Capítulo 33: E ele tem nome?

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Abri e fechei a boca algumas vezes, antes de me dar conta de que não sabia o que falar a ele. Tinha tantas coisas que eu queria dizer. Praticamente desabafar. Mas tinha medo que se falasse todas elas, as coisas acabariam da mesma forma que acabaram quando contei a Caleb meu interesse por ele, naquela festa. A gente tinha se resolvido, mas eu ainda tinha tanto receio.

—Quero saber o que está acontecendo aqui dentro. —Caleb sussurrou, antes de tocar a ponta do dedo na minha testa, me fazendo abrir um sorriso pequeno, enquanto um suspiro escapava pelos meus lábios. —Mas eu não mereço saber, não é? Eu estraguei tudo da primeira vez.

—E eu te perdoei. —Falei, mesmo que minha voz tivesse saído super baixo, eu sabia que ele tinha ouvido, porque Caleb assentiu, com a mão deslizando até minha bochecha, deixando um rastro de calor na minha pele. —O problema é que nem sei o que está acontecendo entre nós dois. Somos amigos? Ou só estamos tendo um momento amigável um com o outro?

—Você vai se sentir melhor se dermos um nome pra isso aqui? —Ele gesticulou entre nos dois, fazendo meu rosto esquentar, porque da forma que ele havia falado, e do jeito que me olhava, fazia parecer que realmente éramos alguma coisa. —Falei pra você que queria ser seu amigo, mas na verdade não sei bem o que isso aqui é também. Mas certamente é alguma coisa, Elisa, porque não saio na garupa da moto de qualquer garota.

Levei a mão a boca quando soltei uma gargalhada alta, porque não estava esperando por aquela resposta tão espontânea vinda dele. Caleb sorriu inclinando o rosto para perto de mim. Perto demais para alguém que não era nada meu, ao mesmo tempo que eu queria que fosse. O fato de ele ter me feito derreter por ele de novo, tão rápido, fazia eu me sentir uma adolescente boba de novo.

—Podemos apenas seguir a maré e ver aonde ela vai nos levar, princesa. —A mão dele envolveu minha bochecha com carinho, enquanto os olhos dele pareciam duas estrelas, quase me deixando sem fôlego. —Juro que estou tentando não ser um idiota de novo.

—Você está fazendo um ótimo trabalho. —Afirmei, comprimindo os lábios, porque não podia negar que ele estava sendo muito melhor do que eu esperava. Melhor do que a própria Elisa de dois anos atrás esperava.

—Isso significa que se eu te chamar pra outro jogo meu, dessa vez você não vai com a camiseta do time rival? —Questionou, me fazendo soltar uma risada e negar com a cabeça. O sorriso de Caleb se tornou maior, como se ele soubesse que havia ganhado alguma coisa naquele momento. E ele realmente tinha, mesmo que eu quisesse fingir que não.

[...]

Voltei para casa quase meia noite, depois de ter dado mais algumas voltas pela cidade com Caleb, antes de ele insistir em me acompanhar até em casa, porque achava perigoso eu voltar sozinha. Aceitei, mesmo que tivesse feito cara feia quando ele pegou um Uber pro alojamento, quando eu poderia muito bem o deixar lá e voltar sozinha.

—Parece que alguém amou o presente. —Levei um susto quando encontrei minha mãe na sala, sentada no sofá. Suas penas estavam erguidas, cobertas por um edredom creme, enquanto ela tinha um livro sobre espécies de plantas nas mãos. —Tudo bem? Como foi? Fiquei acordada te esperando. Seu pai tentou ficar também, mas estava tão cansado que acabou desmaiando na cama.

—Fui no Central Park e depois dei algumas voltas por alguns bairros. A lambreta é perfeita, mãe. O papai não poderia ter feito uma escolha melhor. —Afirmei, me aproximando de onde ela estava no sofá, enquanto ajeitava meus cabelos bagunçados pelo vento e pela neve.

—Fico feliz que tenha gostado, meu amor. —Ela gesticulou para que eu me sentasse ao lado dela, com um sorriso contente nos lábios. —E você estava sozinha?

Olhei pra ela um pouco assustada quando me sentei ao seu lado, sem saber como responder aquela pergunta. O sorriso dela se tornou compreensivo, como se ela pudesse ver a resposta no meu rosto. Tudo bem, eu estava sendo péssima em disfarçar minhas emoções, mas ela tinha me pegado desprevenida com aquela pergunta.

—Como você sabe que eu estava com alguém? —Indaguei, erguendo de leve uma das sobrancelhas, enquanto meu coração disparava dentro do peito.

—Intuição de mãe. —Ela deu de ombros quando eu soltei uma risada e neguei com a cabeça. —Você demorou, pra quem estava indo só dar uma volta. E você anda um pouco diferente. Além de ter ganhado alguns presentes de um admirador misterioso, que eu tenho certeza que você sabe quem é, só não quis me contar. Era com ele que você estava? —Olhei pra expressão cautelosa da minha mãe, antes de confirmar com a cabeça. —Sabe que pode confiar em mim, não é? Pode me contar qualquer coisa que estiver acontecendo. Só quero o seu melhor e vou ficar do seu lado.

—Eu sei, mãe. É só que... —Soltei uma respiração pesada, escondendo o rosto entre as mãos, antes de olhar pra ela de novo. —É complicado. Não estamos saindo ou tendo alguma coisa. Mas também não somos só amigos.

—Então estão na fase do interesse, mas sem nenhum dos dois dar o primeiro passo para ser alguma coisa. —Minha mãe afirmou, e eu concordei coma cabeça, sentindo a timidez crescer dentro de mim, porque nunca tinha conversado com minha mãe sobre garotos. —Mas você gosta dele.

—Gosto, mas acho que gosto mais do que deveria. As coisas estão super bem entre nós, mas estou com medo de dar alguma coisa errada e eu... —Parei de falar, observando minha mãe assentir, como se compreendesse perfeitamente o que eu estava sentindo. Me aconcheguei nela, sentindo sua mão fazer cafuné na minha cabeça. —Estou com medo.

—Eu sei. Fiquei assim quando conheci seu pai também. Tinha acabado de romper com alguém que eu estava começando a gostar demais, mas que eu descobri que não era reciproco. —O sorriso dela se tornou menor, quase dolorido. —Fiquei com medo de me envolver com seu pai, porque ele parecia uma incógnita pra mim.

—Ele também é assim.

—E ele tem nome? —Questionou, me fazendo lançar a ela um olhar constrangido. —Ok, tudo bem. Não precisa me contar. Deixei minha curiosidade falar mais alto por um momento. —Soltei uma risada junto com ela, sentindo uma sensação aconchegante no meu peito. —Não sei o que te dizer, filha. Sentimentos são confusos e cada pessoa lida com os seus de uma maneira diferente. Mas se vocês se gostam, uma hora tudo vai se encaixar.

Concordei com a cabeça, escorando minha bochecha no ombro da minha mãe, desejando que ela estivesse certa sobre aquilo e que não demorasse pra tudo se encaixar.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora