Capítulo 60: O que vocês trouxeram?

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Tinha acabado de imprimir algumas coisas e iria voltar para a sala de Julian, quando dei de cara com Reynolds. Ele me lançou um olhar sarcástico, como se estivesse se divertindo as minhas custas. Um nó se formou na minha garganta, com o número de coisas entaladas na minha garganta, que eu queria dizer a ele.

Ele não falou nada, como se soubesse que o silêncio me irritaria mais do que se soltasse alguma provocação. Mas ele ficou ali, me encarando como se eu fosse um inútil. Eu tinha a certeza de que se ele desaparecesse, todos os meus problemas iriam sumir também.

—Caleb? —Levei um susto e acho que Reynolds também, porque a expressão dele ficou tensa quando se virou, me deixando ver Nicholas atrás dele, que tinha acabado de sair do elevador. Ele estava com as mãos enfiadas no bolso do casaco, olhando pra nós dois com as sobrancelhas erguidas. —Tudo bem, sr. Reynolds?

—Tudo mais do que bem. —Ele abriu um sorriso falso, enquanto Nicholas se aproximava. —O que veio fazer aqui? Luc foi viajar, pra resolver um problema do escritório.

—É, eu fiquei sabendo. Vim aqui só pra checar se as coisas estavam em ordem. —Nicholas abriu um sorriso, antes de acenar com a cabeça na minha direção, como se estivesse me cumprimentando. —A pedido dele.

—Fique a vontade. —Reynolds murmurou, gesticulando ao redor, antes de se afastar com uma expressão fechada. Soltei o ar que estava segurando, comprimindo meus lábios com força para não soltar um palavrão.

—Tudo bem? —Nicholas questionou, e eu assenti com movimentos rígidos, porque não tinha certeza se estava realmente tudo bem. —Ele está pegando no seu pé?

—Ele falou alguma coisa sobre mim? —Indaguei, fazendo Nicholas soltar uma risada e balançar a cabeça negativamente.

—Você não respondeu minha pergunta primeiro. —Nicholas rebateu, caminhando ao meu lado até a sala de Julian. Pelo menos Nicholas não parecia incomodado comigo, bem diferente da maioria das pessoas no escritório. Mas eu me lembraria de cada uma delas quando provasse que não tinha feito nada. —Não precisa ficar receoso de me falar alguma coisa sobre Reynolds. Eu não sou o maior fã dele.

—O problema é que minha moral não está muito alta no momento pra eu falar mal de alguém. Ainda mais um colega de trabalho. —Afirmei, vendo Nicholas me lançar um olhar demorado, que me fez soltar um longo suspiro. —Ele tem implicado comigo desde que chegou no escritório, mesmo eu não tendo feito nada contra ele. E eu também não gosto...

Parei de falar, olhando para Nicholas, porque não tinha certeza se deveria falar as coisas que estavam na minha cabeça em voz alta. Ele me encarou de volta, provavelmente notando que havia alguma coisa que eu não estava querendo falar. Mas eu não queria me complicar mais do que já estava.

—O que foi? —Nicholas questionou, parando de andar e olhando pra mim com uma expressão desconfiada. —Cara, já te disse que não precisa ficar hesitante em falar. Antes de ser estagiário do meu pai, você é namorado da Elisa agora. É parte da família.

Aquilo me acertou em cheio, porque não havia nada que eu valorizasse mais do que a família. Pensei nas minhas irmãs, comprimindo os lábios quando pensei que odiaria que elas estivessem em uma situação como essa. E se estivessem, eu esperava que alguém fosse corajoso o suficiente para me contar o que estava acontecendo, mesmo sendo apenas desconfiança.

—Não gosto da forma que ele fala e olha pra Elisa. —Sussurrei, olhando ao redor para ver se havia alguém por perto para ouvir. —E todo o problema dele comigo parece girar ao redor dela. Eu só não... não confio nele.

Nicholas ergueu a mão e passou pelos cabelos, desviando os olhos de mim por um momento. Vi a tensão não movimentos dele, como se tivesse absorvendo o que eu tinha falado. Mas também não havia qualquer surpresa ali. Ele nem mesmo questionou o que eu queria dizer com aquelas palavras.

—Você já... —Comecei a falar, parando quando Nicholas balançou a cabeça negativamente.

—Estou de olho nele faz um tempo. —Nicholas afirmou, apertando os lábios com força, enquanto eu engolia em seco. —E eu não deixaria ele chegar perto demais da minha irmã.

—Mas então você já tinha notado também. —Falei, vendo-o olhar pra mim com uma expressão séria, sem negar o que eu tinha acabado de falar. Aquilo era confirmação o suficiente pra mim.

[...]

Antes de sair do escritório no início da noite, mandei uma mensagem no grupo pedindo para Adam e as gêmeas me encontrarem, porque tínhamos uma coisa muito importante pra fazer. Não ia me sentir vingado com isso, mas certamente faria eu me sentir muito melhor e aliviado.

Encontrei os três em uma praça perto do escritório. Um sorriso se abriu nos meus lábios quando vi a caixa de papelão nas mãos de Adam. Os três se levantaram quando me aproximei. Não era preciso perguntar o porquê de eu querer fazer aquilo. Os três já estavam dando ideias desde o início da semana.

—O que vocês trouxeram? —Questionei, me inclinando para ver dentro da caixa quando Adam abriu um dos lados. Soltei uma risada quando a vi cheia de caixas de ovos. Não era bem o que eu estava esperando, mas era bom.

—Você pegou o endereço dele? —Hazel questionou, e eu confirmei com a cabeça, já chamando um Uber para sairmos dali, porque eu não queria perder tempo. —Você não pode se arrepender depois.

—E quando foi que eu me arrependi de aprontar alguma coisa? —Questionei, lançando a ela um sorriso sarcástico. —Não vou me arrepender disso, porque ele esta merecendo há um tempo já. Uma pena que eu não vou poder ver a cara dele, mas eu imagino que ele vá saber que fui eu.

—Temos que tomar cuidado. —Hannah lembrou, enquanto nós quatro caminhamos até o carro quando ele chegou. —Mas vai valer a pena se não formos pegos. Sempre vale a pena.

—Não vamos ser. —Afirmei, deixando a prudência de lado. Aquilo não era coisa que um advogado faria. Mas eu ainda não tinha me formado e estava com vontade de fazer alguma coisa idiota. Aquele cara estava me sacaneando desde o início. Era hora de ele receber o troco.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora