Capítulo 53: Confio em você.

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O campo de beisebol estava com a grama morta, enquanto as arquibancadas ao redor estavam cobertas de neve. Quando eu e Elisa nos conhecemos era verão. Aquele lugar estava lotado, no meio de um jogo. Tinha jogado ali antes do semestre começar e eu precisar ir embora de Aspen. Mas agora só havia eu e Elisa ali.

Era domingo de manhã. Depois do almoço teríamos que pegar um avião de volta pra Nova Iorque. Não estava nem um pouco ansioso pra voltar, porque sabia que as coisas podiam acabar mudando no momento que eu resolvesse falar com Luc. Estava tão ansioso pra saber a reação dele, que aquilo tinha me tirado o sono na última noite.

—Está um pouco diferente do que eu me lembro. —Elisa sussurrou, enquanto eu empurrava o portão e nos dois entravamos no campo. Levei ela até uma das bases, onde eu sempre ficava quando ia jogar. Sua mão estava quente contra a minha, trazendo uma sensação calorosa pro meu peito.

—Eles deram uma arrumada no lugar no último verão. Estava um pouco caído. —Falei, abrindo um sorriso torto quando parei na frente de Elisa, observando o campo ao redor. —Eu estava bem aqui quando rebati aquela bola que te acertou.

—Nem lembro se machucou ou não, porque estava chocada demais com o fato de você ter ido até lá falar comigo. —Elisa soltou uma risada, negando com a cabeça, enquanto eu erguia a mão para ajeitar seus cabelos embaixo do gorro, encarando seus olhos.

—Chocada a ponto de nem conseguir me responder quando falei com você. —Falei, vendo-a abrir um sorriso tímido, mesmo que eu soubesse que ela era corajosa demais quando queria. —O que aconteceu com aquelas suas amigas que estavam junto na viagem? Nunca as vi e você também nem falou sobre elas e nenhum momento. Mas elas estavam no jogo e depois na festa.

—Ah, é que... —Elisa abaixou os olhos, soltando um suspiro frustrado, parecendo hesitante em falar. —Eram amigas do colegial. Não conversei com elas aquela noite depois da festa, porque elas estavam bêbadas, Nicholas estava bravo e eu estava me sentindo super mal. Mas depois que voltamos pra casa, elas começaram a fazer piadinhas sobre você ter me chutado, zoando até o meu jeito. Tentei levar na brincadeira, sabe? —O sorriso que ela me deu foi forçado e triste. —Mas depois percebi que elas estavam fazendo na maldade. A amizade acabou e eu nunca mais falei com elas.

—Sabemos que no fundo elas só estavam com inveja de você. —Sussurrei, me inclinando para beija-la, querendo que ela esquecesse de todas aquelas partes ruins e só lembrasse das boas. Foram elas que nos levaram de volta até ali. Eram apenas essas lembranças que importavam.

Elisa deslizou a mão pela minha bochecha, até alcançar minha nuca. Senti ela ficar na ponta dos pés para aprofundar mais o beijo, o que me fez sorrir contra os lábios dela. A abracei pela cintura, grudando o corpo macio no meu. Havia uma explosão de sensações dentro de mim e a maioria gritava para o quão apaixonado eu estava ficando por ela.

—Vou falar com seu irmão e com o seu pai amanhã. Não sei o que esperar, mas não quero continuar me escondendo por ai pra conseguir ficar com você. —Afirmei, encarando os olhos dela quando me afastei. Elisa assentiu, engolindo muito lentamente como se estivesse tão ansiosa quando eu. —E desculpa te apresentar como minha namorada. Achei que seria estranho falar que somos só amigos. Mas eu deveria ter perguntado antes pra você.

—Isso é um pedido? —Elisa questionou, com o rosto inteiro se iluminando, assim como os olhos verdes. Nunca ia cansar de pensar que eu amava aqueles olhos, porque foram eles que me chamaram a atenção desde o início.

Soltei uma respiração pesada, sentindo meu coração disparar quando ergui a mão e envolvi o rosto dela, acariciando a pele macia. Elisa fechou os olhos por um momento, parecendo sem folego toda vez que olhava pra mim. Abri um sorriso, sentindo o calor atravessar meu corpo, antes de confirmar com a cabeça.

—Sei que minha família é um brinde um tanto caótico, mas eles gostaram de você. —Afirmei, porque era a mais pura verdade. Meus pais tinham a adorado. Meus irmãos tinham feito amizade com ela assim que a conheceram.

—Sua família é maravilhosa, Caleb. É uma honra fazer parte dela, do jeito que for. —Elisa sussurrou, segurando minha mão que estava no seu rosto. Seus lábios se abriram em um sorriso enorme, enquanto algo dançava na boca do meu estômago. —Mesmo que você não tivesse pedido, eu já tinha aceitado.

—Que bom, porque talvez eu não saia inteiro da conversa com o seu pai. —Soltei, arrancando uma risada de Elisa, antes de me aproximar para roubar um beijo dela.

Não demorou muito pra começar a nevar ali, mas nem isso afastou nos dois. A puxei para o mais perto que conseguia, aprofundando o beijo. Era incrível o fato de ela sempre retribuir com vontade, me segurando com força como se tivesse com medo que eu me afastasse. Ignorei o arrepio que atravessou meu corpo quando nos afastamos, antes de deixar um beijo no canto dos lábios dela.

—Quando você pretende falar com o meu pai? —Elisa indagou, me encarando com uma expressão um pouco mais séria, como se não conseguisse esconder o nervosismo que estava sentindo.

—Depois do trabalho. Acho que é melhor do que eu interromper ele no meio de algo importante pra falar sobre algo pessoal. E vou falar com seu irmão no meu horário de almoço. —Afirmei, fazendo uma careta de leve, desejando estar certo sobre a reação de Nicholas.

—Eu posso ir até o escritório no final do dia. Podemos conversar com o meu pai juntos. Não precisa fazer isso sozinho. —Elisa balançou a cabeça negativamente, antes de soltar uma risada. —Eu deveria fazer isso com você. É o certo, sabia?

—Eu não sugeri isso porque achei que você ia querer que eu falasse com ele sozinho. —Falei, apertando meus lábios quando Elisa revirou os olhos, deixando claro que aquele era um pensamento idiota. Claro que ela iria querer falar com o pai também. —Vamos fazer isso juntos então. Eu e você contando a verdade pro grande Luc Graham.

—Por que vocês agem como se meu pai fosse alguém super influente e poderoso? —Elisa questionou, sem conseguir conter a risada. Dei de ombros, me divertindo com o fato de ela estar achando graça daquilo.

—Ele é essas coisas, Elisa. Talvez você não perceba sendo filha dele, mas ele é. —Afirmei, vendo-a torcer os lábios em ceticismo, mas havia um brilho diferente nos olhos dela. Alguma coisa que fazia uma faísca se acender no meu peito. —Elisa, eu só quero que você tenha certeza de que não vou te afastar, independe de qual seja a reação do seu pai. Amanhã, quando formos falar com ele, não quero que você fique com qualquer dúvida.

—Eu não vou ficar. Confio em você. —Falou, de uma forma que parecia mais uma promessa do que qualquer outra coisa. Mas no início Elisa tinha certeza de que tudo que eu fazia era pelo meu estágio. Não queria que ela pensasse assim de novo, porque eu jamais a machucaria por algo com prazo de validade. E isso era uma promessa minha.



Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora