Capítulo 11: Vai congelar o meu cérebro.

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Aspen

Caleb

Minha semana foi a mais estranha de todas. Fiquei pensando no estágio e em Elisa. Até segui ela nas redes sociais, porque queria que as coisas ficassem tranquilas entre nós, mesmo que ela pudesse ter aversão completa a minha pessoa. Mas acho que ela não pensava o mesmo, pelo fingimento de não me conhecer e porque não fez questão nenhuma de me seguir de volta.

—Precisa de ajuda com isso? —Zack indagou, indicando a pá que estava nas minhas mãos, que eu usava para tirar a neve de frente da varanda, jogando-a dentro do carrinho de mão ao meu lado. Estava fazendo aquilo a pedido da minha mãe, já que era quase impossível descer as escadas e não acabar caindo na neve.

—Não precisa, está tranquilo. —Falei, enfiando a pá na neve, antes de erguê-la. Zack se aproximou, se escorando na trava de madeira da varanda, enquanto me observava.

—Você não falou muito no almoço. Está tudo bem? —Zack questionou, e eu hesitei por um momento, antes de balançar a cabeça positivamente. —Está preocupado com o estágio, não é? Você nem mesmo pareceu feliz quando nosso pai comemorou a notícia.

—É só um estágio. —Dei de ombros, apesar de saber que não era pouca coisa, sendo com quem era. Zack riu, balançando a cabeça negativamente.

—Eu sei qual é o problema. —Zack afirmou, e eu ergui a cabeça para encara-lo, vendo-o tombar a cabeça de lado, o que fez os cabelos castanhos, quase loiros, caírem na sua testa. Ele enfiou as mãos no bolso da calça, franzindo a testa. —Se eu pedir pra você acertar as coisas com ela e não piorar tudo, você me ouviria?

—Por que você acha que eu vou piorar tudo? —Exclamei, enfiando a pá com força na neve, vendo-o comprimir os lábios.

É claro que meus irmãos sabiam sobre o que aconteceu entre eu e Elisa, sobre eu ter encontrado-a na festa e ligado para Nicholas. Eu não contei a eles. Nicholas contou. Eu confirmei quando me perguntaram, mas não contei sobre as coisas que Elisa tinha me dito, apenas disse que ela havia ficado ressentida. Não era mentira.

—A garota ficou chateada com você, Caleb. Você podia ter falado pra ela que ia avisar o irmão dela. E se ela fez questão de fingir que não te conhecia, mesmo quando vocês dois estavam sozinhos, é porque ela ainda tem ressentimento pela omissão. —Zack esclareceu, como se aquilo fosse óbvio.

—A gente nem se conhecia, Zack. Eu sabia que o Nicholas tinha uma irmã, mas não fazia ideia que era ela. —Afirmei, tentando me defender. Sim, eu poderia ter falado pra ela, mas não fiz isso.

—Tudo bem, a questão não é essa. —Zack suspirou, como se eu estivesse tentando complicar as coisas. Mas eu estava muito tentado em tacar aquela pá nele. —Só imaginei que você pudesse estar preocupado em relação a isso. Se eu te pedisse pra ficar longe dela, tenho certeza que você não ficaria. Então só estou dizendo pra você não piorar nada. Ela ainda é irmã do Nicholas.

—Eu estava tentando concertar as coisas quando ela fingiu que não me conhecia. —Falei, bufando em resignação, porque tinha quase certeza que ela estava rindo de mim quando a vi entrar no carro. —Relaxa, não vou fazer nada que me prejudique com o pai dela.

—Meu medo nem é esse. —Zack sussurrou, desviando os olhos de mim quando ergui as sobrancelhas de uma forma questionadora, porque ele não parecia ter dito aquilo com a intenção que eu ouvisse.

Por sorte, ele foi salvo por uma garotinha de cabelos castanhos que grudou nas pernas dele. Ou talvez eu tenha sido salvo por ela, porque talvez eu preferisse não ouvir o que meu irmão queria dizer com aquela última frase. Tentar concertar as coisas não seria piorá-las, e era o que eu pretendia fazer, se Elisa deixasse.

—Pai, quero sorvete. —Charlote pediu, exibindo a expressão mais inocente e comportada que uma criança de 12 anos poderia ter.

—Você pediu pra sua mãe? —Zack indagou, erguendo a mão para esfregar os cabelos, enquanto Charlote balançava a cabeça que sim. —E o que ela disse?

—Ela disse que não, porque vai congelar o meu cérebro. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada, enquanto Zack torcia os lábios para não rir da própria filha.

—E por que você veio pedir pra mim se ela disse não? —Zack a pegou no colo, voltando pra dentro da casa dos nossos pais, enquanto Charlote explicava o porquê achava que seu cérebro não ia congelar por causa de um sorvete.

Balancei a cabeça negativamente, antes de voltar a tirar a neve de frente da varanda. Por enquanto apenas Zack e Bia estavam ali, mas logo meus outros irmãos iriam chegar. Costumávamos passar os finais de semana todos juntos, mesmo que a casa se tornasse um tanto caótica com 10 crianças e mais uma a caminho. Mas era um caos que estávamos acostumados. Eu não me importava de pegar um avião sexta à noite pra passar o final de semana com meus pais. Assim como Hannah e Hazel também não.

Terminei de tirar a neve e guardei tudo, antes de entrar, podendo tirar a jaqueta grossa que estava coberta de flocos de neve. Charlote estava sentada comportada no sofá, com uma taça de sorvete na mão. Seu irmão mais novo, Mason, estava ocupado tirando um cochilo, com a cabeça no colo de Bia. Mason tinha só 9 anos, mas ele era esperto o suficiente para criar uma bomba e explodir a casa. Então, ele estar dormindo era uma grande vitória, porque ele nunca parava quieto.

Minha família era do tipo muito grande. Grande mesmo. Bia e Zack tinham só dois filhos, assim como a Emma e o Collin. Mas Peter e Anne tiveram três. Kyle e Florence estavam com três também, além de ter mais um a caminho. Aquele parecia um número suficiente de netos, mas minha mãe estava sempre mandando indiretas de que eu e as gêmeas deveríamos lhe dar netos também, mesmo que meu pai não concordasse com isso inteiramente.

Olhei pra janela quando escutei o som de uma buzina, abrindo um sorriso quando Peter desceu do carro e correu para abrir a porta para as crianças. Na mesma hora esqueci completamente de Elisa. Eu tinha ido até ali pra passar o final de semana com meus pais e meus irmãos. Podia me preocupar com a bailarina quando voltasse.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora