Capítulo 66: Quer um autógrafo?

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Tinha acordado primeiro que Elisa, antes de cair no sono de novo, observando ela dormir. Pra falar a verdade, tinha acordado várias vezes durante a noite, com a sensação de que deveria ver se ela estava bem. Ela estava, porque passou a noite grudada em mim como se eu fosse desaparecer em algum momento da noite.

Mas quando acordei de novo, no meio da manhã, encontrei Elisa observando pela janela, a neve que caia lá fora. Ainda estava um pouco longe pro inverno acabar. Mas a neve sempre era minha parte favorita, assim como o dourado do outono. Elisa olhou pra mim quando me mexi, abrindo um sorrisinho constrangido.

—O que você aprontou enquanto eu estava dormindo? —Questionei, vendo-a soltar uma risada e negar com a cabeça, enquanto eu me ajeitava ao lado dela na cama.

—Por que acha que eu aprontei alguma coisa? —Indagou, me fazendo morder o lábio para não soltar uma risada, porque ela estava agindo de um jeito muito disfarçado, como se tivesse realmente aprontado alguma coisa. —Só estava pensando em uma coisa, mas ainda não tenho certeza se deveria te mostrar.

—Você está falando isso só pra me deixar curioso? —Questionei, me sentando na cama quando ela se sentou também, com as bochechas começando a ficar vermelhas. —Porque se for, vai funcionar muito bem.

—Não quero te deixar curioso, só estou tomando coragem. —Elisa deu de ombros, antes de se inclinar e pegar uma caixa que estava embaixo da cama. Era uma caixa pequena, mas Elisa estava a segurando como se sua vida dependesse disso. —Percebi que não faz sentido eu não mostrar, quando você já sabe de tudo mesmo. Eu não pretendo me desfazer dela, então você vai acabar vendo uma hora ou outra.

—São os meus pôsteres que você rabiscou todo como se eu fosse um diabinho? —Questionei, mas Elisa soltou uma risada nervosa, antes de desviar os olhos quando me estendeu a caixa.

—Não é bem isso, mas algo parecido. Sei que não vai rir de mim, ao mesmo tempo que vamos fazer piadas disso no futuro. —Elisa me encarou de novo, com uma expressão tímida e ao mesmo tempo confiante. Aquele sentimento dentro de mim pareceu se agitar, como se me lembrasse tudo que ela significava pra mim. —Acho que precisamos de algo pra aliviar o clima, depois de ontem. Ainda temos que ir na delegacia, então...

—Você está bem? —Questionei, deixando a caixa no meu colo e estendendo a mão pra segurar a dela. —Quer conversar sobre isso?

—Estou bem, só ainda não acredito que isso realmente aconteceu. Tipo, agora estou me perguntando constantemente quando isso começou e imagino que meus pais também. —Elisa abaixou os olhos para nossas mãos juntas. —Eu o conhecia a minha vida toda. Mesmo que não convivesse com ele, ele fazia visitas aos meus pais as vezes. Me trazia presentes legais e... —Ela hesitou, umedecendo os lábios com a língua como se estivesse ansiosa. —Sei que ele nunca tentou ou fez alguma coisa até ontem, porque ele jamais ficou sozinho comigo quando eu era criança. Mas será que naquela época ele já me olhava?

Puxei ela pra mim, a abraçando apertado, porque conseguia ver o quanto aqueles pensamentos estavam a machucando. Beijei sua testa várias vezes, sem saber o que dizer pra melhorar aquilo. A verdade é que não tínhamos como saber quando tudo isso começou. Toda vez que eu pensava nisso, eu o odiava ainda mais, porque sabia que Luc e Karen nunca iam parar de se sentirem culpados.

Fico feliz por Nicholas ter percebido o mesmo que eu, bem antes de mim. Ontem ele me contou que depois da nossa conversa achou melhor falar com Karen sobre tudo isso. No final das contas, foi a melhor coisa que ele poderia ter feito, porque Karen ficou tão assustada com a possibilidade que lá estavam os dois, escondidos no closet de Elisa, vendo com os próprios olhos ele tentar fazer alguma coisa com ela.

—Olha, está tudo bem. Vamos deixar isso pra lá. —Elisa afirmou, se afastando de mim e indicando a caixa no meu colo, abrindo um sorriso exultante. —Abre, quero muito ver qual vai ser sua reação.

Soltei uma risada com a onda de animação que invadiu ela quando apontou para a caixa. A ajeitei sobre meu colo, antes de puxar a tampa para abri-la. De primeira, fiquei imóvel ao ver o que tinha dentro dela, sentindo os olhos de Elisa sobre mim, como se quisesse ver todas as minhas reações.

Enfiei a mão ali dentro e peguei a bola de beisebol, girando-a na minha mão, enquanto abria um sorriso ao lembrar do que ela significava. Então peguei o diário ali dentro, soltando uma risada quando encontrei minha camisa xadrez embaixo dela. Virei o rosto e olhei para Elisa, vendo-a tombar a cabeça de lado com uma expressão inocente.

—Eu a lavei esses dias, porque ela estava cheirando a coisa guardada. —Afirmou, pegando ela mesmo a camisa dali de dentro e a abrindo, antes de levar até o nariz e a cheirar. —Uma pena, porque ela perdeu todo o seu cheiro. Mas agora eu tenho o cheiro original, então acho que posso dar um jeito nisso.

—Você tem o cheiro original? —Soltei uma risada, antes de negar com a cabeça quando Elisa deu de ombros, como se aquilo não fosse nada. Me inclinei e roubei m beijo dela, antes de encarar a agenda nas minhas mãos. —O que é isso?

Elisa não respondeu e eu vi aquilo como um indício de que eu mesmo deveria descobrir o que era. Abri o diário, começando a folhea-la lentamente, observando os recortes e as fotos que estavam colocadas ali. Notícias minhas do jornal da escola. Fotos dos jogos de beisebol que eu tinha participado. Informações sobre mim e a minha família.

—A Elisa de 15 anos fez um bom trabalho aqui. —Falei, fazendo Elisa soltar uma risada e abaixar a cabeça, parecendo sem graça. Continuei folheando as páginas, sorrindo com coisa que eu nem me lembrava da minha vida, mas que Elisa tinha ali. —Sabe, pode fazer uma dessa aqui atualizada.

—Atualizada? —Elisa franziu a testa, deixando claro que não tinha entendido, mesmo que na minha cabeça fizesse muito sentido. Abri um sorriso, encarando os olhos dela, vendo que Elisa estava se segurando para não desviar do meu olhar, porque estava mesmo com vergonha.

—É, atualizada. Com fotos e coisas sobre nós dois. Coisas que vamos fazer juntos. Fotos que ainda vamos tirar. —Afirmei, vendo a compreensão iluminar aqueles olhos verdes, antes de Elisa abrir um sorriso enorme. Ergui a mão e deslizei pela bochecha dela, antes de me inclinar e a beijar, escutando o som do meu coração martelando no meu peito, ao mesmo tempo que eu pensava em outra coisa. —Quer um autógrafo do seu jogador favorito?

—Você é muito metido. —Elisa resmungou, mas se levantou para pegar uma caneta, o que me arrancou uma risada. Quando ela voltou e me entregou, encarei o diário, apertando a caneta com força. Olhei para Elisa, vendo-a ansiosa para ver o que eu ia escrever ali. —O que foi? Desistiu de me dar um autógrafo?

Balancei a cabeça negativamente, encarando as páginas ali, antes de pegar a caneta e começar a escrever. Elisa tentou inclinar a cabeça para ver o que eu fazia, mas não deixei até ter terminado, estendendo o diário pra ela ver. Seus olhos correram pelas palavras ali, enquanto seu rosto ficava pintado de vermelho e seus olhos enormes e brilhantes.

Para a bailarina mais linda de todas.
Eu amo você.
Caleb Carson.



Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora