Todos os lances da conquista / Vol. 1

Capítulo 22: Símbolo da sorte.

Assim que cheguei na arena de patinação, a primeira coisa que vi foi Taylor deslizando pelo gelo, com uma expressão perdida, enquanto escutava música em um fone de ouvido. Mas ela os tirou assim que me viu, erguendo as sobrancelhas desconfiada. Soltei uma risada e me escorei na trava de proteção, observando ela deslizar até onde eu estava.

—A Elisa não está por aqui. —Afirmou, me fazendo torcer os lábios em um sorriso, porque já estava esperando alguma coisa daquele tipo vindo dela.

—Não vim aqui atrás dela. —Falei, assim que Taylor chegou aonde eu estava e se escorou na trava de proteção perto de mim. —Estou querendo algumas informações, se você estiver disposta a me dar.

—Sobre a Elisa? Por que eu daria qualquer informação sobre ela a você? —Taylor riu, balançando a cabeça negativamente, enquanto eu exibia uma expressão de falsa decepção. —Você só perdeu a viagem até aqui. Não vou trair minha amiga.

—Jurava que você estava do meu lado. —Fiz um biquinho triste que a fez rir, antes de me lançar um olhar sarcástico. —Não vim aqui só pra falar com você. Minha irmã faz parte da equipe de patinação, eu vim buscá-la e aproveitei a oportunidade porque sabia que você estaria aqui.

—Ouvi dizer que a sua irmã fazia parte do teatro da universidade. —Taylor franziu a testa em confusão, enquanto eu via Hannah saindo do vestiário, carregando sua mochila e seus patins.

—Essa é a Hazel. Mas eu tenho duas irmãs e a outra faz patinação. —Indiquei Hannah com a cabeça e Taylor olhou na direção dela por um momento, antes de se virar pra me encarar de novo. —Você não vai me dar uma ajudinha que seja? Não sou uma má pessoa, sabia?

—Não tem como eu saber disso, nem conheço você direito. —Taylor deu de ombros, rindo quando soltei um suspiro de resignação. —O que você quer saber, hien? Mas cuidado com o que vai pedir.

—Só quero saber quais os horários de balé dela e quando ela tem alguma apresentação. —Falei, exibindo a expressão mais inocente que eu conseguia, porque sabia que aquilo não era pouca coisa, ainda mais quando Taylor cerrou os olhos em desconfiança.

—Perseguição não faz a sua cara. —Taylor afirmou, e eu me limitei a dar de ombros, vendo-a pensar por um momento, antes de me lançar um olhar ameaçador. —Eu vou te passar, mas se você magoa-la mais uma vez...

—Vai fazer seu irmão jogar um balde de gelo na minha cabeça? —Completei por ela, que comprimiu os lábios e se inclinou pra perto.

—Fiz aula de autodefesa quando era criança. Não preciso do meu irmão pra te matar se você machucar minha amiga. —Ela abriu um sorriso simpático pra mim, como se não tivesse acabado de ameaçar me matar.

[...]

Hannah estava me encarando como se eu tivesse um parafuso a menos. Tudo bem, eu até merecia, mas ela não entendi como aquilo era importante. Eu tinha ganhando alguns pontos, mas sabia que estava longe de ser realmente uma vitória. Mas eu era competitivo o suficiente para continuar, ainda mais quando eu sabia que tinha chances.

—Tem certeza que ela vai gostar disso? —Hannah indagou, pegando um urso de pelúcia enorme e o mostrando pra mim. —Talvez se ela fosse 10 anos mais nova.

—Eu sei o que você está pensando. —Fiz ela colocar o urso de volta no lugar, porque Hannah estava mais atrapalhando no que ajudando. —Se eu estiver certo, isso vai fazer ela sorrir depois da conversa que tivemos hoje, o que vai me garantir mais alguns pontos.

—Isso vai fazer ela sorrir. —Hannah soltou uma risadinha e deu um tapinha no meu ombro. —Boa sorte, maninho, acho que você vai precisar.

—Por que não me ajuda a escolher um, em vez de ficar tirando com a minha cara?  —Indaguei, me arrependendo completamente de não ter esperado Hazel ficar livre das aulas pra vir comigo. Sabia que ela seria muito melhor nisso do que eu e Hannah juntos.

—Eu estou ajudando. Mas romance não é comigo. Você pegou a irmã errada. —Afirmou, enquanto voltávamos a andar pelo corredor de ursos. Eram tantos que eu nem sabia pra onde olhar direito. —Ah, já sei!

Observei Hannah disparar na direção de um coelho enorme, branco com um laço azul no pescoço. Ela o pegou e virou pra mim, abrindo um sorriso incrivelmente grande, enquanto dava uma afofada no urso. Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente, porque o coelho era metade do tamanho dela.

—Esse é fofo, grande e bonitinho. —Hannah o empurrou contra o meu peito, balançando a cabeça positivamente, como se estivesse encontrado a coisa certa. —E coelhos são o símbolo da sorte.

—Tenho quase certeza de que não é o coelho inteiro que dá sorte. —Falei, seguindo em direção ao caixa pra pagar, enquanto Hannah me seguia.

—Você podia chamar ela pra sair, sabia? Isso seria bem mais prático.

—Não seria, porque ela diria não. —Afirmei, fazendo Hannah soltar uma risada, porque eu tinha dito aquilo com muita convicção. Mas eu sabia até onde eu podia ir com Elisa e chamá-la pra sair ainda estava no nível proibido.

—E se o Graham descobrir sobre esse rolo de vocês dois? —Hannah indagou, me fazendo comprimir os lábios e dar de ombros, porque eu não sabia bem o que pensar sobre aquilo. —Você não tá pensando direito nas consequências.

—Eu já tô vivendo as consequências. —Retruquei, soltando uma risada resignada, enquanto negava com a cabeça. —Não estou brincando com a filha dele. Estou tentando ajeitar as coisas entre nós, exatamente pra evitar qualquer problema com ele.

Hannah me encarou por um momento, parecendo pensar no que eu tinha acabado de falar. Vi que ela chegou a uma conclusão quando desviou os olhos de mim e suspirou, deixando claro que não tinha a intenção de compartilhar o que quer que fosse comigo.

—Pode falar o que está pensando. —Falei, lançando a ela um olhar de alerta antes de completar. —Se isso não for me ofender.

—Não vou falar, só vou observar. —Hannah deu de ombros, abrindo um sorriso pequeno. —Acho que você tem ideia de onde está se metendo, principalmente quando resolveu seguir os conselhos da Hazel e aquela lista dela.

—Ela é a mais esperta de nós quatro.

—Ela é a mais romântica. —Hannah rebateu, me fazendo engolir muito lentamente, quando comecei a pensar que sabia o que minha irmã estava imaginando naquele momento. —E você sabe o que isso significa.

Continua...