Capítulo 27: Sempre adorável.

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—Você não deveria estar feliz? —Adam indagou, empurrando a porta do café para entramos. Precisei balançar meus cabelos pra tirar os flocos de neve que haviam grudado neles, antes de entrar e lançar a ele um olhar confuso. —Você conseguiu o que queria. Com a Elisa, quero dizer.

—É, consegui. —Falei, mas minha voz não soou nem um pouco satisfeita com aquilo, porque eu não me sentia menos aliviado depois que sai da casa dela.

Nossa despedida foi esquisita e rápida, já que Elisa estava com medo de seus pais nos pegarem. Ela me levou até a porta dos fundos, murmurando um até mais envergonhado antes de fechar a porta na minha cara. Tudo bem, acho que eu tinha merecido essa, depois do clima estranho que ficou no ar quando quase a beijei. Mas eu tinha a sensação que o clima teria ficado mil vezes pior se eu a tivesse beijado de fato.

—Qual é o problema? —Adam questionou, empurrando de leve meu ombro, enquanto eu torcia os lábios em frustração, porque o problema é que eu não estava me sentindo nem um pouco satisfeito. Eu tinha conseguido o que queria, e ainda sim as coisas não estavam perfeitas. —Ok, eu meio que sabia que isso ia acontecer.

—O que ia acontecer? —Indaguei, olhando pra ele com as sobrancelhas erguidas, além do meu tom de voz ter saído meio afiado, de uma forma que o fez rir.

—Eu disse que essa garota ia ser um problema pra você. —Adam abriu um sorriso, como se aquilo não fosse uma coisa ruim, ou ele só estava satisfeito em tirar com a minha cara. —Eu estava certo no final das contas.

—Ela não é um problema pra mim.

—A partir do momento que você a quer e acha que não pode ter, então ela é um problema, sim. —Adam rebateu, me fazendo bufar e revirar os olhos, antes de desviar os olhos para o ruído desagradável de uma escada sendo arrastada.

O café estava praticamente vazio, então não foi difícil reconhecer a cachoeira de cabelos castanhos de Taylor, enquanto subia na escada para pendurar algumas luzes. O problema é que ela não era tão alta e a escada era muito baixa, o que a deixava com dificuldades de alcançar o lugar certo.

—Quer ajuda? —Adam indagou, segurando a escada antes que Taylor acabasse virando-a e se machucando ao cair no chão.

—Se não for incomodar, quero sim. Meu irmão idiota deveria fazer isso, mas ele tomou um chá de sumiço. —Taylor resmungou, começando a descer as escadas, antes de se virar e dar de cara com Adam, que estava bem atrás dela.

—Pensei que você tivesse dois irmãos. —Comentei, vendo-a dar uma boa olhada em Adam, porque ele era alto pra caramba, o que a fazia parecer super pequena perto dele.

—Eu tenho 5 irmãos, na verdade. —Taylor abriu um sorriso torto e olhou pra mim. —E aí, estagiário, conseguiu algum avanço?

—Sim, eu e a Elisa somos oficialmente amigos. —Afirmei, o que fez Taylor soltar uma risada descrente. —Você não botou nenhuma fé em mim, né?

—Você não expressa muita confiança no quesito mulheres. —Taylor deu de ombros, o que fez Adam explodir em uma gargalhada quando eu fiz uma careta, sentindo meu rosto esquentar ao ouvir aquelas palavras. Caramba, aquela garota sabia como atingir o ego de alguém.

—Bom ver que alguém compartilha da minha opinião. —Adam afirmou, abrindo um sorriso pra Taylor, enquanto eu lançava um olhar resignado na direção dele. —Eu sou o Adam.

—Eu sei quem você é. —Taylor abriu um sorrisinho e entregou as luzes pra ele, dando espaço para que Adam pudesse subir na escada. —Você joga basquete com o meu irmão.

—Jura? Quem? —Adam indagou, e eu me obriguei a me afastar quando percebi que estava começando a sobrar ali. Segui até o balcão, negando com a cabeça ao ver os dois mergulharem em uma conversa sobre basquete, que eu não estava interessado em participar.

Me sentei, esperando alguém aparecer pra eu poder pedir alguma coisa. Mas o café estava quase vazio, porque nem os atendentes estavam ali. Puxei meu celular, torcendo os lábios quando vi que Elisa finalmente tinha me seguido de volta. Ela tinha postado uma foto de Merlin dormindo em cima do coelho.

—Deseja pedir algum coisa? —Um rapaz passou pela porta, trazendo uma bandeja cheia de copos vazios, lançando um olhar demorado na direção de Taylor e Adam.

—Namorada? —Indaguei, vendo-o fazer uma cara que eu podia jurar que era de nojo, assim que se virou pra me encarar. —Tudo bem, já vi que não é.

Ele riu, balançando a cabeça negativamente. Me lembrava de já tê-lo visto no centro de patinação, junto com a equipe de hóquei. E o cara tinha porte de jogador de hóquei, porque eu podia ver os músculos de longe, além da altura, mesmo que ele parecesse ser bem mais novo do que eu, com os cabelos pretos e a expressão cautelosa.

—Ela é minha irmã, cara. —Ele soltou a bandeja no balcão, pegando o bloquinho para anotar meu pedido, enquanto eu erguia as sobrancelhas ao ouvir aquela afirmação. —E da última vez que alguém tentou dar em cima dela, não deu muito certo.

Eu ia gostar muito de ver o Adam levar um balde de gelo na cabeça. Isso ia fazer eu me sentir muito melhor, depois da piadinha que os dois fizeram e riram as minhas custas. Olhei para o rapaz na minha frente, lembrando de um pequeno detalhe, de quando encontrei Elisa e Taylor na arena de patinação.

—Ei, você é amigo da Elisa, não é? —Questionei, abrindo um sorriso quando a reação surpresa dele deixou claro que eu estava certo. —Outro dia ela bateu no meu quarto no alojamento sem querer, mas acho que estava procurando você.

—Sério? —Ele riu, inclinando a cabeça para trás com um brilho de diversão nos olhos, como se eu tivesse lhe contado algo muito interessante. —Então é por isso que ela estava toda estranha, como se tivesse feito alguma coisa errada. E estava tão vermelha que eu jurei que ela ia passar mal.

—Sempre adorável. —Sussurrei, mas vi pela expressão dele que ele tinha me ouvido, porque sorriu e ergueu uma das sobrancelhas pra mim. —Sou o Caleb.

—Luca. —Ele acenou com a cabeça na minha direção, torcendo os lábios em uma expressão divertida. —Então você é o cara que mandou flores pra ela, não é?

—Ele mandou flores pra quem?

Me virei assim que escutei a pergunta, ficando rígido assim que dei de cara com a estrela do basquete, que Elisa fez questão de ir abraçar na festa aquele dia.

Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora