—Não, senhor. Eu só estou querendo fazer um bom trabalho. —Afirmei, torcendo meus lábios em frustração, porque não tinha coragem de contar o motivo de ter ido até ali e pedido pra ele ler aquele relatório, sabendo que poderia começar a terceira guerra mundial no escritório, no qual eu não sairia vivo.
—Tem certeza? —Indagou, e eu hesitei, antes de confirmar com a cabeça. Tinha certeza que ele havia notado minha hesitação, mas não disse absolutamente nada, além de me devolver os papeis.
—Luc, eu estava pensando... —Fiquei rígido na cadeira quando Reynolds entrou sem bater, parando de falar quando notou que Luc não estava sozinho. Me senti envergonhado pela vontade absurda de desaparecer, porque a última coisa que eu desejava era encontrar ele naquele momento. —Ah, desculpa, não sabia que estava ocupado.
—Tudo bem, o Carson só estava tirando uma dúvida sobre um relatório. —Luc afirmou, estendendo os papeis pra mim, enquanto Reynolds se aproximava e olhava para eles com as sobrancelhas erguidas. Vi os olhos dele se voltarem para os meus, quando ele percebeu o que eu tinha feito. Ergui o queixo, porque agora eu tinha certeza que não estava errado e que ele só estava querendo me sacanear.
—Obrigada pelo seu tempo, sr. Graham. —Falei, ficando de pé, sentindo os olhos de Reynolds ainda em mim, queimando como se ele desejasse me reduzir a pó. —É bom saber que eu estou fazendo um bom trabalho.
—É claro. Se precisar de novo, pode vir até mim. —Luc abriu um sorriso que era quase de orgulho, enquanto eu via Reynolds contrair a mandíbula, como se estivesse totalmente infeliz.
Sai da sala sem olhar pra ele de novo, com a cabeça totalmente erguida. Mas assim que a porta se fechou atrás de mim, disparei de forma nada elegante na direção da sala de Julian, escutando o secretário de Luc soltar uma risada quando quase cai ao tropeçar nos meus próprios pés, agarrando os papeis com força para não espalha-los pelo chão.
[...]
O teatro já estava começando a lotar quando chegamos. Adam desapareceu em algum momento com Taylor, enquanto eu, Hannah e Hazel procurávamos um lugar para sentarmos. Minhas irmãs tinham ficado de olho em Luc e Karen por mim, me ajudando a evitar os dois. A última coisa que eu queria era dar de cara com eles no meio de uma apresentação de Elisa.
Quando enfim nos sentamos, em um lugar onde eu podia ver os dois e desaparecer caso eles viessem na minha direção, tive a estranha sensação de alguém me observando. Mas quando olhei ao redor, não reconheci absolutamente ninguém. Ajeitei meu óculos, olhando na direção das cortinas fechadas.
—Você avisou ela que ia vir? —Hannah indagou, se ajeitando no banco ao meu lado, enquanto fazia uma careta para as conversas altas ao nosso redor. —Não adianta vir até aqui e não avisar pra ela. A Elisa precisa saber que você veio.
—Eu avisei. —Falei, antes de olhar pra ela e abrir um sorriso torto. Quando disse "até amanhã" para Elisa, ela claramente esqueceu completamente da sua apresentação, ou só achava que eu não viria. —Não exatamente da forma que deveria, mas ela vai saber que estou aqui.
Hannah soltou uma risada, balançando a cabeça negativamente, como se estivesse me julgando mentalmente. Não me importei com isso quando um garoto apareceu aonde estávamos sentados, me entregando um pedaço de papel que me deixou com um sorriso no rosto pela apresentação inteira.
Elisa
O teatro estava completamente lotado e eu estava super nervosa. Já tinha feito aquela mesma apresentação outro dia, mas não para um público tão grande. Hoje o teatro tinha conseguido ficar realmente cheio. Tinha visto meus pais de relance, indo ocupar seus lugares mais a frente. Mas estava esperando por uma mensagem de alguém em especifico e estava tentando não ficar decepcionada por ele não se lembrar.
Caminhei de um lado para o outro da entrada do palco, respirando com calma para aplacar meu nervosismo. Minhas colegas já estavam prontas, se preparando assim como eu. Tínhamos ensaiado nas últimas semanas para tudo ficar perfeito, mas isso não nos impedia de errar sem querer no meio da apresentação.
—Eu estou procurando a Elisa. —Escutei alguém falar. Um garoto, que estava na entrada dos bastidores, de frente para minha professora. Meu rosto esquentou quando ela se virou pra mim, me deixando ver que o garoto estava segurando um buquê de rosas vermelhas.
—Do seu amigo do outro dia, imagino. —Minha professora comentou, indicando para o garoto que eu era a Elisa. Ela estava sorrindo pra mim, notando minhas bochechas vermelhas quando peguei as rosas. Não havia nenhum cartão, como da última vez, com aquelas rosas brancas. Mas como antes, eu sabia que era dele. Eu sempre sabia.
Minhas colegas começaram a murmurar sobre como as flores eram lindas e como elas queriam poder ganhar um buquê assim como o meu. Não consegui parar de sorrir, mesmo me sentindo completamente tímida. Elas correram comigo até a entrada do palco, onde olhamos pela fresta da cortina para procurar por ele.
Uma delas o encontrou, mostrando pra mim. Ele estava realmente lá, sentado entre as suas irmãs, esperando pela minha apresentação. Meu coração disparou como um foguete, enquanto o sentimento mais colorido e intenso que eu já senti por alguém penetrou meu coração, me deixando sem fôlego.
Corri para o camarim, pedindo para o garoto esperar um minuto. Achei um papel e uma caneta no meio da bagunça das coisas das meninas, escrevendo um recado para Caleb. Meu coração estava na garganta quando entreguei o papel ao garoto e mostrei Caleb pra ele. O frio na minha barriga deixou minha ansiedade mil vezes maior, porque agora eu sabia que Caleb estaria me assistindo.
Abri um sorriso, imaginando a reação dele ao ler meu recado, pedindo para me encontrar nos bastidores no final da noite. Pela primeira vez desde que comecei no balé, estava mais ansiosa pro final da apresentação do que pra ela em si.
Continua...
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Todos os lances da conquista / Vol. 1
RomanceCaleb Carson é o rebatedor do time de beisebol da universidade e a promessa do esporte para a próxima temporada. Mas mesmo que o beisebol seja sua paixão e todos lhe digam para segui-lo, seu maior sonho é voltar para Aspen e trabalhar no escritório...