Elisa me encarou com uma expressão surpresa, como se aquela fosse a última coisa que ela esperasse de mim. Mas já tinha pensado muito sobre isso. Minha família toda já sabia sobre ela. Meus irmãos queriam que eu a levasse para conhecer as crianças. Meus pais queriam conhece-la. E da última vez que estive em Aspen, jantando com toda minha família, percebi que queria muito que Elisa estivesse lá comigo.
—Ir pra Aspen? —Elisa ergueu as sobrancelhas, umedecendo os lábios com a língua como se estivesse ponderando o que dizer, quando confirmei com a cabeça. —Você tem certeza disso? Não precisa se sentir obrigado a me apresentar para os seus pais. Não estou tentando forçar você a nada, falando do meu pai.
—E quem disse que estou fazendo isso obrigado? Ou que você está me forçando a alguma coisa? —Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente, antes de segurar o rosto dela mais perto do meu. —Estou te chamando pra ir comigo porque eu quero. Quero que conheça minha casa. Meus pais. Quero te mostrar o porquê vou pra Aspen todo final de semana.
—E o que eu vou dizer para os meus pais? —Elisa questionou, mordendo o lábio como se estivesse nervosa, antes de erguer a mão e ajeitar meu óculos. Uma mania que ela tinha pegado depois de alguns dos nossos encontros.
Acariciei a bochecha dela, sabendo que precisava fazer alguma coisa sobre isso. Sobre nós dois. Não podia continuar saindo escondido com ela. Luc saberia, uma hora ou outra, porque eu não tinha a intenção de colocar um ponto final no que estava acontecendo entre eu e Elisa. Não tinha certeza de qual seria a reação dele e não podia negar que aquilo me deixava ansioso. Mas Elisa valia a pena.
—Você não precisa dizer nada. —Afirmei, encostando minha testa na de Elisa, quando ela fechou os olhos e soltou um suspiro tenso. —Vou resolver isso pra nós dois.
—Caleb. —Elisa sussurrou meu nome como uma pergunta. Pela forma que ela me encarava, eu tinha a deixado perdida. Então éramos nós dois, porque eu também estava perdido. Tinha me perdido no momento que coloquei meus olhos nela, quando não podia sequer toca-la, porque ela era proibida.
Não deixei que Elisa falasse mais nada. Deslizei a mão até sua nuca e a beijei, esquecendo de onde estávamos. Elisa se inclinou para perto de mim, se agarrando aos meus ombros, enquanto me beijava com a mesma intensidade que eu a beijava. Tinha a sensação de que nunca me cansaria daquilo. Da sensação de euforia que crescia dentro de mim sempre que ela estava por perto. Do calor dos seus braços ao meu redor. Do gosto do seu beijo.
—Você ainda não me respondeu se quer ir. —Falei, me afastando o suficiente para encarar aquele tom verde que me deixava completamente fascinado. Elisa engoliu lentamente, parecendo nem se lembrar mais do que estávamos falando antes. Aquilo me fez sorrir, porque ela confirmou com a cabeça, antes de envolver meu rosto e me beijar. E aquilo era tudo que eu precisava.
[...]
—Vocês duas sabem o que fazer e o que dizer. Lembrem-se do que eu disse, eles não podem desconfiar de nada. —Afirmei, seguindo Hannah e Hazel pela calçada. As duas olharam por cima do ombro, me encarando com expressões de sarcasmo, como se eu estivesse agindo como um idiota.
—Por que você não fica quieto? Da última vez fizemos isso sem você pedir. —Hannah retrucou, me lembrando da apresentação de Elisa, quando dei de cara com os pais dela.
—Você precisa aprender a disfarçar melhor. —Hazel gesticulou com a mão, antes de passar o braço ao redor do de Hannah e as duas seguirem até a entrada da casa dos Graham. —Ou quem vai acabar se entregando vai ser você.
—Eu vou conversar com o Luc quando voltarmos. Não quero falar nada agora, porque acho que ele pode acabar se recusando a deixa-la ir com a gente. —Falei, erguendo minhas mãos e puxando meus cabelos para trás com força, porque não conseguia esconder a ansiedade que aquilo estava me causando, desde que tinha decidido contar a ele depois do meu último encontro com Elisa. —Só preciso desse final de semana com ela.
—E vamos consegui-lo pra você. —Hannah piscou pra mim, enquanto Hazel tocava a campainha. Ela se virou a abriu um sorriso tranquilizador pra mim, antes de se inclinar e puxar a manga da minha jaqueta para baixo, escondendo o amarrador rosa que pertencia a Elisa.
Quando Hazel se virou para a porta junto com Hannah, ela se abriu e revelou a senhora Graham. O brilho de surpresa nos olhos dela foi instantâneo, junto com o sorriso simpático que ela abriu, quando encarou cada um de nós três. Elisa já tinha usado minhas irmãs como desculpa para sair comigo, mas agora as coisas tinham evoluído para outra coisa.
—Meninas, que surpresa boa. Elisa não me contou que vocês vinham. —Karen abriu mais a porta, gesticulando para que entrássemos. —Como vai, Caleb? Luc acabou de chegar do escritório.
—Estou bem. Mas não vim falar com ele. Só estou aqui pra acompanhar minhas irmãs. —Afirmei, com a mentira saindo com tanta facilidade pelos meus lábios que até mesmo eu fiquei surpresa.
Olhei para trás dela quando Luc surgiu na sala, abrindo um sorriso quando viu minhas irmãs e eu. Elisa estava logo atrás dele, usando suas roupas de balé. Nossos olhares se encontraram por um momento e eu quase pude ver as faíscas atravessarem a sala, antes de desviarmos os olhos.
—Nós viemos até aqui fazer um pedido a vocês. —Hazel se virou para Karen depois de cumprimentar Luc, usando aquela voz doce e gentil, que eu tinha me acostumado a vê-la usar com muita frequência quando queria alguma coisa.
—Um pedido? —Luc franziu a testa, olhando na minha direção como se esperasse uma explicação. Dei de ombros, como se eu não fizesse parte daquilo.
—É, não sei se o Caleb já falou pro senhor, mas costumamos ir pra Aspen em alguns finais de semana, passar com nossa família. —Hannah explicou, deslizando para o lado de Elisa e passando o braço pelo dela. —E nós convidamos a Elisa pra ir com a gente amanhã, mas ela disse que não sabia se podia ir.
—Ir pra Aspen com vocês? —Luc repetiu, olhando na direção de Karen como se buscasse saber o que a esposa achava disso. Ela estava encarando Elisa ao lado de Hannah, que encarava o pai com uma expressão esperançosa.
—Vamos amanhã e voltamos no domingo. Já falamos com nossos pais e eles vão adorar recebe-la lá em casa. —Hazel foi para o lado de Elisa também, como se as três fossem inseparáveis. Precisei olhar para o lado para evitar sorrir, enquanto meu coração martelava no meu peito.
—Eu não sei. É uma viagem longa. —Luc se virou pra mim, enquanto a expressão estava voltada mais para preocupação do que qualquer outra coisa. —Elisa nunca viajou sem ninguém da família com ela.
—Mas ela já foi pra Aspen, com o Nicholas, não é? —Falei, talvez rápido demais, porque Karen se virou para olhar pra mim, assim como minhas irmãs e Elisa. —Minhas irmãs comentaram comigo, depois de me contarem da ideia. Eu falei pra elas que era provável que vocês não permitissem.
—Bem, ela já conhece um pouco de lá, você tem razão. —Karen encarou o marido, como se pudesse ver o que se passava na cabeça dele. —Não gosto da ideia de ela viajar sem nenhum de nós, mas se Elisa quiser ir.
—Eu quero. —Elisa afirmou, se afastando das minhas irmãs e indo até os pais, enquanto eu engolia em seco, porque era horrível ficar perto dela e precisar fingir que não estava acontecendo nada. —É só o final de semana. Nicholas cansou de dizer o quanto os Carson são legais. Eu quero muito ir pra lá. Prometo que vou tomar todo cuidado. Por favor.
Luc e Karen se encaram por um momento, que pareceu durar uma vida inteira pra mim. Elisa olhou pra mim de relance, com algo caloroso passando nos olhos. Mas ela desviou os olhos assim que Luc caminhou para perto de mim. A expressão dele era difícil de ler, mas engoli todo o nervosismo quando ergui a cabeça para encara-lo.
—Não gosto nem um pouco dessa ideia, mas minha filha parece ter ficado muito amiga das suas irmãs. —Luc ergueu a mão e passou pelo rosto. Estava claramente cansado do trabalho. —Confio em você, Carson, então espero que me prometa que vai tomar conta dela.
—Eu prometo. —Olhei na direção de Elisa quando ela soltou uma risada animada e se virou para fazer planos com as minhas irmãs, como se realmente estivesse indo pra lá por causa delas. —Vou tomar conta dela.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todos os lances da conquista / Vol. 1
DragosteCaleb Carson é o rebatedor do time de beisebol da universidade e a promessa do esporte para a próxima temporada. Mas mesmo que o beisebol seja sua paixão e todos lhe digam para segui-lo, seu maior sonho é voltar para Aspen e trabalhar no escritório...