Capítulo 35: Você sumiu no final de semana.

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A garotinha de 2 anos estava dormindo no meu colo. Os cabelos loiros eram quase uma cópia dos cabelos de Florence. Uma versão criança dela, assim como Blake e Nancy, brincando no quarto ao lado. Tinha as chantageado prometendo chocolate, se as duas brincassem apenas no quarto e não fizessem bagunça. Tinha funcionado, apesar de eu achar que Kyle me mataria se soubesse.

—Oi. —Hannah entrou no quarto, caminhando até o tapete onde eu estava sentado. Comprimi meus lábios quando ela se sentou ao meu lado, me observando colocar alguns fios de cabelo loiro atrás da orelha de Eloise. —Sabe que estamos só brincando com você, não é? Não estamos tentando ser um bando de babacas.

—Eu sei. —Soltei uma risada baixa, antes de erguer a cabeça para olhar para Hannah. —Mas você está se aproveitando disso pra se vingar de todas as vezes que eu te incomodei.

—Claro. Não posso ameaçar a Elisa com um taco de beisebol, porque ela não tem culpa de você estragar todos os meus possíveis encontros. —Hannah afirmou, me fazendo torcer os lábios e lançar a ela um olhar afiado, que a fez bufar em resignação. —Eu sei o que você está pensando, não precisa falar.

—Eu não estou tentando te impedir de ter um namorado. Mas, cara, você tem um dedo podre terrível. —Exclamei, o que fez Hannah soltar uma gargalhada, antes de levar a mão a boca para conter o som, com medo de acordar Eloise. Mas ela parecia estar num sono pesado, porque nem se moveu. —Eu não estou falando disso com vocês, porque simplesmente não tem o que falar. Eu nem sei o que fazer em relação a ela. Ou melhor, eu sei, mas...

—Esquece o pai dela, Caleb. —Hannah revirou os olhos, como se eu estivesse sendo dramático demais. Mas nada era tão simples quanto eles imaginavam. —Elisa não é uma criança, sabe? Ela pode decidir por si mesma e você também. No final do ano você nem vai mais estar trabalhando pra ele. E o irmão dela já conhece nossa família.

—Só porque ele conhece a nossa família, não significa que ele vá gostar de me ver com a irmã dele. Ainda sou mais velho e ela tem só 18 anos. —Afirmei, porque Nicholas estava lá naquela festa. Ele sabe que já conheço sua irmã. Sabe que estávamos juntos naquela festa, mesmo que eu tenha o ligado.

—Como eu disse, ela não é uma criança. —Hannah me deu um tapa no ombro, como se eu estivesse sendo um idiota. Eu tinha certeza que sim, mas era difícil pensar direito quando Elisa estava dentro da minha cabeça. —Para de pensar demais, Caleb, e comece a agir. —Hannah abriu um sorrisinho pra mim, que me fez engolir em seco. —Antes que o irmão da Taylor chegue na sua frente.

Ergui a mão e mostrei o dedo do meio pra minha irmã, fechando a cara quando ela começou a rir. Ela podia estar tentando me ajudar, mas óbvio que não ia perder a oportunidade de tirar com a minha cara sempre que póssivel.

Nova York

Ergui o taco de beisebol, antes de lança-lo para a frente quando a bola veio na minha direção. A atingi em cheio, vendo-a voar para o outro lado do campo, onde um dos meus colegas de time a pegou. Escorei o taco no meu ombro, rangendo os dentes quando vi o treinador caminhando a passos largos na minha direção, com uma expressão pouco feliz.

—Carson, eu não sei o que está acontecendo com você hoje. —Ele parou na minha frente, torcendo os lábios em reprovação, enquanto eu respirava fundo para não responde-lo com algo super idiota ou ofensivo, que o faria me chutar do tim. —Mas resolva isso. Quero meu rebatedor de volta.

Ele levou o apito na boca e apitou, gesticulando para que todo mundo caísse fora do campo. Caminhei até onde estava minhas coisas, odiando aquela manhã mais do que qualquer outra. Não estava conseguindo me concentrar, o que fez com que eu errasse várias vezes. Estava nervoso com o que eu ia fazer no estágio hoje, dando ouvidos a Peter. Se eu estivesse certo, isso só faria Reynolds me odiar mais ainda.

Sai do campo de beisebol direto para o prédio onde Hazel estava tendo aula. Combinamos de almoçar todos juntos hoje, já que nem sempre conseguíamos tempo livre pra isso. Não demorei a chegar lá, já que era super perto de onde eu treinava. Fui direto até o auditório, onde a encontrei em cima do palco, treinando algumas falas com outra garota.

Olhei ao redor, percebendo que havia algumas pessoas sentadas nas cadeiras, observando o que o pessoal do teatro fazia. Meus olhos não demoraram a encontrar uma pessoa que chamou minha atenção. Mesmo parcialmente escuro e longe, eu poderia a reconhecer em um segundo.

Abri um sorriso, me levantando e caminhando sorrateiramente até me sentar em uma das cadeiras atrás dela. Ela estava focada em Hazel e na outra garota lá em cima, que nem notou quando me aproximei. E nem quando me inclinei pra frente, até minha respiração tocar sua nuca, o que a fez estremecer.

—Pensando em participar de uma peça? —Indaguei, abrindo um sorriso quando aqueles olhos verdes encontram os meus e Elisa abriu um sorriso automático. Algo faiscou no meu peito, quando os olhos dela chegaram a brilhar, como se ela estivesse realmente feliz em me ver.

—Você sumiu no final de semana. —Sussurrou, com um tom de voz que soava quase como uma pergunta e uma acusação ao mesmo tempo. Sabia que tinha acontecido uma festa na noite de sexta e na de sábado. Tinha visto as fotos e imaginava que Elisa tinha ido. Mas nunca passou pela minha cabeça que ela notaria que eu não tinha ido.

—A gente costuma viajar pra Aspen nos finais de semana. Não todos, mas a maioria. —Afirmei, escorando meus braços no encosto da cadeira onde Elisa estava sentada, enquanto aproximava meu rosto dela, vendo-a engolir em seco, claramente ansiosa. —Sentiu minha falta, princesa?

—Na verdade, eu senti sim. —Sussurrou, com as bochechas ficando vermelhas, mesmo que houvesse um brilho de coragem nos olhos dela.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora