-a descer lentamente. Os olhos verdes parecendo duas estrelas brilhantes, enquanto o sorriso era tão perfeito que chegava a doer. Fiquei realmente sem fôlego, percebendo o tamanho da sorte que eu tinha.

—Pare de me olhar assim. —Elisa sussurrou, assim que desceu o último degrau. A mão apertando a saia do vestido com força. —Estão todos prestando atenção.

—Porque você está tão bonita. —Afirmei, percebendo que quase não estava conseguindo respirar perto dela. Elisa abriu um sorriso tímido, com as bochechas ficando vermelhas quando aceitou meu braço. —Nem acredito que você é minha namorada.

—Você está roubando as falas da Elisa de 15 anos. —Retrucou, mas soltou uma risada mesmo assim, que me fez abrir um sorriso enorme.

—Quando você encontrar a Elisa de 15 anos, não esqueça de dizer pra ela que vocês duas conseguiram. —Sussurrei, fazendo o sorriso de Elisa se tornar maior, como se minha frase significasse bem mais do que aparentava. E mesmo no meio da sala da casa de Luc, cercado pelas pessoas que trabalham no escritório, me inclinei e beijei minha namorada, porque agora não precisávamos esconder mais nada.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora